Da ascensão relâmpago à busca por mais títulos no Flamengo: "Um ano da maior loucura da vida", diz Filipe Luís

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O amistoso contra o São Paulo, neste domingo, às 15h (17h de Brasília), nos Estados Unidos, marca a estreia do time principal do Flamengo em 2025. É a primeira vez que Fillipe Luís começa uma temporada como treinador da equipe profissional. Há um ano, no dia 18 de janeiro de 2024, ele era oficializado como técnico do sub-17.

A ascensão na carreira de treinador foi relâmpago. Em junho, ele assumiu o time sub-20 e, menos de três meses depois, estava no profissional. Caminho que desenhou tempos antes, ainda quando era jogador. Tanto que recusou convite para ser coordenador técnico da CBF. Não queria nenhuma barreira no percurso até o cargo de técnico.

— Eu não sou muito de comemorar datas, mas faz um ano da maior loucura da minha vida, que foi dar esse passo como treinador do sub-17. Mas tinha as convicções muito claras do que eu queria, de plano de carreira, e o clube me abriu as portas, me deu toda a tranquilidade para poder trabalhar. O sub-17 era um grupo muito especial, fui muito feliz com eles, talvez o grupo que eu mais tenha carinho desde a minha curta carreira porque foi o meu primeiro impacto nessa nova trajetória. Mas estou muito feliz por como vem tudo acontecendo e espero poder evoluir cada vez mais, aprender cada vez mais para poder ser cada dia o melhor treinador — disse Filipe, em entrevista à FlaTV, e completou:

— Os jogadores eu já conhecia, eu joguei com a maioria deles. Acho que só são cinco jogadores que eu não joguei junto. Então isso me dá uma certa facilidade no trato, porque eu conheço muito esse vestiário, e eles compraram muito a ideia, então sabem perfeitamente como eu vejo o futebol, o que eu quero, o que eu espero deles. A cobrança é legítima lá no campo, depois, fora do campo eu tenho uma relação de carinho com eles, como um ex-companheiro que eu fui, mas sempre colocando a equipe acima de tudo fica muito mais fácil trabalhar. E tanto eu como eles, a gente sempre coloca, sabe que não tem ninguém mais importante do que a equipe.

Filipe Luís, Léo Ortiz e João Victor antes do treino do Flamengo — Foto: Divulgação / Flamengo

Filipe Luís decidiu bem antes da aposentaria como atleta que queria ser treinador. Tanto que tem anotado todos os treinos dos técnicos com quem trabalhou e os quais ele considera referências. A história é compartilhada por quem conviveu com o comandante rubro-negro nos últimos anos.

- Quando eu saí, nós jogávamos juntos, mas ele já era como treinador. Ele falava, se dedicava, já percebia que ele estudava. Na época ele falava direto: "Eu tenho todos os treinos de alguns treinadores, mas só os que eu gosto". Ele já estava se preparando, já tinha um "feeling" de treinador. Espero que ele possa cada dia mais experimentar coisas novas, possa nos capacitar, preparar as estratégias de jogo para os adversários, que nunca serão os mesmos - disse o atacante Michael em entrevista coletiva nos EUA.

Até o fim de 2023, Fili - que é como os jogadores o chamam - era atleta do Flamengo e dividia o vestiário com muitos dos que ainda estão no clube. A convivência e a amizade se mantêm, mas agora Filipe é o chefe. As cenas da pré-temporada apontam que a virada de chave não foi problema. Já tinha o respeito dos colegas e manteve. O conhecimento que ele apresenta sobre todas as fases do campo facilita.

Filipe Luís dá autógrafos a torcedores do Flamengo nos EUA — Foto: Emanuelle Ribeiro

Ex-lateral-esquerdo, Filipe Luís é um especialista na posição e conhece bem a fase defensiva, mas se preparou e estudou os demais setores. Explica a cada um dos jogadores o que espera deles no campo. Individualiza o tratamento até no idioma. Como jogou muitos anos na Espanha, Fili é fluente em espanhol e varia os idiomas nas orientações - o Flamengo tem oito jogadores de língua espanhola.

- Comunicação é boa. Ele jogou muito tempo na Espanha e é fácil para ele falar espanhol. É mais fácil compreender as duas línguas quem está mais tempo no Brasil, mas falar espanhol com Alcaraz e Plata que chegaram é importante. Esse momento de adaptação da língua. É bom para eles sentirem mais confiança no campo e eles darem o que o Filipe quer - afirmou o goleiro Rossi em Gainesville.

A Espanha, inclusive, foi um dos destinos do treinador nas últimas férias. Visitou instalações e encontrou amigos que fez no futebol. Hábito que mantém desde os tempos de jogador: buscar conhecimento e se manter atualizado sobre o que está sendo feito em outros lugares.

O estudo é uma das marcas do Filipe treinador. Nos Estados Unidos, ele se reuniu diariamente com sua comissão técnica no hotel do Flamengo fora dos horários dos treinos para abordar o planejamento. Após as atividades, costumava voltar caminhando do centro de treinamentos já debatendo com sua equipe o que acabaram de ver no campo.

Outro ponto marcante da pré-temporada foi a energia de Filipe em alguns treinos. Ele orienta ao mesmo tempo que participa dos treinamentos. Marca, corre e se posiciona perto da bola para acompanhar de perto os movimentos dos seus comandados.

Filipe Luís, técnico do Flamengo, em pré-temporada nos EUA — Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

A “vontade de ganhar” é certamente a característica mais citada pelos jogadores nesta pré-temporada quando perguntados sobre Filipe Luís. Em seu primeiro ano como treinador, já conquistou três títulos: a Copa Rio SUb-17, o Intercontinental Sub-20 e a Copa do Brasil no profissional. Em 2025, o treinador terá mais seis em disputa: o Flamengo jogará Campeonato Carioca, Supercopa do Brasil, Brasileirão, Copa do Brasil, Libertadores e Mundial de Clubes.

Fili quer buscar as taças junto com a torcida - um dos objetivos do técnico é aproximar ainda mais os rubro-negros do clube. Após o treino aberto ao público em Gainesville, ele passou pelo corredor de torcedores e tentou atender ao máximo de pessoas. "Ideia é estarmos cada vez perto deles", comentou Filipe enquanto distribuía autógrafos.

O primeiro teste servirá como preparação para o que vem pela frente. Flamengo e São Paulo se enfrentam no Chase Stadium, casa do Inter Miami, neste domingo. A tendência é que os torcedores do Flamengo vejam mais de um time em campo, com muitos dos jogadores que vieram para os EUA sendo utilizados, já que não há limite de substituições na partida.

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Fonte: Globo Esporte