Iniciando a carreira de treinador, Filipe Luís já tem mais títulos do que derrotas: em 19 jogos, venceu 12, perdeu apenas um clássico para o Fluminense e chegou a duas conquistas na tarde deste domingo. Ele já tinha sido campeão da Copa do Brasil em 2024 e começa 2025 ganhando também a Supercopa do Brasil ao vencer o Botafogo por 3 a 1 no Mangueirão, em Belém. Após a partida, o treinador comemorou e tratou a atuação rubro-negra como impecável:
— Fiquei muito feliz com o jogo, o plano de jogo saiu à perfeição. A todo o momento, a maneira que o nosso time pressionou, os jogadores compraram a ideia, fizeram e executaram tudo o que a gente planejou e acabou dando certo, fiquei muito feliz. Foi um jogaço, impecável, e um título mais que merecido nosso e principalmente dos jogadores — vibrou o técnico.
Filipe Luís nunca escondeu o sonho de ser campeão da Champions League quando era jogador e não conseguiu (chegou a duas finais com o Atlético de Madrid e perdeu ambas para o Real Madrid). O sonho pode ser revivido um dia como treinador, mas tranquilizou a torcida sobre futuro:
— Sei onde quero chegar, é o grande sonho da minha vida. Tenho uma ambição gigantesca para isso. Não tem nenhum lugar onde eu possa estar mais confortável trabalhando do que no clube que amo. Esse mesmo torcedor que está falando bem, amanhã quando eu errar vai pedir para eu sair. Essa profissão é muito difícil, é muito exigente, conquistar semana a semana o coração do torcedor. Por isso eu tentei criar um modelo de jogo em que o torcedor se sinta identificado, mesmo nos momentos que não sejam tão bons.
— Eu não tenho nenhum interesse em sair, quero ficar muito tempo no Flamengo . Já falei para o presidente quando a gente se conheceu e conversamos. Sou um cara que tenho um objetivo profissional e mais nada. Eles me deram todas as ferramentas para eu trabalhar e me desenvolver. Me dão esse time incrível que eu tenho na mão, não posso pedir mais nada. Para esse torcedor, pode ter certeza de que, antes de eu querer sair, o torcedor vai querer que eu saia.
Antes da coletiva, Filipe Luís viu os jogadores invadirem a sala de entrevistas do Mangueirão e lhe dar um banho de gelo. O treinador considera que tem uma relação especial com o elenco atual por ter jogado com praticamente todos eles:
— Essa conexão que eu tenho com eles provavelmente jamais terei em outro lugar, ou em outro clube, ou em outro momento aqui mesmo no Flamengo . Porque desses jogadores que estão aí, eu joguei com todos, menos com cinco. Então, treinador tem essa vantagem, esse privilégio, eu conheço esse vestiário, conheço o que se fala aí dentro, conheço quando eles também dão risada de mim lá dentro, quando eles falam mal de mim... Eu conheço tudo, vivi no meio deles, ri, chorei junto com eles, e eu parto com vantagem nesse quesito. E o que eu mais me sinto orgulhoso é que eles cumpram e acreditam no que eu falo 100%. Tudo o que eu peço eles fazem, tudo. Também é verdade que eu sou o maior responsável se as coisas derem errado. Será culpa minha, eles sabem disso e compram a ideia.
Veja outras respostas da coletiva:
— Acreditava, claro (início tão promissor). Sonhava, tinha esperança que fosse assim. Vai ser sempre alegria? Não, claro que terei momentos difíceis, mas me sinto preparado para esse desafio. Eu vivi como jogador com o maior de todos os tempos, que é o Jorge Jesus. E eu via como ele não relaxava, como ele deixava sempre o time com mais ambição. E aquilo me despertou outra vez essa chama. Sou mais ou menos uma cópia dele (Jesus). Nunca chegarei perto, mas o que eu quero um dia é poder fazer uma história do jeito que ele fez. Esse é meu objetivo, eu sonho alto, não vou mentir. Mas sou realista e sei que nem tudo na vida não são alegrias. E estarei preparado quando vierem momentos difíceis.
— Não existe nada maior do que conquistar um título no clube que você ama. Eu sou flamenguista desde pequeno, poder ter a oportunidade de um dia vestir essa camiseta foi um privilégio muito grande. Poder estar liderando esse grupo de jogadores, me sinto muito orgulhoso. Hoje eu me sinto extremamente orgulhoso. E tem um problema porque a gente só quer mais, e mais, e mais... E as expectativas aumentam. Mas tenho muita confiança nesse grupo de jogadores que são espetaculares.
— A pré-temporada foi toda planejada para dar ritmo e forma física aos jogadores e se viu condicionada pela final. Tivemos três semanas para preparar, foi suficiente para que eles pudessem chegar em plena forma física. Todos os jogadores estão disponíveis para jogar 90 minutos com risco menor de lesão. E aí é onde eu digo que entrou muito bem o planejamento do preparador físico. Os jogadores estão na forma física ótima. A gente viu eles correndo até o último minuto do jogo e praticamente não cansaram. E isso aí nos dá uma tranquilidade também.
— Temos o Carioca e eu não preciso sobrecarregar os jogadores nos próximos jogos. Porque temos o jogo quarta, o jogo domingo e eu posso, com o elenco que tenho na mão, ir trocando os jogadores e dando minutos para que eles mantenham a forma física até chegar ao Brasileiro em perfeitas condições e no melhor momento. É claro que existe uma curva durante toda a temporada, mas está muito bem planejado e eu confio totalmente no meu preparador físico e na comissão.
— Ele é um jogador espetacular. E o que eu mais gosto do Bruno é como ele se sacrifica pelos companheiros, pela equipe. Em todo momento, ele corre o tempo todo para a equipe. Desde que eu cheguei aqui, o Bruno Henrique teve alguns episódios: aquela expulsão (contra o COrinthians), acho que ele só tinha feito um gol de pênalti contra o Criciúma... E eu falei para o meu auxiliar no jogo: "Decisão é para os grandes". O Bruno Henrique não é grande, ele é gigante na história desse jogo.
— O jogador com mais títulos, ele e o Arrascaeta, na história do Flamengo . Não é pouco, mas o que mais me impressiona é que eles não perdem a fome de títulos, não perdem a missão, eles se irritam quando as coisas não saem do jeito que eles imaginam para ser campeões. São os que mais choram quando perdem e os que mais se importam em vestir essa camiseta. Então, é muito fácil treiná-los, é muito fácil liderá-los e espero que esse número possa aumentar ainda mais.
— A contratação do Danilo foi um impacto muito grande, eu acho, para o futebol brasileiro porque o jogador que estava titular da Juventus até dezembro e era titular da seleção brasileira. Não sei se vai ser ou não (titular), mas estamos muito felizes de tê-lo aqui. Danilo líder, Danilo exemplo e o Danilo que todo mundo conhece. Foi um impacto muito grande, da mesma forma que foi o Neymar, o Oscar... São jogadores gigantes e que fico feliz de eles quererem retornar para o futebol brasileiro.
— Isso quer dizer que o futebol brasileiro está melhorando, estamos no caminho certo, crescendo. É o mais competitivo do mundo, não sabemos quem vai ser o campeão, são oito candidatos ao título todos os anos. E isso é um campeonato divertido, digamos assim. Espero que eles sejam felizes nos clubes deles, que eles possam desfrutar e que nós do futebol brasileiro possamos fazer um campeonato digno para o torcedor.
— Esse título da Supercopa é muito especial, é um jogo só, num estádio diferente, uma atmosfera diferente. É sempre um jogo muito especial onde os jogadores estão leves, tem sempre um ambiente leve, e eu desfrutei muito, como jogador e agora como treinador também por sorte. Como jogador tive a oportunidade de ganhar duas finais e perder duas, mas sempre foi um privilégio participar desse torneio tão importante. Eu espero que os clubes valorizem ele como merece porque é um título especial
— É difícil achar um Arrascaeta no mundo. Um jogador que no auge da carreira dele escolheu vir para o Flamengo e ficar no Flamengo . É muito difícil você achar outro Arrascaeta. Mas o (José) Boto e eu estamos numa busca incessante de encontrar jogadores que possam elevar o nível do nosso elenco nesse atual momento. Então, sempre que sair alguém vamos tentar fazer uma reposição ainda melhor. Temos muitas conversas diárias, estamos muito na mesma página. Sou muito agradecido por tudo o que ele vem fazendo por mim e estou muito feliz em trabalhar com o Boto. É um cara que me entende muito e, até agora, tudo o que ele falou vem acontecendo.
— Quando eu vim trabalhar nesse grupo eu tinha certeza que eles iam fazer o que eu falasse, porque é um grupo muito bom nesse sentido. Então, hoje escolhemos uma estratégia de jogar com três atacantes, e eles acreditaram e fizeram o tempo todo tudo o que a gente pediu. Estou muito feliz de ter sido desse jeito e que a gente pôde ver a melhor versão desses jogadores em função do plano de jogo que tinha para enfrentar o Botafogo.
— Eu nunca tinha vindo am Belém, vimos uma cidade cheio de flamenguistas, uma festa gigante da nação. E eu amo chuva, minha esposa está aí e pode falar. Ela não gosta muito, mas eu amo (risos). Estava desfrutando do jogo na chuva. Me surpreendeu que choveu demais e depois voltamos e o campo já estava sem poças. A drenagem muito boa. Estão acostumados com a chuva. Eu tinha medo e receio que influenciasse no jogo, mas voltamos e os jogadores estavam na mesma sintonia. Eles mesmos falaram no vestiário que queriam voltar a jogar: "O campo tem que estar bom porque queremos jogar". Então a confiança que eles tinham era muito grande para poder vencer, com ou sem chuva. Mas eu acho especial jogar esse torneio assim.
— Fico feliz. Tanto que vi o Flamengo jogar e tantos que passaram aqui tentaram fazer e não conseguiram. Tive a oportunidade de viver a segunda época dourada do clube, a primeira foi 81 e nunca ninguém superará. Estamos fazendo história, isso é legal. Por isso queremos mais.
— A chegada do Danilo eleva o nível. Eu diria que com o que tenho hoje é suficiente. Mas são 80 jogos que temos planejado durante o ano. Com a volta do Pedro e do Viña, do Cebolinha que já voltou... Com esse elenco completo, sabendo que podem acontecer muitas coisas, lesões, convocações, pode ser que sim, iremos nos reforçar um pouco mais. Ma sé trabalho da diretoria, vamos conversar, temos todo mês de fevereiro para falar de contratações. Mercado está aberto e estamos abertos a qualquer possibilidade de mercado. Mas estou muito feliz com o elenco que tenho na mão.
— Sempre temos coisas a evoluir. Muitas coisas me deixaram feliz, por exemplo, o que joga o Alex Sandro, o que joga o Pulgar, jogadores que quase não sao falados. O Alex teve que vir ao Brasil para ser reconhecido, um jogador que jogou na Juventus por sete anos. Aonde encontraremos outro Erick (Pulgar) no mundo? Um jogador desse nível. De la Cruz, a zaga, Léo Ortiz, Léo Pereira... Isso me deixa feliz, ver os jogadores rendendo o máximo da sua performance, do seu rendimento. Isso é o que me deixa realizado, ver eles desfrutando no campo.
— Jogando com bola, propondo jogo, atacando quando tem que atacar, descansando com bola quando tem que descansar. E depois, a alegria de Michael, de Bruno Henrique, a ousadia que eles têm lá na frente. É o jogo perfeito. E depois, os que entram do banco, o que eu posso falar? Arrascaeta, Luiz Araújo, Evertton, Danilo, Juninho, que que eu posso falar? E os que não entraram ainda. Então, tudo me deixou feliz hoje. Amanhã vou pegar o jogo, vou ver, com certeza temos coisas a melhorar e vamos corrigir durante a semana, sem dúvida.
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