Por maioria de votos (602 a favor e 33 contra - quatro abstenções), o Conselho Deliberativo do Flamengo autorizou na noite desta segunda-feira o clube a participar do leilão para compra do terreno do Gasômetro, onde pretende erguer seu estádio para pelo menos 70 mil pessoas. A área tem 86.592,30 metros quadrados.
Após a aprovação por quase unanimidade de votos, a maioria dos presentes comemorou muito. O presidente Rodolfo Landim pulou e cantou o hino abraçado a apoiadores.
O leilão público do Gasômetro, localizado na Av. São Cristóvão, nº 1.200, será realizado na próxima quarta-feira, às 14h30 (de Brasília) no auditório do Centro Administrativo São Sebastião (CASS), sede da Prefeitura do Rio de Janeiro.
O lance mínimo previsto é de R$ 138.195.000,00 e precisa ser à vista, de acordo com as normas do edital de leilão. Nesta segunda, a Justiça Federal negou cancelamento do leilão, o que havia sido pedido pela Caixa Econômica Federal, administradora do fundo proprietário do terreno.
A quatro meses da eleição na Gávea, o clima no clube foi de debate e tensões pré-eleitorais - durante o dia, houve manifestações de torcidas organizadas direcionadas contra um dos pré-candidatos, Luiz Eduardo Baptista, o BAP, chamado de "elitista" em faixa pendurada por opositores na sede do clube. Torcidas organizadas se reuniram na entrada do clube e cantaram "o estádio é nosso".
A reunião também teve medida peculiar, com recolhimento de celulares para entrar no ginásio de votação. Os conselheiros receberam um aparelho semelhante a uma calculadora com o qual conseguiam votar pelo "sim" ou "não" pela autorização da compra do terreno para o estádio.
Durante a reunião, o novo vice de patrimônio do Flamengo , Marcos Bodin, anunciou que a estimativa de inauguração do estádio está prevista para 15 de novembro de 2029, quando o clube completará 134 anos.
Antes do início da votação, Rodolfo Landim fez um discurso de 15 minutos defendendo a aprovação. Ele lembrou o esforço para conseguir ser concessionário provisório do Maracanã em "trabalho de convencimento" junto ao então governador Wilston Witzel, mas lembrou que o estádio sempre terá pontos inacessíveis para o Flamengo .
Citou as cinco mil cadeiras cativas existentes, a divisão de torcidas que diminui a capacidade do estádio e outras questões de desvantagem para o futuro estádio almejado pelo Flamengo .
- O Maracanã nunca será só nosso - disse Landim, apesar da concessão de 20 anos vencida ao lado do Fluminense e do que chamou de memória afetiva de torcedor com o antigo Maior do Mundo.
No futuro estádio, Landim aposta em receitas bem mais altas, a começar pela venda de naming rights. Ele disse que o terreno do Gasômetro se trata de oportunidade única.
- Nós reviramos essa cidade inteira. No aspecto de logística, de fluxo de pessoas, para representar a mudança de hábito do torcedor do Flamengo , aquele local é o único local para a gente. É uma oportunidade única - afirmou Landim, em discurso, antes de fazer apelo aos grupos políticos.
- Deixem de lado todas as questões pessoais, os grupos, estamos todos pensando no nosso Flamengo . É isso o que nos faz ficar aqui até 22h10 da noite nesse dia histórico. É um passo muito importante para a consolidação do Flamengo no futebol brasileiro. Todos nós teremos orgulho de dizer aos filhos, aos netos e bisnetos que nesse dia participamos dessa decisão.
Dentre os conselheiros que se inscreveram para falar durante a assembleia, os pré-candidatos à presidência do Flamengo Maurício Gomes de Mattos e Luiz Eduardo Baptista, o Bap, se manifestaram. Maurício foi muito aplaudido quando se disse a favor do estádio e contra a implementação da SAF para viabilizá-lo. Quando entrou no tema eleições, ouviu vaias.
Bap surpreendeu ao pedir a aprovação da participação do Flamengo no leilão pelo Gasômetro. Ao fazê-lo, disse que seu endosso acontecia para "desespero de seus detratores" e recebeu aplausos.
Durante a apresentação do parecer da Comissão de Finanças, a proposta foi encaminhada com condicionantes, mas recebeu aplausos por boa parte dos presentes. Já o trazido pela Comissão Jurídica deixou exposto que há risco jurídico em relação ao negócio. Isto porque a Caixa Econômica Federal deve seguir em busca de indenização e na luta pelo terreno.
O parecer da Comissão de Marketing foi apresentado sem quaisquer ressalvas, principalmente diante da gama de propriedades que se abre para o Flamengo explorar com a construção do estádio.
Ao encaminhar para aprovação, o presidente do Conselho Deliberativo, Antônio Alcides, alinhado com o presidente do Conselho de Adminstração, Luiz Eduardo Baptista, o BAP, que é pré-candidato à presidência, tentou acréscimo no texto de aprovação para solicitação que poderia travar a compra do terreno. Sugeria que a participação no leilão só seria possível sem reajuste orçamentário, mas não passou. O orçamento, pelo fato de o estádio ser evento extraordinário, será reajustado.
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