Da timidez ao protagonismo: veja números e análise da passagem de Arrascaeta pelo Cruzeiro

Terceira maior contratação da história do futebol brasileiro em valores corrigidos pela inflação, Arrascaeta chega ao Flamengo bem diferente daquele jogador que se apresentou ao Cruzeiro em janeiro de 2015. Em suas quatro temporadas em Belo Horizonte, o uruguaio evoluiu a cada ano e mostrou que pode ser o jogador regular e decisivo tão desejado pelos rubro-negros.

Com a camisa cruzeirense, Arrascaeta ganhou três títulos (duas Copas do Brasil e um Mineiro) e balançou a rede adversária 50 vezes. Desse total, 34 gols saíram quando o time mineiro empatava ou perdia por um gol de diferença, evidenciando que o meia aparece em momentos cruciais dos jogos .

Nesses instantes, ele também é capaz de deixar companheiros na cara do goleiro adversário. Das 37 assistências do uruguaio pelo Cruzeiro, 26 ocorreram quando a equipe estava empatando ou perdendo por um gol.

Números de Arrascaeta com a camisa do Cruzeiro — Foto: Infoesporte

Números de Arrascaeta com a camisa do Cruzeiro — Foto: Infoesporte

Participativo, Arrascaeta sofreu 166 faltas em 90 jogos nos Brasileiros que disputou desde 2015, provocando 25 amarelos e um vermelho em adversários e proporcionando a chance de o time aproveitar a bola parada.

No Flamengo, o uruguaio pode preencher a lacuna deixada por Lucas Paquetá, uma vez que ambos são finalizadores natos. Em 90 partidas em Brasileiros, Arrascaeta finalizou 193 vezes, 85 delas na direção do gol adversário.

Arrascaeta deixa o Cruzeiro com 50 gols em 188 jogos — Foto: Leonardo Benassatto/Reuters

Arrascaeta deixa o Cruzeiro com 50 gols em 188 jogos — Foto: Leonardo Benassatto/Reuters

Começo de altos e baixos

Arrascaeta chamou a atenção de vários clubes do Brasil durante a Libertadores de 2014, quando o Defensor foi semifinalista. Ao fim daquele ano, o Cruzeiro venceu a concorrência e contratou por R$ 12 milhões o meia franzino que chegou a Belo Horizonte com o peso de substituir Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart.

No início, o uruguaio sentiu a cobrança, não conseguindo ser regular como esperado. O jogador ainda teve de ganhar massa muscular e condicionamento, pois tinha dificuldade de se manter em campo nos 90 minutos. Em alguns jogos, chegou a ser escalado como segundo atacante.

Arrascaeta no início de sua passagem no Cruzeiro — Foto: Douglas Magno/ Agência Estado

Arrascaeta no início de sua passagem no Cruzeiro — Foto: Douglas Magno/ Agência Estado

Nas duas primeiras temporadas, Arrascaeta ainda conviveu com a inconstância do Cruzeiro, que sofreu com as constantes mudanças de treinador - foram cinco até a chegada definitiva de Mano, em julho de 2016. Apesar disso, o uruguaio já mostrou que poderia crescer. Com a chegada do atual técnico no segundo semestre, o time ficou mais encorpado, com Rafael Sobis e Ramón Ábila, e o uruguaio produziu mais. Afinal, 2016 foi o ano em que entrou em campo mais vezes: foram 53 jogos, com 14 gols e 17 assistências. Ele foi o maior artilheiro e o maior garçom do Cruzeiro no Brasileirão daquele ano , com nove bolas na rede e nove passes para gol.

Novo companheiro e primeira demonstração

Em 2017, Giorgian ganhou Thiago Neves como companheiro e teve de se adaptar à mudança de estilo de jogo. A grande discussão era se os dois poderiam atuar juntos. Em muitos momentos, o técnico Mano Menezes mostrou que ainda não confiava plenamente nessa possibilidade, deixando o uruguaio no banco.

Thiago Neves foi o importante para o crescimento de Arrascaeta — Foto: Washington Alves/Light Press

Thiago Neves foi o importante para o crescimento de Arrascaeta — Foto: Washington Alves/Light Press

Demoraram a se encaixar, mas conseguiram, com Arrascaeta caindo mais pela esquerda , posição que seria a chave para ele se destacar . O Flamengo começou a ver o potencial do jogador na final da Copa do Brasil, quando ele entrou no segundo tempo e marcou o gol do empate, no Maracanã.

Ano mágico

Mas 2018 foi o ano que marcou mesmo Arrascaeta no Cruzeiro. No começo do ano, após o Cruzeiro ter descartado uma proposta do Orlando City pelo uruguaio, o meia recebeu um aumento salarial. Decisivo na final do Campeonato Mineiro ao fazer um gol na final contra o Atlético-MG (ele sempre foi decisivo nos clássicos), passou a ser presença constante nas convocações de Óscar Tabárez, na seleção uruguaia. No Mineirão, fez ainda um gol de voleio contra o América-MG, lance que valeu uma indicação ao Prêmio Puskás .

Assim, no meio do ano, foi premiado com sua primeira Copa do Mundo. O receio cruzeirense, na época, já era perder o uruguaio para o futebol do exterior. Clubes do Velho Continente realizaram sondagens, mas nenhum chegou aos números pretendidos pelo Cruzeiro. No último jogo antes de se apresentar, quando marcou um gol na vitória por 2 a 0 sobre o Sport, Mano Menezes detalhou sua evolução.

- Ele veio quando era um menino, e ainda é. Ele tem apenas 23 anos. Ele não tinha o condicionamento atlético que os outros jogadores tinham. Foi ganhando massa muscular, força física, e hoje você vê ele ganhando disputa de bolas importantes. São coisas importantes para um jogador que tem talento acima da média e hoje já se torna para a gente um jogador completo.

Arrascaeta com a camisa do Uruguai na Copa do Mundo da Rússia — Foto: gettyimages

Arrascaeta com a camisa do Uruguai na Copa do Mundo da Rússia — Foto: gettyimages

A Copa do Mundo não foi como se esperava. Começou como titular, mas depois perdeu a posição. Na volta, Arrascaeta ainda marcou gols importantes pelo Cruzeiro, entre eles no confronto com o Flamengo pela Libertadores e na final da Copa do Brasil diante do Corinthians.

Ele se tornou o estrangeiro com mais jogos e mais gols na história do clube mineiro (50 em 188 partidas). Além disso, é o artilheiro do novo Mineirão , com 30 gols. Deixou a temporada dizendo que só deixaria o Cruzeiro para ir à Europa. Mas a mudança foi para mais perto, até o Rio de Janeiro.

Fonte: Globo Esporte