Confiante após retornar de lesão, Danilo valoriza tempo no Flamengo e garante: 'Acabou a adaptação'

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De volta a campo quase dois meses depois de lesão e um dos destaques do Flamengo no empate com a LDU, na última terça-feira, Danilo pode comemorar a estreia de fato pelo rubro-negro. Após atuar em cinco partidas no início da temporada, o jogador de 33 anos começa a engrenar sequência na Libertadores e no Brasileirão, com duas apresentações que animam para o resto da temporada.

O defensor retornou ao futebol brasileiro com a bagagem de 12 anos atuando na Europa, mas acabou tendo o contratempo de duas lesões musculares seguidas na posterior da coxa direita. Mesmo assim, os 53 dias longe dos gramados não abalaram. Inclusive, quando esteve em campo, o rubro-negro ainda não sofreu gols.

— Estou confiante. Como falo, toda crise é uma oportunidade. Para mim, individualmente, ficar fora durante esses dois meses... eu pude aproveitar para me reequilibrar muscularmente, trabalhar coisas, que, com a correria do dia a dia, de tantos jogos e viagens, a gente, às vezes, não consegue trabalhar. Como equilíbrio, potência, reatividade, coisas que são muito importantes no jogo e que muitas vezes, com tanto treino, com tanto jogo, a gente não consegue trabalhar ou ter um olhar específico para isso — disse Danilo, em coletiva nesta sexta-feira no Ninho do Urubu.

— Procurei utilizar esse tempo que eu tive mais aqui dentro justamente para isso, para que, quando eu voltasse, eu pudesse estar melhor preparado do que quando eu cheguei. Ainda que eu tenha chegado em um nível muito importante, mas todas as mudanças que aconteceram, em termos psicológicos, em termos de estrutura da minha vida, certamente, são coisas que demandam um certo tempo para poder adaptar. Mas já acabou esse tempo de adaptação — completou.

Anunciado no final de janeiro, Danilo está perto de completar três meses no Flamengo. Tendo passado a maior parte do tempo até agora no departamento médico, ele diz que o tempo foi bom para conhecer todas as estruturas do clube, e descartou que esteja sentindo alguma pressão a mais.

— Certamente, foram três meses intensos, onde eu vivi muita coisa que eu esperava, muita coisa que eu não esperava, mas tem sido uma experiência maravilhosa. Se eu quisesse viver sem pressão, com pouca pressão, eu não teria escolhido o Flamengo, certamente. O Flamengo tem que ser assim, tem que viver com pressão, tem que estar pressionado por resultado. Se o resultado não aparecer, tem que estar pressionado por jogar bem, tem que estar pressionado por não tomar gol, tem que estar pressionado por convencer sempre — revelou o defensor.

— Tive um momento de lesão onde eu pude passar muito tempo no clube também, aprender muitas dinâmicas internas, coisas simples como o nome de todos os funcionários, como os horários, coisas que me ajudaram muito nessa integração aqui dentro do clube. Foi até bastante tempo, não esperava que fosse tanto, então tomei isso como uma coisa positiva que me ajudasse. Para que eu colocasse em prática voltando a jogar. E agora espero ter uma sequência importante de jogos, de ajuda ao clube e à equipe dentro de campo, que é para isso que eu fui contratado — prosseguiu.

A equipe vive um desses momentos de pressão, por estar no terceiro lugar do grupo A da Libertadores após três rodadas, com Central Córdoba (Argentina) e LDU (Equador) à frente. Danilo admite a situação desconfortável do grupo, mas mostrou confiança na classificação em primeiro lugar.

— Situação completamente acessível para a gente, mas isso não quer dizer um tom de soberba ou de que a situação é tranquila. Uma situação onde a gente tem que trabalhar muito, se dedicar muito, mas que temos totais condições de conseguir a classificação. Se possível, em primeiro. O objetivo é passar em primeiro no grupo, porque isso dá moral, confiança, e faz ter confrontos talvez mais acessíveis. Mas acredito que é uma situação onde a gente tem total condição de reverter — admitiu. — Pode ter certeza que eu, particularmente, mandando essa mensagem em nome do nosso grupo: não tem ninguém satisfeito com essa posição na tabela. É uma situação que é desconfortável, certamente, mas nós estamos com o pensamento virado para que possamos terminar em primeiro.

Outros tópicos da coletiva:

- Eu poderia ser um pouquinho político, mas jogar na altitude é ruim para caramba. É muito ruim em termos de respiração, muito diferente. Se você sobe uma escada um pouquinho mais, fica tonto. Você não tem a lucidez que se costuma ter aqui embaixo, fisiologicamente é horrível, é uma coisa muito ruim. Se eu pudesse não jogar nunca mais na altitude, era o que eu queria. Depois, a velocidade da bola, sabe, é uma loucura. Faz um passe daqui até ali, parece que chutou para o gol, a bola vai muito rápido. Estou tentando falar em uma linguagem assim, talvez as pessoas entendam melhor, porque, às vezes, a gente vem aqui e fala de um jeito "meio gourmet". Então, é isso mesmo, você vai tocar daqui até ali e a bola sai com uma velocidade incrível. Fazer uma mudança de direção, fica tonto, não consegue entender bem o que está acontecendo. É um jogo muito diferente, muito difícil, precisaria de mais tempo para estar lá, de adaptação e tal, para você poder conseguir estar bem, lúcido, para jogar 100%. Mas dito isso, a gente também tem que ter feito não melhor, mas a gente poderia ter vencido o jogo. Que fique como aprendizado para nós enquanto grupo, enquanto equipe, que tinha condições de vencer. Quer dizer que não fizemos o nosso máximo? Não. Mas quer dizer que a gente tem um espaço de crescimento para poder vencer esse tipo de jogo, que é extremamente difícil.

- Eu não conversei com o Fiipe (Luís) sobre isso, com ninguém assim, a gente não falou isso internamente, mas, se ele resolver usar três zagueiros, quer dizer que vou jogar melhor ainda. Mas brincadeira à parte, eu acredito que o Flamengo tem zagueiros hoje de um nível muito importante. Para mim, tem sido muito bacana compartilhar momentos com os dois Léos (Ortiz e Pereira) e também com os meninos, Cleiton e João (Victor). Poder passar aquilo que eu aprendi e aquilo que eu tenho de entendimento de futebol e também poder aprender com eles, porque eu acredito que a juventude te dá uma coisa que os anos de estrada vão te tirando, que é talvez um pouco de empolgação, de senso de fazer as coisas sem pensar muito, sem essa extrema responsabilidade. Mas principalmente, falando do Léo Ortiz e do Léo Pereira, são dois jogadores que alcançaram um nível muito importante de futebol. Seja defensivamente, com consciência de espaço e controle da zaga, seja com a bola no pé, na construção das jogadas, a responsabilidade por construir e fazer com que a bola chegue de uma maneira limpa para o pessoal da frente. Então, acho que a briga aí é bacana e eu estou preparado para poder lutar com eles no dia a dia, mas eu tenho certeza que isso só engrandece o Flamengo, o elenco, o trabalho que vem sendo construído. São dois caras que eu tenho uma admiração grande.

— Se foi falado no início, eu não tinha chegado. Para mim, a prioridade é sempre o próximo jogo. Quando se fala em prioridade, quer dizer que vai dar mais energia, foco e atenção para alguma coisa e menos para outra. Como você vai dar menos foco, energia e atenção para a Libertadores? É impossível. Ainda que entremos com um time que pensem que jogador A ou B não é titular, a energia e o foco são gigantescos. Falar em prioridade é difícil de interpretar. Para mim, não mudou. Como você vai falar que o foco é o Corinthians, mas depois na quarta, na Copa do Brasil, não vai ter prioridade? Você vai chegar lá e não vai conseguir performar, vai ser difícil de vencer. Prioridade é o próximo jogo, não sei se aqui existe um pensamento macro, estou falando por mim e pelo que penso sobre futebol.

- Claro que faz diferença (Maracanã lotado). É o Maracanã e o torcedor do Flamengo. Se aquilo estiver cheio, eu já me arrepio todo quanto eu chego lá. É diferente, não tem como, é uma sensação diferente, única. Principalmente, o jogo contra o Corinthians, as duas maiores torcidas do Brasil. Eu, quando era criança, sempre pensava que tipo de jogo que eu queria jogar, que gostava de assistir, e era isso. Então, domingo, eu acredito que vai ser um dia muito bonito, uma tarde especial, poder ter o Maracanã cheio, o apoio da torcida do Flamengo, ter um jogo do tamanho de Flamengo x Corinthians, com todos os ingredientes para que seja uma tarde bacana. Que seja com vitória do Flamengo. A importância da torcida é inegável e que ela esteja dentro do Maracanã e lutando. Certamente, é um ponto muito positivo para a gente.

- Eu acredito que isso é até uma obrigação, visto a minha idade e tudo aquilo que eu já vivi no futebol. Mesmo ainda querendo viver muitas coisas aqui, eu acredito que seja uma obrigação, não guardar isso para mim, compartilhar isso, dividir para o crescimento dos meus companheiros, do ambiente em si. A organização do ambiente ultrapassa aquilo que são os jogadores e o jogo de futebol. Acredito muito agregar nesse sentido, e eu sou um inquieto. Falo tudo aquilo que eu vejo que eu acredito que tem um potencial de melhora, que pode ser feito de uma maneira, às vezes, 10% diferente, mas que vai fazer uma grande diferença. Prefiro passar como o cara chato do que não falar, e depois as coisas não acontecerem por uma coisa que eu deixei de falar. Acredito que os meus companheiros esperam isso de mim também, e é muito bacana ter esse respaldo da equipe. Mas aqui nós temos jogadores que já tem muitos anos de casa, que também podem me ensinar muito, e eu procuro também me aproximar deles. O Gerson, o Arrascaeta, o Bruno Henrique, o próprio Ayrton Lucas, são jogadores que têm muito tempo de Flamengo e que podem me ensinar muita coisa também, e eu procuro aprender rápido para poder ajudar eles também nesse dia a dia.

Fonte: Extra