Embora tenha declarado apoio e presumido a inocência de Bruno Henrique na investigação da Polícia Federal e do Ministério Público, o Flamengo pode rescindir o contrato do jogador em caso de punição.
O contrato de Bruno Henrique, válido até o fim de 2027, prevê ruptura sem multa se for comprovado que o jogador agiu deliberadamente para favorecer apostas esportivas.
O novo vínculo prevê salário acima de R$ 1 milhão e custa cerca de R$ 70 milhões para o clube, incluindo ainda direitos de imagem e luvas, além de uma comissão aos empresários do atleta.
O atacante renovou contrato com o Flamengo em janeiro de 2024, poucos meses após ter sido punido com os cartões que estão no centro da investigação. O clube só tomou conhecimento em agosto.
A partida em questão foi disputada em 1º de novembro do ano passado, pela 31ª rodada do Brasileirão, e terminou com vitória do Santos por 2 a 1 sobre os cariocas, de virada, no Mané Garrincha.
De acordo com a investigação do MP, Bruno Henrique teria agido de maneira deliberada para receber um cartão com o objetivo de beneficiar familiares em apostas esportivas. O atacante foi expulso já nos acréscimos do segundo tempo após reclamar com o árbitro de maneira veemente.
Agentes da Polícia Federal foram até a casa do jogador e ao CT do Flamengo. No endereço onde mora Bruno Henrique, recolheram um celular e um computador. No clube, não levaram nada.
Como surgiu a investigação
A Confederação Brasileira de Futebol (CBFrecebeu a acusação por meio da área de monitoramento, após análise do lance e confirmação de que havia fundamento para formalizar a denúncia. Em seguida, o caso foi encaminhado para autoridades esportivas e públicas, como o Ministério Público e a Polícia Federal. A CBF não realiza a identificação dos fatos; essa responsabilidade cabe às empresas contratadas para o monitoramento.
A investigação teve início após uma comunicação da Unidade de Integridade da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Relatórios da International Betting Integrity Association (IBIA) e da Sportradar, responsáveis por análise de risco, indicaram suspeitas de manipulação no mercado de cartões durante uma partida do Campeonato Brasileiro.
Ciente que o jogador receberia ao menos um cartão, seu irmão, cunhada e prima criaram contas em casas de apostas online na véspera da partida e realizaram palpites. No decorrer da investigação, dados das casas de apostas, fornecidos por representantes legais da Secretaria de Prêmios de Apostas do Ministério da Fazenda (SPA/MF), mostraram que as apostas foram realizadas por familiares do jogador, além de outro grupo que ainda está sob investigação. Durante o jogo, o atleta de fato recebeu um cartão, configurando, em tese, crime contra a incerteza do resultado esportivo, tipificado na Lei Geral do Esporte, com pena de dois a seis anos de reclusão.