Em noite de retorno à Copa Libertadores, o Flamengo foi derrotado por 2 a 1 pelo Central Córdoba, nesta quarta-feira (10), pela segunda rodada da fase de grupos da edição 2025. A escalação do técnico Filipe Luís, com nomes como Wesley, Gerson e Pulgar no banco de reservas, foi alvo de críticas por parte dos torcedores.
- A escolha dos jogadores que foram a campo foi porque acredito que eram os melhores para vencer a partida. Era um time muito sólido para vencer. Também havia um plano de jogo para enfrentar esse adversário. Claro que o Erick vem de uma sequência de intensidade muito alta. A intenção era quebrar essa sequência. O Gerson que vem de uma lesão também, assim como o Wesley. O Varela vinha de uma ótima partida na Venezuela e acreditava que, pela transição do adversário, era a melhor escolha - explicou o comandante.
Diante das especulações sobre possível priorização de competições — já que o clube disputa simultaneamente o Brasileirão, Libertadores, Copa do Brasil e Mundial —, Filipe negou qualquer tipo de escolha por um torneio específico. O treinador explicou que suas decisões foram baseadas em estratégia e planejamento físico.
- Eu vou ser cobrado pelas minhas decisões e a responsabilidade é unicamente minha. Tomo as decisões com base no que eu sinto que é o melhor para a equipe. Futebol acontece isso, nem sempre a gente ganha e vão sempre falar dos jogadores que não estavam. Não é priorizar, a gente quer sempre ganhar. Se eu tivesse poupado os 11 jogadores como fiz ano passado e ganhado, ninguém teria falado nada. Virão as críticas pelas escolhas que eu tomei, e críticas justas.
Após a partida, Filipe assumiu total responsabilidade pelo desempenho abaixo do esperado, destacando que se o time não entrou com o foco necessário, a culpa foi dele. O comandante admitiu que a ansiedade atrapalhou a equipe, especialmente no primeiro tempo, quando o Flamengo tentou acelerar o jogo sem a devida organização, deixando espaços que acabaram sendo explorados pelo adversário.
O técnico também reconheceu que alguns atletas atuaram fora de suas posições ideais, devido ao excesso de jogadores ofensivos escalados, o que comprometeu o equilíbrio do sistema tático.
Apesar do revés, a partida marcou um momento importante: o retorno de Pedro aos gramados. O atacante ficou afastado por sete meses por conta de uma lesão no joelho e foi acionado no segundo tempo.
- Muito feliz por tê-lo de volta, é um jogador super importante, e um diferencial para a gente. Espero que ele possa ter uma sequência de treinamentos, de minutos, para que ele possa voltar à forma ideal para conseguir jogar um jogo todo - comemorou Filipe.
Agora, o Flamengo volta o foco para o Campeonato Brasileiro. O próximo compromisso será no domingo, às 17h30, diante do Grêmio, em Porto Alegre. A equipe soma quatro pontos nas duas primeiras rodadas da competição nacional.
Confira outras respostas de Filipe Luís:
Falta de concentração
- Se houve erros técnicos e de desconcentração, isso é responsabilidade minha, do treinador, porque não os coloquei concentrados da forma que deveria. Não acho que tenha sido isso. O que eu acredito é que até o gol estávamos fazendo um bom jogo, com algumas chances.
- Eles não tinham quase chegado à nossa área. O time estava sendo vertical, da forma que eu estava pedindo. Começamos a acelerar mais, ficar mais ansiosos, e isso é por vários motivos. Mas o principal é que são as minhas escolhas porque sou eu quem escolho a tática e os jogadores que entram em campo.
- Se em algum momento em campo eles não se sentiram confortáveis, ou não achavam soluções, dominando todos os espaços, isso é culpa do treinador. Eu isento eles de toda essa culpa porque se o time não estava concentrado, eu deveria ter feito isso melhor. Mas não acho que foi isso, todo mundo correu bem e não fizemos um bom jogo.
- Não soubemos lidar com um placar adverso e estar atrás do placar instaurou o caos, coisa que eu odeio. Agora vou tentar trabalhar para ter o time sólido como a gente vinha fazendo.
Tom da conversa após o jogo
- Não costumo conversar pós-jogo. Temos um jogo domingo, isso é o bom do futebol que dá uma oportunidade nova de poder apagar essa derrota. Dura, meu primeiro jogo de Libertadores no Maracanã, uma festa bonita da torcida, Pedro de volta.
- Realmente é triste por esse lado. Mas são derrotas que acontecem. Não vamos ganhar sempre, infelizmente foi hoje. Espero que eles possam limpar a cabeça o mais rápido possível para poder fazer um grande jogo domingo, o que é muito importante.
Vaias da torcida
- Fui e fomos vaiados em outros jogos desde que sou o treinador. Com o Sampaio Corrêa, no Carioca, empatamos em 0 a 0 no primeiro tempo e as vaias vieram. E o Flamengo é isso, normal. Estamos acostumados, amamos estar aqui e escolhemos estar aqui.
- Tem um peso vestir essa camisa. É o clube que mais cobra do Brasil, mas os jogadores e eu estamos preparados para enfrentar. É uma pressão que me desafia, me faz crescer e ser melhor. Com certeza trabalharei mais, estudarei mais para fazer tudo para vencer. E conquistar o carinho da torcida no campo, não com palavras.
Jogo menos difícil contra o Central Córdoba, mas teve dificuldades
- Contra o Inter tivemos várias chances de gol, mas não concretizamos. Contra o Táchira, não foi um jogo bom, com certeza, concordo contigo. Contra o Vitória tivemos chances, no segundo tempo também. E hoje, até o gol, estávamos fazendo um bom jogo e criando chances de gol.
- Não era o nosso melhor jogo, talvez no controle, mas na construção estávamos sendo mais verticais porque eles nos ofertaram espaços, mas não conseguimos aproveitá-los. O que aconteceu é que perdemos o jogo, e quando isso acontece parece estar horrível, ruim e um caos, mas não é. Temos que separar o resultado e ver o que foi feito de bom e ruim. Meu trabalho é corrigir e trilhar o caminho para jogarmos do jeito que a gente quer.
Cleiton não relacionado e mudanças no meio
- Cleiton foi opção técnica, não tem nada ver com contrato. Fui formatar o banco e tinha João e outros jogadores que podem fazer a zaga como Alex Sandro e Varela. Foi opção minha.
- Não tem troca imediata. Imaginei um jogo com força no meio em que precisava ter solidez posicional e parar as transições do Central Córdoba e achei que a melhor opção seria o Luiz porque eles usavam muito as bolas longas. E eu também penso na bola parada e infelizmente tomamos o gol dessa forma, mas a escolha do Everton no lugar do Erick foi por esse motivo. Não estavam fazendo mau jogo, nem ele, nem Varela, nem Juninho. Precisava fazer uma mudança e resolvi trocá-los.
Prioridade ao Brasileiro
- Isso não é verdade. A Libertadores é tão prioridade quanto o Brasileiro. Só que se poupou muito no Brasileiro nos últimos anos para jogar nas copas. Uma escolha minha, sou eu que escolho quem vai entrar em campo, pensando na fase de grupos da Libertadores que te permite fazer essas trocas, no adversário que vou enfrentar, na sequência de jogos de jogadores e no que vem pela frente.
- Eu tomo as decisões, quando perde é claro que eu vou ser cobrado. É normal. Isso também me faz crescer. Quando vence, tudo parece muito bonito nas escolhas que a gente faz. Quando perde vêm as perguntas. Nenhum jogador vai conseguir estar em todos os jogos da temporada. Posso garantir para vocês. A exaustão chega em algum momento. Tem que pensar na saúde deles.
Forma de jogar do Central Córdoba
- Se não me engano, foi a maior posse de bola que tivemos na temporada: 78%. Foi o time que menos teve a posse de bola do ano, não sei se da Libertadores. Eles tentaram jogar contra-atacando, em transição. Os dois pontas eram muito rápidos e ficavam esperando a perda da nossa bola para transitar. Eram perigosos, e assim foi.
- Eu sempre penso que é mais fácil destruir do que construir. Eles têm muito méritos. Eles tentaram fazer uma marcação mais agressiva e nos induziram ao erro muitas vezes porque os espaços estavam ali. Era como se fosse uma armadilha. A forma do adversário jogar foi muito válida, venceram com méritos, e agora é mastigar essa derrota.
Luiz Araújo centralizado
- Luiz, quando entra comigo, normalmente joga na posição que o Gerson joga. A gente não joga com o ponta-direito aberto, sim como o esquerda, para liberar o corredor para os laterais. Em alguns momentos mudamos essa estrutura, como foi contra o Táchira.
- Luiz a meu ver tem qualidade e condições para performar na meia, por dentro. Ele é determinante, tem bom último passe e finalização. Treinou a temporada toda nessa posição e vem evoluindo. Virão dias melhores. É um jogador muito importante, polivalente que pode jogar também pela esquerda. Importante ter esses jogadores que podem atuar em várias posições.
Efetividade e falta de finalizações de fora da área
- Concordo com o que você falou sobre chutar pouco, temos muitas chances de chutar e cruzar, mas priorizamos circular. E quando chuta, sempre acontece alguma coisa, mas vai do perfil do jogador. Venho insistindo muito nisso. Sobre mudar, meu trabalho é dar uma estrutura para encontrar os espaços e chegar à área do adversário de forma limpa. E, lá, dar outros recursos e mecanismos para que eles possam decidir. Eu não posso decidir por eles. O gol vai ter momentos que estaremos mais próximos, sem criar, e em outros momentos vamos criar e não vamos fazer. Com a volta do Pedro, tenho certeza de que ele vai elevar o nível das nossas finalizações.