A vitória acachapante de Bap na eleição do Flamengo impôs uma inesperada goleada sobre o atual presidente, Rodolfo Landim, na tentativa de eleger o sucessor, Rodrigo Dunshee.
O resultado expressivo nas urnas passou diretamente pelo trabalho de convencimento promovido por dois ex-aliados do ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello.
Ricardo Lomba, candidato ao Conselho Deliberativo na chapa de Bap, foi o nome mais gritado por apoiadores depois do resultado na Gávea, e não à toa.
Foi Lomba quem ajudou a convencer outra figura importante, Flavio Willieman, a somar com Bap, como vice-geral. Ambos trouxeram consigo o grosso do grupo que outrora apoiou Bandeira.
"Não foi fácil a construção disso tudo. Começamos a nos aproximar, eu e Bap, conseguimos trazer o Flávio. Aí veio uma turma boa. Ver isso coroado com a eleição é motivo de satisfação. A gente sempre tentou fazer o melhor para o Flamengo e ter o melhor plano de governo", afirmou Lomba.
O ex-presidente Bandeira, apoiador de Maurício Mattos, em função de sua péssima relação pessoal com Bap, não foi capaz de converter os votos necessários para tornar a candidatura viável.
Lomba e Willeman se tornaram figuras praticamente unânimes no Flamengo, apesar de o primeiro ter se desgastado no cargo de vice de futebol no fim de 2018.
Willeman foi vice-jurídico e ajudou o clube a equacionar as pendências com entidades públicas para sanar a dívida. Ele chegou a cogitar se candidatar a presidente, mas resolveu apoiar Bap pelo projeto.
E com eles vieram outros grupos, que racharam e deixaram de apoiar Landim na sua maioria. Entre eles, Sinergia, Fat, entre outros.
"A gente conseguiu montar um time plural e muito bom. O melhor para o Flamengo sempre vai passar por união. Não tem porque ver adversário político como inimigos", emendou Lomba.
Dissidências completaram a virada
No meio do caminho, desertaram do governo Landim outros vice-presidentes, como Rodrigo Tostes, braço direito de Bap, que também recebeu apoio de outro vice de finanças anterior, Claudio Pracownik.
Tostes esteve com Landim até o presidente decidir não apoiar Bap. Willeman também foi alvo de promessas de Landim e não concordou com a perpetuação no poder, apesar de Dunshee ser colocado como candidato que, no fundo, estaria atrelado ao atual presidente, que seria o novo CEO.
Landim tenta, mas não converte votos
Desde a semana passada membros que apoiavam Landim e Dunshee entenderam que a candidatura não teria força para desbancar a virada de jogo promovida por Bap e seus apoiadores.
Ao longo da eleição, Landim foi incansável na tentativa de atrair votos de última hora. Mas nem a imagem do presidente bem-sucedido, que ganhou quase tudo, foi suficiente.
A mobilização dos sócios e conselheiros do Flamengo falou mais alto do que o discurso em voz grossa do mandatário, que saiu mais cedo, molhado de chuva, e não viu Bap ser eleito.