Com Tite, Flamengo volta a ter um técnico que dirigiu a Seleção em Copa do Mundo depois de 23 anos

Anunciado como novo técnico do Flamengo na última segunda-feira, Tite começou os trabalhos no Ninho do Urubu nesta terça. O gaúcho de 62 anos assume o clube depois de passar seis anos e meio no comando da seleção brasileira. Com ele, o Rubro-Negro volta a ter um técnico que dirigiu o Brasil em Copas do Mundo depois de 23 anos. O último tinha sido Zagallo, em 2000, dois anos depois de ser vice-campeão mundial na França em 1988.

Tite chega ao Flamengo 10 meses depois da Copa do Mundo do Catar em 2022, na qual foi eliminado nas quartas de final e terminou em 7º lugar. O Rubro-Negro agora tem seis treinadores que disputaram o título mundial com o Brasil, mas o atual comandante será só o segundo a assumir o clube logo depois de deixar a Seleção. Antes do gaúcho, apenas Cláudio Coutinho fez o mesmo em 1978, um mês depois do Mundial que aconteceu na Argentina.

Tite, Telê Santana e Zagallo acertaram com o Flamengo após disputar uma Copa do Mundo — Foto: Infoesporte

Veja abaixo como foi a passagem de cada um:

Flávio Costa

O primeiro a fazer esse caminho foi o histórico Flávio Costa, técnico que mais vezes comandou o Flamengo na história (777 jogos em cinco passagens) e o primeiro a conquistar um tricampeonato estadual pelo clube. Ele foi vice-campeão na Copa do Mundo do Brasil em 1950, treinou o Vasco no segundo semestre daquele ano e voltou ao Rubro-Negro seis meses depois do Mundial.

Flávio Costa em homenagem feita pelo Flamengo — Foto: Reprodução

Seu desempenho foi alto: em dois anos, ele teve 70,9% de aproveitamento em 98 jogos, mas não ganhou títulos expressivos . Apesar de ser cinco vezes campeão carioca dirigindo o clube, na sua terceira passagem ganhou só dois Torneios Início e competições amistosas nas muitas excursões que havia na época, dentro e fora do Brasil. Sua reestreia no Rubro-Negro pós-Copa do Mundo foi uma goleada por 5 a 2 sobre a Portuguesa-SP no Maracanã, pelo Torneio Rio-São Paulo de 1951.

Aymoré Moreira

O segundo foi Aymoré Moreira, contratado pelo Flamengo cinco anos após ter sido campeão do mundo de 1962, na Copa no Chile. Depois de passar por São Paulo, Portuguesa e Palmeiras, ele chegou ao Rubro-Negro em 1967. Mas foi quem teve a passagem mais curta e não agradou: foram só 15 jogos, com apenas 36,6% de aproveitamento e nenhum título . Sua própria estreia foi perdendo um clássico por 2 a 1 para o Botafogo no Maracanã, pelo Campeonato Carioca de 1967.

Zagallo (parte 1)

Apesar de não ter dado certo com Aymoré, cinco anos depois o Flamengo repetiu a aposta em um campeão mundial e contratou Zagallo em 1972, um ano e meio depois de conquistar a Copa do Mundo de 1970, no México. Ele passou pelo Fluminense antes de voltar à Gávea, onde foi jogador, pela primeira de suas três passagens pelo Rubro-Negro como treinador.

Zagallo durante a Copa do Mundo de 1970 — Foto: Mario De Biasi/Mondadori via Getty Images

A estreia de Zagallo não foi com vitória: empate em 1 a 1 com o Botafogo no Maracanã, em um amistoso. Mas ele começou bem sua trajetória como técnico no clube: em dois anos, teve um aproveitamento de 60,9% em 132 jogos e foi campeão carioca de 1972 (também levou as Taças Guanabara, primeiro turno do Estadual, em 1972 e 1973). Além disso, foi com o técnico no comando que o jovem Zico começou a se firmar em 1973.

Cláudio Coutinho

O quarto da lista foi Cláudio Coutinho, que apenas um mês depois de ter levado o Brasil ao terceiro lugar na Copa do Mundo de 1978, na Argentina, voltou ao Flamengo para fazer história no clube. Se a primeira passagem tinha sido discreta, nesta segunda ele conquistou os seus primeiros títulos oficiais e foi considerado o responsável por montar o timaço rubro-negro que dominaria o futebol brasileiro no início da década de 1980.

Cláudio Coutinho como técnico do Flamengo — Foto: Reprodução

Sua reestreia foi com vitória: 2 a 0 em cima do Atlético-MG no Mineirão, em amistoso em 1978. Em pouco mais de dois anos, teve um alto aproveitamento de 79,7% em 188 jogos e foi multicampeão . Entrou para a história com o primeiro título brasileiro do Flamengo , em 1980, e ainda conquistou três vezes o Campeonato Carioca, em 1978 e nas duas edições em 1979 (também levou as Taças Guanabara de 1978, 1979 e 1980 e a Taça Rio, segundo turno do Estadual, de 1978).

Zagallo (parte 2)

O Velho Lobo voltou ao Flamengo 10 anos depois de sua segunda Copa do Mundo: em 1974, no Mundial da Alemanha, levou o Brasil ao 4ª lugar após ter sido eliminado na segunda fase, quando o sistema de disputa era diferente. Retornou à Gávea depois de passar por Botafogo, Vasco, Al-Hilal e pelas seleções do Kuwait e da Arábia Saudita. Mas não repetiu o sucesso. Em pouco mais de um ano, teve 63,5% de aproveitamento em 74 jogos e não ganhou títulos , só uma Taça Guanabara em 1984. Sua reestreia foi na vitória por 2 a 0 sobre o Botafogo-PB, em amistoso no Almeidão.

Telê Santana

O sucesso dos antecessores não se repetiu com Telê Santana, considerado um dos maiores técnicos do futebol brasileiro, apesar de não ter sido campeão nas duas Copas do Mundo que disputou, em 1982 (ficou em 5º lugar, eliminado na segunda fase, quando o sistema de disputa era diferente) e em 1986 (terminou em 5º lugar, eliminado nas quartas de final). Ele chegou ao Flamengo em 1988, dois anos depois da segundo Copa no México e após passagem pelo Atlético-MG.

Telê Santana ao lado de Sócrates e Zico na seleção brasileira de 1982 — Foto: Arquivo/Estadão Conteúdo

A estreia do técnico foi animadora: goleada por 5 a 1 sobre o Guarani, no Brinco de Ouro, pelo Campeonato Brasileiro de 1988. Mas a passagem acabou sendo curta e discreta, apesar do bom aproveitamento de 72,2% em 63 jogos . Na Gávea, Telê pegou só o fim da carreira de Zico, maior ídolo da história do clube e que ele dirigiu na Seleção. E não conquistou títulos, apenas a Taça Guanabara de 1989.

Zagallo (parte 3)

O último técnico da lista (até a contratação de Tite) foi o retorno de Zagallo, que àquela altura já tinha comandado a Seleção em sua terceira Copa do Mundo e terminou em 2º lugar em 1998, após perder a final. Pouco mais de dois anos após ser vice-campeão na Copa da França, e depois de uma passagem pela Portuguesa-SP, o técnico voltou para o seu terceiro e último capítulo no Flamengo .

Zagallo no comando do Flamengo na final do Carioca de 2001 — Foto: Hipólito Pereira / Agência O Globo

Sua reestreia já foi marcante: vitória por 2 a 0 no Velez Sarsfield, da Argentina, no Maracanã, pela Copa Mercosul de 2000. E a torcida rubro-negra gritou: "Ih, ih, ih, vai ter que me engolir", em alusão à famosa frase dita por Zagallo após vencer a Copa América de 1997. Em cerca de um ano, o técnico não teve um bom aproveitamento, só 52% em 75 jogos , mas voltou a conquistar títulos: ganhou a Copa dos Campeões e o Carioca de 2001, aquele do inesquecível gol de falta de Petkovic (e ainda levou a Taça Guanabara no mesmo ano).

Tite

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Tite exibe a camisa do Flamengo dentro da academia do Ninho do Urubu — Foto: Marcelo Cortes/Flamengo

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Fonte: Globo Esporte