Coutinho: Final em detalhes - Os segredos dos pênaltis de Fla e Palmeiras

Há nove anos a Taça Libertadores não é decidida nos pênaltis, mas o equilíbrio entre Flamengo e Palmeiras é grande, e a definição de mais uma conquista continental desta forma não pode ser descartada. Seria a 12ª vez na história da competição que isso aconteceria. Nos últimos três dias você acompanhou aqui como rubro-negros e palestrinos atacam, defendem, e se comportam nas bolas paradas. Agora vamos entender o que pode acontecer nas penalidades.

Flamengo

É difícil iniciar qualquer análise de penalidades máximas nesta final sem citar Gabriel Barbosa. O atacante do Flamengo é o principal jogador do país neste aspecto, não desperdiça um pênalti desde março de 2020, quando bateu no travessão em uma vitória do rubro-negro sobre o Botafogo. Ele certamente estará entre os cobradores no caso da partida ser resolvida desta forma.

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Os pênaltis cobrados por Gabigol
Imagem: Rodrigo Coutinho

Gabigol tem um estilo todo peculiar. Vai pra bola com passada lenta, olhando fixamente os movimentos do goleiro e só define o canto quando o arqueiro esboça um lado para cair. Sua frieza neste momento lhe permite isso, mas quando o arqueiro não indica o lado um pouco antes, ele tem a batida de segurança no canto esquerdo do goleiro, quase sempre rasteira e sem tanta força, com a parte interna do pé.

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Os pênaltis de Arrascaeta
Imagem: Rodrigo Coutinho

Outro jogador rubro-negro com precisão absurda nos pênaltis é De Arrascaeta. Converteu as cinco últimas cobranças, seja pelo Flamengo ou pelo Uruguai, e varia muito o lado e a forma de bater na bola. Não dá muito tempo para o goleiro pensar. Acelera a corrida até a pelota e finaliza com firmeza.

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Desempenho de David Luiz nas penalidades máximas
Imagem: Rodrigo Coutinho

David Luiz e Andreas Pereira, recém-chegados ao clube, bateram poucos pênaltis na carreira, mas mostram ótimo aproveitamento. David só errou um, e o meio-campista está invicto. É muito provável que sejam escolhidos. Ambos têm perfil independente da movimentação do goleiro. Correm para a bola com o canto definido e batem com pressão.

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Cobranças de pênalti de Andreas Pereira
Imagem: Rodrigo Coutinho

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As últimas cobranças de Pedro
Imagem: Rodrigo Coutinho

Pedro também pode entrar em campo e ser relacionado para este momento. Assim como Bruno Henrique, outro possível batedor, tenta esperar a movimentação do goleiro para definir um canto, mas os dois não possuem a mesma frieza de Gabigol, e acabam definindo um canto antes de se aproximarem da bola. O centroavante é mais preciso que o ponta.

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Os pênaltis de Bruno Henrique
Imagem: Rodrigo Coutinho
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Os pênaltis batidos por Vitinho
Imagem: Rodrigo Coutinho

Vitinho é mais uma opção! Busca bater seus pênaltis com a parte interna do pé, colocando efeito, força, e buscando os ângulos. É capaz de marcar golaços desta forma ou isolar, como fez diante do São Paulo no Brasileirão 2020, e nas quartas de final da Copa do Brasil de 2019, contra o Athlético.

Palmeiras

Se o Flamengo tem especialistas natos nas cobranças de pênaltis como Gabigol e Arrascaeta, o Palmeiras não fica atrás. Raphael Veiga, batedor oficial do time, está há mais tempo que o camisa 9 rubro-negro sem perder uma cobrança. Isso aconteceu em julho de 2018, quando ainda atuava pelo Athletico. Desde então, sua precisão é de 100%, e sempre com variações interessantes.

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As últimas batidas de Raphael Veiga
Imagem: Rodrigo Coutinho

Alterna entre bater na bola com o peito do pé ou de ''chapa''. Forte e fraco. Em cantos variados ou no meio. Corre para a bola decidido e não espera a definição do goleiro. Gustavo Scarpa não varia tanto o jeito de bater na pelota, sempre com a parte interna do pé, mas alterna bastante o lado escolhido. É mais um que não aguarda a movimentação do goleiro.

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As batidas de Gustavo Scarpa
Imagem: Rodrigo Coutinho

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As cobranças de Gustavo Gómez
Imagem: Rodrigo Coutinho

Gustavo Gómez e Dudu vêm logo atrás na hierarquia de pênaltis palmeirenses. O zagueiro paraguaio também sempre ''chapa'' a bola rasteira, alternando os cantos. Já o atacante varia o comportamento. Pode esperar o goleiro se mexer ou nem olhar para o arqueiro rival. Bate com pressão na bola, quase sempre no canto baixo esquerdo do oponente.

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Os últimos pênaltis cobrados por Dudu
Imagem: Rodrigo Coutinho

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As últimas cobranças de Rony
Imagem: Rodrigo Coutinho

Rony seria um possível quinto batedor. Este já tem um perfil mais dependente do goleiro. Acelera a corrida no início, e depois reduz o ritmo dos passos quando se aproxima da bola para olhar o arqueiro. Se ele não se mexe, busca a batida ''aberta'', de chapa, no canto esquerdo, como opção de segurança.

Dois jogadores que são reservas surgem como possíveis opções. Na realidade, três, mas a fase de Luiz Adriano é tão ruim, que é improvável que entre em campo. Perdeu a maior parte dos pênaltis que cobrou recentemente também. Já Willian mostra-se preciso. Dificilmente muda o lado da batida e mal olha para o goleiro enquanto corre para a bola. É uma opção confiável.

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As últimas batidas de Willian
Imagem: Rodrigo Coutinho

Patrick de Paula ganhou muito espaço depois do pênalti cobrado no Campeonato Paulista de 2020 contra o Corinthians . Impressionou a personalidade e a batida. Recentemente perdeu um contra o Atlético Mineiro e não faz boa temporada, fatores que podem pesar contra. Não deve, porém, ser descartaoa. Na base palmeirense era o batedor oficial do time sub-20.

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Os últimos pênaltis de Patrick de Paula
Imagem: Rodrigo Coutinho

Goleiros

A qualidade de Diego Alves e Weverton é inquestionável. Ambos se destacaram em diversos momentos ao longo das carreiras por pegarem pênaltis importantes, mas o momento do rubro-negro é bem superior neste quesito. Eles têm métodos idênticos para frear os cobradores. Esperam até o último momento para definir o lado, e fazem isso mediante o posicionamento do pé de apoio do cobrador.

Tentam acertar o canto baseados na direção em que o pé de apoio se fixa no chão na hora da batida, tanto que só se mexem após o adversário abaixar a cabeça para bater na bola. Em raros casos aguardam a pelota sair do pé rival para tentar pegar. Logicamente estudam de forma ampla o comportamento de cada um dos adversários, e isso define a atitude na hora do penal.

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Como Diego Alves e Weverton renderam nos últimos pênaltis
Imagem: Rodrigo Coutinho

Diego se mexe mais em cima da linha com passadas laterais. Tem o costume de provocar os cobradores e agita os braços indicando um lado para induzir o adversário. Já Weverton gosta de ficar dentro do gol e só se posiciona na linha segundos antes da cobrança. É mais introspectivo. A leitura do lado da batida tem sido mais precisa por parte do rubro-negro, assim como o tempo de reação. Weverton anda pecando nos dois pontos.

Nada impede que novos comportamentos surjam em jogadores de linha e goleiros caso a decisão vá para os pênaltis neste sábado. O estudo apresentado aqui é feito de forma bem mais extensa e detalhada dentro dos clubes, e novas estratégias são criadas, mas os padrões até aqui são exatamente esses.

Imagem: Rodrigo Coutinho

Fonte: Uol