Corinthians e Flamengo encerram neste domingo (20), às 16h (de Brasília), a busca por uma vaga na final da Copa do Brasil . A relação entre as duas diretorias, porém, pode ter sofrido danos difíceis de serem revertidos.

Se antes existia um certo companheirismo entre os dirigentes, agora, as trocas de farpas tomaram conta do cenário das duas diretorias, principalmente nas últimas semanas.

A relação amistosa entre os clubes começou justamente na posse de Augusto Melo como presidente corintiano. Na cerimônia, Marcos Braz, vice de futebol rubro-negro, esteve presente.

“Marcos Braz veio gentilmente representando o Flamengo e o presidente Landim, como vieram o presidente do Bahia e outros presidentes. Eu acho que o futebol tem que ter essa integração, essa harmonia, assim como eu fui na posse do presidente Marcelo Teixeira", afirmou Augusto na época.

Ainda no mês de janeiro, Fabinho Soldado, então gerente de futebol do Flamengo, deixou seu cargo para se tornar executivo de futebol no Corinthians. Presidente rubro-negro, Rodolfo Landim não poupou elogios ao dirigente na época.

“Fabinho já vem trabalhando conosco há muitos anos na área de scout, foi sendo promovido, fruto do excelente trabalho que ele vem produzindo, até ocupar o cargo de gerente de futebol. Recebeu uma proposta, é da vida, a gente fica triste por não contar mais com ele, mas feliz pela ascensão profissional que ele vem tendo. É uma pessoa que todos nós gostamos muito”, afirmou.

Com a ida para o Corinthians, Fabinho costurou a negociação que levaria Matheuzinho ao clube. Na época, o Timão tinha um acordo costurado por empréstimo com o Rubro-Negro, o jogador já treinava com o elenco, mas a negociação voltou atrás. O atleta foi devolvido e só depois contratado em definitivo.

Apesar da polêmica, a história ficou pior com a torcida corintiana, já que a relação entre os dois clubes permaneceu boa. Um sinal disso foi, meses depois, o clube paulista fechar o empréstimo por Hugo Souza de forma rápida.

Foi a partir desse momento, porém, que os primeiros ruídos começaram a surgir. No início de setembro, o clube carioca acionou garantia que possuía por conta do atraso de 30 dias da parcela do pagamento pela compra do lateral-direito.

Além disso, a diretoria flamenguista ficou na bronca por conta da polêmica envolvendo bolas murchas no duelo entre os times pelo Brasileirão . Bruno Spindel ironizou em entrevista coletiva no início de outubro o fato.

"Que se meça a pressão das bolas em Itaquera. Que todas as bolas estejam com as pressões direitinhas", disparou, ganhando a companhia de Braz na fala.

"Aproveitar a pressão das bolas calibradas... A pressão que tem que tomar conta no Corinthians", acrescentou.

A troca de farpas ocorreu durante as reclamações corintianas por conta da alteração das datas dos jogos de volta da Copa do Brasil , antes marcados para 17 de agosto, para o dia 20.

"Lamentável o que vem acontecendo. Hoje, domingo, dia de um grande jogo para nós, fomos surpreendidos com essa mudança de data. Não fomos consultados antes. Porque o mando de jogo é nosso, então seríamos nós que deveríamos tentar e não fizemos. O Corinthians foi desrespeitado”, declarou Augusto Melo.

“Queria entender qual o motivo da mudança da Copa do Brasil de quarta-feira para o domingo. Da antecipação do domingo para quinta-feira do jogo do Campeonato Brasileiro, o qual é muito importante para o Corinthians. Nos dê uma justificativa dessa mudança. O Corinthians jamais quer ser beneficiado, mas jamais vai aceitar que alguém seja beneficiado”, seguiu.

Dias depois (no mesmo momento em que trouxeram a polêmica das bolas murchas), Braz e Spindel rebateram as declarações .

"Acho que a decisão (de mudar as datas) é uma decisão da CBF. Decisão da CBF em muitos outros momentos não foram benéficas para o Flamengo, Flamengo entendeu e jogou. Perdeu e ganhou. Esse momento a CBF fez o óbvio, o plausível, o razoável", iniciou Braz.

"É dizer para o Corinthians que essa competição é da CBF, ela quem marca os jogos e o calendário. Ela botar na competição dela que possa tirar sete, oito jogadores de um time, seja lá qual for o time, acho que não é o razoável nem pelo equilíbrio da competição", seguiu.

"O presidente lá [Augusto Melo] tem torcida, imprensa que cobre o clube, tem blogueiros, tem mídia alternativa que faz pressão enorme... Ele está fazendo o jogo dele. Ele sabe que não vai adiantar nada. O jogo (de volta da Copa do Brasil) vai ser no dia que foi determinado, como várias vezes o Flamengo reclamou e não adiantou", acrescentou.

"Quando o Corinthians toma essa atitude, isso extrapola e muito para a data do jogo da volta, ela passa por pressão na arbitragem, com um monte de conversa fiada de que o Flamengo é beneficiado, vem uma arbitragem pressionada com benefício. Flamengo tem que ficar atento... Para que não venha outros objetivos...", complementou.

Na última semana, o Corinthians ainda viu o Flamengo recusar proposta pela compra de Hugo Souza por conta das garantias oferecidas pelo Timão. O clube paulista ofereceu 800 mil euros (R$ 4,9 milhões) por 50% dos direitos do atleta. No entanto, os cariocas recusaram o contrato do Corinthians com a empresa Brax, que comercializa placas de ambos os clubes, como garantia para o negócio. A alegação foi que tal contrato foi comprometido.

Vale lembrar que parcelas da compra do lateral-direito Matheuzinho, que também teve a Brax como garantia, estão atrasadas. Com a resposta negativa, o Timão terá que, novamente, pagar multa de R$ 500 mil ao Fla para usar Hugo Souza. No jogo de ida, a equipe atrasou em dois dias o pagamento.

Agora, dentro de campo, um novo capítulo desta trama está sendo montado. O Flamengo possui vantagem do empate, mas o Corinthians tentará, junto de sua torcida, a virada e classificação para a decisão.

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