O Corinthians fechou o primeiro semestre de 2018 com receitas brutas de R$ 237,6 milhões . O valor já representa mais de 60% do faturamento total registrado no último ano, R$ 391,2 milhões, mas com uma diferença importante: inclui valores que não chegam a entrar, de fato, nos cofres do clube.

Desde a inauguração da Arena, em 2014, todas as rendas de bilheteria do Corinthians foram destinadas ao fundo responsável pelo pagamento do financiamento da construção do estádio. A receita, então, deixou de aparecer nos demonstrativos financeiros do clube, mas voltou em 2018.

Nos balancetes referentes aos últimos meses de maio e junho, o departamento financeiro corintiano retomou a indicação da receita de “arrecadações de jogos” na demonstração das finanças, aumentando o faturamento bruto em R$ 31,6 milhões no fechamento do primeiro semestre.

Os próprios documentos, contudo, confirmam que o dinheiro não ficou para o clube. Nas despesas, o gasto descrito apenas como “Futebol” teve salto que acompanha exatamente essa inclusão das receitas de bilheteria.

Até abril, por exemplo, sem arrecadação de jogos no balancete, a despesa de “Futebol” foi de apenas R$ 2,4 milhões. Em maio, com a demonstração de R$ 29,1 milhões com bilheteria, a mesma fonte de gasto subiu para justamente pouco mais de R$ 31 milhões – em junho, o “reflexo” foi similar, R$ 31,6 milhões a mais nas receitas e R$ 34,8 milhões saindo das contas.

Em entrevista ao ESPN.com.br no início do ano, ainda como candidato , o hoje presidente corintiano, Andrés Sanchez, havia citado a falta da contabilização das receitas de bilheteria como principal fator para justificar o fato de o clube ter sido superado por Flamengo e Palmeiras em faturamento.

“Se você colocar a receita da Arena (Corinthians), se não fosse esse modelo de negócio, nós seríamos o time que mais teria faturado no ano. O Palmeiras está pondo parte da receita da arena (Allianz Parque), o Flamengo está pondo a receita da Ilha do Urubu lá”, disse ele, sobre as contas de 2017.

Acontece que nem mesmo a inclusão das rendas da Arena fez o Corinthians ter as maiores receitas de 2018 até aqui, como previa Andrés. Tanto Palmeiras, quanto Flamengo registraram faturamento bruto superior ao do rival, respectivamente com R$ 370 milhões e R$ 270 milhões, nesse período.

Isso ainda porque as bilheterias deram vantagem de mais de R$ 10 milhões para o Corinthians, com receita alvinegra de R$ 31,6 milhões contra R$ 20,1 milhões do Flamengo. Já com o Palmeiras, a comparação detalhada não é possível, pois o clube, ao contrário dos adversários, não publicou seu balancete de junho – o Conselho de Orientação e Fiscalização (COF) alviverde não aprovou as contas.

Em 2017, sem as receitas de bilheteria no balanço, o Corinthians fechou o ano com a quarta maior receita bruta do futebol brasileiro , com R$ 391,2 milhões. O valor foi menor que os de Flamengo (R$ 648,7 milhões), Palmeiras (R$ 503,7 milhões) e São Paulo (R$ 480,1 milhões).

Segundo o demonstrativo alvinegro do último ano, a arrecadação bruta com jogos foi de R$ 63,7 milhões, mas o valor não apareceu entre as receitas e sim em meio às despesas com a Arena – o balanço do fundo, por sua vez, indica o valor líquido recebido em 2017, R$ 56,59 milhões.

Déficit – Como o dinheiro de bilheteria não fica nos cofres alvinegros, a receita demonstrada no balancete não teve qualquer impacto no resultado final do período. Nos seis primeiros meses de 2018, o Corinthians fechou com as contas no vermelho , com déficit de R$ 14,6 milhões.