Durante o período de confinamento por causa da pandemia do novo coronavírus, a comissão técnica do Flamengo identificou que alguns jogadores vêm sofrendo com ansiedade e noites mal dormidas, o que aumenta o nível de estresse deles e reflete nos treinos em casa.

A revelação foi feita pelo preparador físico Márcio de Jesus Sampaio em entrevista por videoconferência para o jornal português “Record”. O profissional disse que a comissão técnica monitora à distância (muitos estão em Portugal) o dia a dia dos jogadores pelo software “Coach ID”.

“Para o jogador foi uma novidade fazer um plano de treino em casa e depois quantificar isso pela escala de avaliação de esforço. Para eles é ótimo. Conseguem dar o feedback de como foi a intensidade do treino que realizaram”, disse Sampaio aos jornalistas.

“Tivemos casos de jogadores que estão a dormir pouco, dormir mal, fruto dessa ansiedade [pelo confinamento]. Isso traz níveis de estresse alto. […] O departamento médico foi avisado que esses jogadores não tinham durante um tempo, uma semana, uma qualidade de sono muito boa e estavam com nível de estresse alto”, acrescentou o preparador físico do Flamengo.

O software utilizado pelo Flamengo virou uma ferramenta útil aos clubes durante a quarentena pelo novo coronavírus. Ele substituiu o questionário que costumava ser aplicado aos jogadores nos dias de treino nos centros de treinamento.

As perguntas trazidas pelo questionário tinham como objetivo avaliar o nível de hidratação, a percepção de dor, fadiga, a qualidade do sono, o nível de humor e estresse antes e depois das atividades, entre outras coisas.

Com os jogadores treinando em suas residências por causa do confinamento, as equipes passaram a utilizar aplicativos, como o “Load Control” ou o “Bem Estar”. Apesar de nomes e desenvolvedores diferentes, eles têm funcionamento similar.

“Normalmente [a avaliação] tem a ver um pouco com aquilo que aconteceu no dia anterior porque é quando [os jogadores] acordam e depois [que cumprem a] sessão de treino. Alguns têm uma hora. Outros por igual uma hora para desempenhar essas atividades. Ao final dessa hora, eles têm também de preencher esse [formulário] de avaliação subjetiva do esforço e nos enviam vídeos”, disse Sampaio.

Reportagem da ESPN Brasil no final de março revelou como os clubes têm lidado com esse recurso à distância .

As respostas são de múltipla escolha (a maioria delas em forma de escala, por exemplo, 1 para ruim e 5 para muito bom) e as informações coletadas são avaliadas em conjunto pela comissão técnica. Geralmente é dado peso maior à medição de dores musculares e/ou articulares, fadiga e recuperação, que se sobrepõem ao humor e ao estresse. Porém, como revelou o preparador físico do Flamengo, por causa do confinamento a qualidade do sono e o nível do estresse se tornaram importantes para cuidar da mente dos jogadores.

Ainda não há uma previsão do retorno das competições no Brasil. As competições foram interrompidas na penúltima semana de março.Ou seja, os clubes e os jogadores estão sem atividades há pouco mais de um mês.