O zagueiro Danilo, do Flamengo, demonstrou apoio a Tite, seu ex-comandante na Seleção Brasileira, após a notícia de que o técnico recusou assumir o Corinthians por motivos relacionados à saúde mental. Para o defensor, o episódio serve de alerta e reforça a necessidade urgente de debater o tema com mais seriedade dentro do futebol, principalmente nas divisões de base.
— Não falei com o Tite, não. Mas queria mandar meu abraço para ele, meu carinho. Sempre foi um cara incrível na Seleção Brasileira, comigo especificamente sempre teve uma relação muito carinhosa, com muito respeito e de muito aprendizado da minha parte. Ao mesmo tempo sempre escutou, deu abertura para ouvir as opiniões daquilo que eu acredito como futebol. Espero que ele se sinta melhor o quanto antes — disse o zagueiro em entrevista coletiva no Ninho do Urubu.
Tite havia avançado nas conversas com o clube paulista, mas, na última terça-feira, comunicou oficialmente sua decisão de não assumir o cargo. O treinador revelou ter sofrido uma crise de ansiedade na noite anterior e, por entender que não estava em plenas condições emocionais, optou por interromper a carreira por tempo indeterminado.
— É um tema muito sensível e que às vezes não damos o valor necessário. Eu, há mais ou menos três ou quatro anos, passei por um episódio dessa maneira. Também sofri com crise de ansiedade em momentos de dificuldade psicológica. Não é nada agradável de sentir e mais difícil ainda de passar. Penso que isso pode ser uma oportunidade para olharmos o esporte de alto rendimento de uma maneira diferente. Acredito que nós, atletas, principalmente os de maior poder financeiro, ou de uma voz de alcance maior, temos condições de buscar ajuda por nós mesmos. Ou uma consciência de entender que precisamos de ajuda na maioria das vezes. Podemos buscar profissionais e estruturas que possam nos ajudar — analisou Danilo.
Danilo, que já passou por momentos parecidos durante sua passagem pelo Real Madrid, ressaltou a importância de dar visibilidade à saúde mental de atletas e profissionais do esporte, não apenas nas grandes equipes, mas também nos clubes menores e nas categorias de formação. Para o zagueiro, falar sobre o tema abertamente é um passo essencial para quebrar tabus e oferecer suporte real a quem precisa.
— Mas que a gente possa ter uma consciência das camadas da raiz do problema: nas categorias de base, nos clubes de menor condição financeira ou visibilidade. Tentar desenvolver um trabalho onde a gente valorize o ser humano primeiramente, antes do atleta de futebol. Até porque o atleta de futebol só vai existir e performar na potência se ele estiver bem e equilibrado. Isso é um problema que não afeta só o futebol, mas afeta nossa sociedade, que é extremamente ansiosa e preocupada. E que a gente possa servir como alerta para encontrar mecanismos para dar voz e visibilidade às histórias boas, dar suporte para as pessoas estarem bem e minimamente confortáveis. É um assunto longo e acredito que precisa de muito tempo para debate — concluiu.