Danilo diz que tática é importante, mas que individualidade fará diferença em Flamengo x Bayern

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- O individual conta muito. Em uma partida equilibrada, a gente tem como prioridade cada um não perder os seus duelos. Quando alguém individualmente está em um dia mais inspirado, consegue vencer os seus duelos e isso cria muitos desequilíbrios na partida. E é aí que se decide o jogo. A gente fala muito de sistemas, espaço... Realmente, o futebol evoluiu muito e para melhor. Mas o futebol é o resumo do que acontece nas duas áreas. Na área que defende, que é para não sofrer gols, e na área de lá, que você define o jogo e faz gol. Para isso, tem peso a individualidade de cada jogador. O sistema tático é uma coisa inspiracional para poder, no final das contas, destacar o individual de cada um. Eu espero que a gente possa individualmente estar inspirado, pois será necessário - disse o zagueiro em entrevista coletiva nesta sexta-feira, nos Estados Unidos.

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Além do Flamengo, os outros três clubes do Brasil que participam do torneio conseguiram vaga nas oitavas de final - Botafogo, Fluminense e Palmeiras. Danilo, que jogou por 12 anos na Europa e passou por grandes clubes - Porto, Real Madrid, Manchester City e Juventus -, exaltou o futebol brasileiro e pediu mais oportunidades de os times do país mostrarem sua força frente aos europeus:

- Os times brasileiros estão indo muito bem. Acho que as pessoas do Brasil estão muito orgulhosas do futebol que temos visto nessas últimas semanas. Os resultados são porque os times brasileiros são muito bons, eles têm jogadores e técnicos muito bons. O único problema é que não temos oportunidades de enfrentar os times europeus. Assim que temos, mostramos nossas qualidades, nosso melhor futebol. Acho que é bom o mundo inteiro estar assistindo a esses jogos, e espero que em um futuro breve possamos ter mais duelos como esse, porque as pessoas estão gostando.

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Na passagem pela Europa, Danilo jogou ao lado de Filipe Luís, hoje técnico do Flamengo, e Vincent Kompany, atual comandante do Bayern de Munique. O zagueiro exaltou o trabalho dos dois:

- É um pouco preocupante, eu vou jogar e os dois treinadores foram meus companheiros (risos), então quer dizer que eu estou me aproximando desse passo. Acho maravilho clubes históricos como Flamengo e Bayern terem treinadores tão jovens, apaixonados pelo esporte e estudiosos. É disso que o futebol precisa. Eles vêm demonstrando que estão no caminho certo e fazem por merecer toda essa confiança.

- O Vincent foi meu capitão no Manchester City, um cara extremamente inteligente, cérebro e muito competitivo. Muitas vezes cortava a veia central dele e ele ficava muito nervoso, porque ele é muito competitivo, passou por toda a reformulação do Manchester City e foi um grande representante do Manchester City vencedor. Um duelo interessante de dois treinadores da nova geração, que têm um futuro brilhante pela frente. Espero que o Filipe Luís saia mais feliz, o Kompany terá outras oportunidades de estar feliz como treinador.

Bruno Henrique disse que Bayern é muito melhor do que o Chelsea. Concorda?

- Não acredito que o Bayern seja um time muito melhor do que o Chelsea. Vou discordar um pouquinho do Bruno (Henrique). Mas acredito que o Bayern tem alguns jogadores com pouco mais de experiência. O Chelsea é uma equipe muito muscular, muito reativa e que nos levou a estar em um nível físico muito importante durante o jogo. O Bayern tem alguns jogadores que conseguem cadenciar mais o jogo e tentam ter um controle de bola um pouco maior, o que nos vai exigir um tipo de abordagem diferente e também mentalidade. O que não significa que a gente vai precisar estar no nosso melhor nível possível, mais ainda do que no dia do Chelsea, por ser uma eliminatória. O Bayern está acostumado a jogar esse tipo de partida e acredito que eles também estão olhando com preocupação para aquilo que tem aqui no Flamengo. Quem errar menos e quem estiver concentrado por mais tempo vai ter mais chances de passar.

Confronto com Harry Kane

- Falar sobre um duelo individual é difícil. Acredito muito no trabalho de equipe, no sistema defensivo inteiro, para poder fazer um grande jogo, principalmente nesse tipo de enfrentamento. Muito difícil falar de enfrentamento individual sem contar com as coberturas, com a pressão dos homens da frente. Falar só de um jogador também é difícil, o Bayern tem jogadores como Leroy Sané, que foi meu companheiro no Manchester City e tem certa experiência, mas também tem uma juventude aflorada, é muito rápido, imprevisível. Eu vi que o Musiala também vai estar à disposição, é um jogador que vem demonstrando ser diferente dos iguais. O Flamengo, como sistema defensivo, vai precisar estar em um dia importante para passar.

Parte física - velocidade

- Tem muitas lances que, com uma leitura ou antecipação, você evita de ter que fazer um sprint e uma mudança de direção muito rápida. Acredito mais na leitura, obviamente não dá para controlar todos os momentos e às vezes é necessário ter uma mudança de direção rápida. Para enfrentar um time desse nível é necessário estar fisicamente o mais preparado, seja na parte da velocidade, da força, é necessário saltar alto e estar no seu melhor. O Bayern é um time da primeira prateleira dos clubes do futebol mundial.

Algum número que você possa passar com relação a esse sprint?

- Os dados têm que pedir para o Flamengo. A velocidade, o sprint final, sempre foi uma das minhas características ao longo da minha carreira. Há um ano atrás, na Juventus, eu bati 37,1 km/h. Agora, não sei (risos). Para jogar nesse nível é necessário ter perna e velocidade, além de técnica apurada.

Invencibilidade pelo Flamengo

- Vou pensando jogo a jogo. Contra o Bayern, acredito que é um jogo 50/50, cada um tem metade de chances de vencer e levar a eliminatória. Vou torcer e trabalhar para que essa invencibilidade continue, porque essa marca individual também representa o sucesso do Flamengo.

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Chaveamento

- É um problema para o Danilo de mais para a frente, porque o Bayern já é um problema bastante importante já no domingo. Isso reflete muito a vida. Certamente, já trocamos essa ideia entre a gente sobre se passar, tem esse e aquele time. É como tudo na vida, muitas vezes nos preocupamos com o que vem adiante, com os problemas futuros que nem sabemos como vão chegar e nos esquecemos de botar o foco e desfrutar o que está acontecendo agora. Uma partida bonita e história para o Flamengo e para o futebol brasileiro. É aproveitar esse momento e demonstrar as máximas qualidades, porque o futuro é incerto.

Clima quente favorece o Flamengo?

- É um fator importante desde que a gente esteja no nosso máximo nos outros pontos do jogo. Não adianta nada ter um calor, a gente falar aqui que o jogador brasileiro está mais adaptado a isso, se a gente não estiver tecnicamente pronto, taticamente concentrado, firme em cada duelo. Pode ser importante desde que a gente esteja em um nível bom nos outros fatores também.

Importância do jogo contra o Chelsea

- Antes do jogo contra o Chelsea, eu disse no vestiário que a história é feita de vários acontecimentos ao longo dos anos. A história não é feita em um dia. Mas falei também que existem momentos específicos que mudam o rumo da história e que aquele jogo contra o Chelsea era um momento específico que poderia ser um marco importante para subir um degrau na história desse grupo. Foi ima virada importante, mas falei depois que o que ia determinar a importância daquele jogo era o que a gente fizesse dali para a frente, se a gente conseguisse manter a mentalidade. Técnica e taticamente, eu acredito que essa equipe tem um nível de maturidade importante, e o que pode oscilar é o comportamento que temos em cada partida e isso depende de nós. Manter o mesmo nível de comportamento independentemente do adversário.

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Encontro com ex-companheiros de Juventus

- Foi muito especial essa visita, tanto para mim quanto para o Alex Sandro, estivemos muitos anos na Juventus e construímos uma história importante lá de respeito e admiração. O Flamengo é um clube mundialmente conhecido. Antes de eu vir, meus companheiros certamente sabiam o que significava o Flamengo para o futebol mundial e a América do Sul. Mas acredito que ainda existe um certo distanciamento e ficaria satisfeito se houvesse maneiras, e a Copa do Mundo de Clubes é uma delas, de conseguir expandir ainda mais a marca do futebol brasileiro. Nosso campeonato é um produto muito bacana que podemos tentar vender melhor e fazer nosso futebol ser melhor visto além da seleção brasileira.

Trajetória de Kompany como técnico

- Por parte do Vincent, é uma demonstração de muita coragem. Fiquei muito surpreso quando vi o Burnley jogar sob o comando dele. Já enfrentei o Burnley várias vezes, e era um time muito chato. Todos os jogadores ficavam atras da linha da bola. Jogavam por uma bola, por uma bola parada, por contra-ataque. E o Vincent pegou o time, e passaram a jogar futebol. Vi uma partida que o Vitinho, lateral do Botafogo, jogou externamente bem. Ele se encaixou muito bem naquele esquema. Só que ele demonstrou a diferença de jogar a segunda divisão e a primeira. Foi para a primeira, onde o time jogava muito bem, com mais posse de bola que a maioria dos adversários. Porém, na hora de definir as jogadas, faltava alguém com um calibre maior para definir as jogadas. Mas, mesmo assim, ele conseguiu o prêmio de ser o treinador do Bayern de Munique.

- O Filipe Luís também é um técnico muito convicto em suas ideias. Nesse tipo de nível, você nunca vai ter o controle total das ações. É necessário ter uma equipe que consiga se adaptar. E que se sinta confortável nos momentos com a bola e sem a bola. Aquele que souber melhor a se adaptar aos momentos do jogo, que não fica confortável, tem grande chance de passar a eliminatória. Dentro de um jogo existem várias fases. Vão ter 10 minutos que você vai estar mais com a posse de bola. Outros 10 que o time vai pressionar. E em outros momentos vai ficar mais aberto, com contra-ataques. Então como falei, a capacidade de adaptação dos treinadores e dos jogadores vai ditar muito o ritmo desse confronto.

Chances do Flamengo

- As minhas falas antes do Chelsea, eu repito elas agora: eu acredito que vai ser um jogo extremamente difícil. O Bayern é um dos maiores colossos do futebol mundial. Eu quando jogava pelo Real Madrid, Manchester City, Juventus, sempre que ia enfrentar o Bayern, era sempre a mesma reação: "Puts, pegamos o Bayern de Munique". Entretanto, também repito o que falei antes do Chelsea, que temos ferramentas suficiente para jogar o jogo de igual para igual e passar a eliminatória. Se vai acontecer a vitória ou não, a gente não consegue prever. Mas eu acredito muito, porque a gente faz um trabalho importante, de convicção, para enfrentar qualquer tipo de adversário. Obviamente o futebol tem várias variantes, é difícil prever. A vitória contra o Chelsea te dá um gás a mais. Entretanto, com todo o respeito ao Bayern, temos ferramentas suficientes para passar.

Importância do Mundial de Clubes

- O Mundial de Clubes tem sido muito importante para o futebol brasileiro e sul-americano, de certa forma, conseguir provar sua capacidade, e para nós mesmos. Que nós temos um produto muito importante nas mãos e que a gente pode fazer com que isso gire o mundo numa maneira muito mais valorizada. Algumas coisas que estão sendo faladas são importantes de destacar. Temperatura. Muitas vezes, os campos secos. Isso dificulta de alguma maneira o jogo para os europeus. Mas eu considero isso uma vantagem para os times sul-americanos e brasileiros. Que é a capacidade de adaptação. E se a gente conseguir que isso chegue à Europa, isso pode ser um fator importante de desenvolvimento para o futebol de lá. Também existem coisas como essa capacidade de adaptação aos diferentes terrenos e ambientes, que a gente pode levar para lá.

Torcida

- Muitas vezes a gente não fala sobre a torcida do Flamengo, porque a torcida do Flamengo é uma coisa concreta. Vai estar sempre ali. Um dos piores cenários do clube e talvez em um dos melhores cenários, a torcida merece desfrutar desse momento. Obviamente, não é para todo mundo. Aqueles que estão nos estádios, estiverem fora, mandando energias positivas e juntos numa corrente importante para que possamos passar a eliminatória.

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