A derrota para o Peñarol deixou um gosto amargo no Flamengo , que fez uma das piores partidas do ano na ida das quartas de final da Libertadores. Esta foi a primeira vez que o "meio de campo ideal" de Tite perdeu um jogo, e justamente num momento em que a não escalação de Léo Ortiz, que vinha sendo um dos melhores do time mesmo improvisado no setor, gerou questionamentos.
A formação com Pulgar, De la Cruz, Arrascaeta e Gerson estava invicta até a noite da última quarta-feira. Antes do 1 a 0 para os uruguaios, o quarteto esteve em campo em 11 jogos, sendo oito como titular e quatro em que algum deles entrou no decorrer da partida. Eram sete vitórias e quatro empates. A última vez que os quatro foram utilizados juntos havia sido nos 2 a 0 sobre o Bolívar no Maracanã.
Quarteto Pulgar, De la Cruz, Arrascaeta e Gerson:
Jogo | Minutos | Gols pró | Gols contra |
Orlando City-EUA 1 x 1 Flamengo | 50 | 1 | 1 |
Sampaio Corrêa 0 x 2 Flamengo | 47 | 2 | 0 |
Vasco 0 x 0 Flamengo | 80 | 0 | 0 |
Flamengo 1 x 0 Botafogo | 60 | 0 | 0 |
Atlético-GO 1 x 2 Flamengo* | 16 | 0 | 0 |
Palmeiras 0 x 0 Flamengo* | 17 | 0 | 0 |
Vasco 1 x 6 Flamengo* | 44 | 3 | 0 |
Flamengo 2 x 1 Criciúma | 72 | 0 | 1 |
Flamengo 2 x 0 Palmeiras | 86 | 2 | 0 |
Flamengo 1 x 1 Palmeiras | 79 | 1 | 0 |
Flamengo 2 x 0 Bolívar-BOL | 72 | 1 | 0 |
Flamengo 0 x 1 Peñarol-URU | 59 | 0 | 1 |
*Jogos em que alguém dos quatro não foi titular (Gerson entrou contra o Atlético-GO; Gerson e De la Cruz entraram diante do Palmeiras; e Pulgar entrou contra o Vasco)
Nos números, o saldo do quarteto ainda é positivo: são 622 minutos juntos em campo, com o time marcando 10 gols e sofrendo três (veja na tabela acima) . Mas Léo Ortiz faz uma grande sombra no setor. Nos últimos 14 jogos do Flamengo , Ortiz atuou em 11 como volante e só não foi utilizado na vitória por 2 a 0 sobre o Bolívar, no Maracanã. Neste recorte, até começou como zagueiro diante do Bragantino, porém, no decorrer da partida acabou sendo adiantado.
Ortiz voltou para o banco, em decisão muito criticada por torcedores nas redes sociais, após uma sequência de sete jogos como titular, tendo atuado os 90 minutos em seis deles (foi substituído apenas na partida de ida diante do Bahia pela Copa do Brasil). Contra o Peñarol, Tite escolheu retornar com De la Cruz ao time, mesmo com o uruguaio retornando de lesão na coxa. A equipe perdeu força, e o técnico lançou o zagueiro-volante nos 27 minutos finais.
Em entrevista coletiva, Tite justificou a ausência de Ortiz dizendo que o jogador estava jogando muito numa situação que não gostava e exaltou Pulgar, que é mais habituado a atuar na posição.
- Todas as possibilidades que são aventadas agora fora do que aconteceu vão ter razão. Todas são "poderia ser melhor". Pulgar é um jogador de seleção, vinha bem na sequência e estava habituado (à posição) há mais tempo. O Léo estava jogando muito numa situação de que não gostava. Eu precisava naquele momento, e ele contribuiu. A gente não pode generalizar por um erro. A escolha foi em cima de um jogador de seleção, de alto nível e que tem todo um lastro em cima de uma equipe organizada e treinada mais com ele do que com o próprio Ortiz.
Apesar da resposta do treinador, a entrevista mais recente de Léo Ortiz vai um pouco na contramão. O jogador reconhece que prefere atuar na posição de origem, a de zagueiro, mas já não denomina a sua utilização no meio como "improviso" e se revelou acostumado e adaptado à nova posição (onde reconheceu que tem mais oportunidades):
- Não dá para chamar muito de improviso, venho fazendo essa função muitas vezes. Não tenho certeza dos dados, mas acredito que eu tenha mais jogado como volante do que como zagueiro desde quando cheguei. Acho que já estou me acostumando com a função. Lógico que mantenho minha função de origem, que é zagueiro, mas hoje estou mais adaptado ali, achando mais espaços e conseguindo desenvolver o meu jogo da forma que eu gosto e da forma que o time precisa também - comentou o jogador após a classificação contra o Bahia e completou:
- Me apresenta mais oportunidades, né? Acho que a gente tem uma disputa muito boa ali na zaga, na "volância" também, óbvio. Mas surgiu essa oportunidade principalmente na Copa América. Acredito que eu venho aprimorando e crescendo ainda em relação a isso. Acho que a cada jogo, cada treino e cada momento que eu tenho de refletir sobre o que eu fiz dentro do jogo e nos jogos passados. O que eu acertei e o que eu errei para adaptar e crescer o meu jogo, porque, apesar de eu ter feito essa função na base, ainda estou me reinventando e voltando a alguns comportamentos que eu tinha lá como volante. Me adaptando de novo ao que vem sendo pedido pelo professor Tite. E acredito que tenho tudo para crescer ainda mais.
Para o jogo mais importante do ano até aqui, contra o Peñarol no Uruguai na próxima quinta-feira, valendo uma vaga na semifinal da Libertadores, Léo Ortiz tem chances de voltar ao time. Isto porque Tite decidiu usar uma equipe reserva contra o Grêmio no domingo em Porto Alegre, pelo Campeonato Brasileiro, e vai deixar 12 jogadores treinando no Rio de Janeiro. E o zagueiro-volante é um deles.
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