Coutinho sai do banco para honrar maior virtude deste Vasco

Se tem uma coisa que o vascaíno não pode reclamar é de espírito de luta e poder de superação. É óbvio que a reação do time na temporada não tem a ver só com isso. Há mais organização e melhora técnica. Diante do Flamengo, no entanto, a fama de não se entregar jamais falou alto. Foi buscar um empate em duelo que poderia ter sido liquidado pelo rubro-negro anteriormente.

Além de um pouco mais de inteligência depois de abrir o placar, faltou ao Flamengo aquilo que não terá por alguns meses. Um atacante com o faro de gol de Pedro. O rubro-negro produziu chances para construir um placar tranquilo, mas esbarrou na falta de pontaria de algumas peças. De positivo, a criatividade da equipe e as excelentes estreias de Alex Sandro e Plata.

Escalações

Tite promoveu os retornos de Varela e Erick Pulgar ao time titular. Wesley e Evertton Araujo saíram. Sem Ayrton Lucas e com Arrascaeta preservado - o uruguaio começou no banco -, Alex Sandro e Plata estrearam. Rafael Paiva seguiu sem poder contar com João Victor. Maicon e Léo foram mantidos na dupla de zaga. Jean David foi titular a partir do lado direito do ataque. Rayan acabou sacado.

Como Flamengo e Vasco iniciaram o Clássico dos Milhões, partida válida pela 26ª rodada do Brasileirão 2024 — Foto: Rodrigo Coutinho

O jogo

O Vasco bem que tentou se impor nos primeiros minutos, mas o domínio da 1ª etapa esteve nos pés do Flamengo. O rubro-negro justificou a sua maior qualidade técnica e mostrou repertório tático para empurrar o arquirrival contra a meta de Léo Jardim. Chegou muito perto de marcar em pelo menos duas ocasiões, sem contar as boas combinações de um time móvel e envolvente.

Certamente a escalação de Tite, somada ao ímpeto e a liberdade de movimentação a meias, atacantes e laterais, ajuda a explicar o cenário. O Flamengo tinha leveza e capacidade física para pressionar a saída do Vasco. Forçava erros ou ligações diretas. Controlava a posse, assustava, e pouco sofria em seu sistema defensivo.

Luiz Araújo, Plata e Gérson se mexiam constantemente. Partiam dos posicionamentos descritos no campinho acima, mas trocavam de setor, abriam faixas de campo para apoios agressivos de Alex Sandro e Varela. O lateral estreante parecia já fazer parte do elenco há tempos, tamanha a desenvoltura. O uruguaio fez um cruzamento perfeito para Pulgar desperdiçar uma grande chance.

Arrascaeta substituiu o lesionado Luiz Araújo antes dos 20 minutos, mas o cenário manteve-se. O meia acrescentou ainda mais qualidade em ótimas associações com Gérson pela faixa central. Flutuou do meio para os lados em algumas jogadas, fugindo de Hugo Moura e dando continuidade aos ataques rubro-negros. Faltou mais poder de decisão ao Mais Querido. Produziu para uma vitória parcial.

Plata dá toquinho na bola em Flamengo x Vasco — Foto: André Durão

O Cruzmaltino teve pouca coisa positiva no 1º tempo. A atitude individual de Paulo Henrique, Maicon, Hugo Moura e David foi uma delas. O lateral conseguiu sair de algumas pressões rubro-negras ao conduzir a bola pela direita. Foi agressivo. Maicon bloqueou finalizações e cortou cruzamentos que poderiam ter acabado em gol. Hugo Moura ganhou duelos no meio-campo e marcou firme.

David acabou sendo a melhor ferramenta para o Vasco superar as ''pressões altas'' do Flamengo. Seja acionado em profundidade ou recebendo de costas para Varela antes de vencer duelos físicos com o lateral. Muito pouco, porém, para de fato assustar os mandantes. O rubro-negro fez boas transições defensivas também, além de ter inibido os cruzamentos para Vegetti.

Nas tentativas de boa longa do Vasco, o centroavante argentino teve poucas vitórias nos duelos contra Fabricio Bruno e Léo Pereira. Quando Vegetti controlava a bola, não havia muitos movimentos de aproximação para reter a posse no campo adversário. Payet e Jean David não conseguiram ações de destaque.

Gerson em ação em Flamengo x Vasco — Foto: André Durão

A situação não se alterou tanto na 2ª etapa. O Vasco até conseguiu aumentar um pouco sua taxa de posse de bola no campo de ataque, fruto de uma natural queda física do Flamengo para fazer pressões pós-perda ou subir a marcação com tanta frequência, mas o perigo seguia sendo produzido pelo clube da Gávea.

Em 20 minutos foram quatro boas chegadas. Duas bolas na trave. Plata e Alex Sandro se entendendo muito bem pelo lado esquerdo. Gérson flutuando elegantemente pelo campo a partir do lado direito. Tite tentou mais presença de área com Carlinhos no lugar de Bruno Henrique. Wesley também entrou para dar agressividade maior ao lado direito e não demorou a participar do gol rubro-negro.

O lateral recebeu de Léo Ortiz e viu bem a infiltração de Arrascaeta entre os zagueiros. O uruguaio, com a calma dos grandes craques, esperou o momento certo para servir Gérson, o melhor em campo. Rafael Paiva sacou Payet para a entrada de Philippe Coutinho. David, que caiu de produção na 2ª etapa, foi substituído por Emerson Rodriguez. Rayan também entrou na vaga de Jean David.

Payet em ação no Flamengo x Vasco no Maracanã — Foto: André Durão

O Vasco ganhou mais agressividade pelos flancos com a nova dupla de pontas e se aproveitou de alguns lances de preciosismo do Flamengo para roubar bolas e encaixar contragolpes. Em um deles, Rayan e Emerson Rodriguez fizeram ótima jogada antes de Puma Rodriguez receber na área e bater cruzado para Coutinho marcar de cabeça.

Com o empate cedido, o Flamengo ficou a oito pontos de distância do líder do Botafogo. Mesmo com um jogo a menos, vai vendo suas chances de brigar pelo título se reduzindo. Já o Vasco torcerá contra o Internacional nesta segunda-feira para se manter na oitava posição.

Fonte: Globo Esporte