O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, cujo mandato termina na próxima terça-feira (31), aproveitou o recesso de Natal para prestar contas com os sócios e torcedores rubro-negros. E, de quebra, devolver com certo sarcasmo críticas veladas feitas pelo ex-aliado político Luiz Eduardo Baptista, o Bap, que assumirá o comando do clube no dia 1. O “chumbo-cruzado” soa como sinal de dias conflitantes para a nova gestão do Flamengo.
A guerra-fria foi declarada a partir da decisão de Landim de apoiar a candidatura do vice-geral, Rodrigo Dunschee, em vez de indicar o nome de Bap à sua sucessão. O presidente fez nascer no “ex-parceiro” um desafeto que não mediu forças para enfrentar a máquina administrativa: do dinheiro investido na campanha às alianças estratégicas para a vitória no pleito do último dia 9. Um feito pessoal na briga de egos comum em épocas passadas.
Bap tem sido duro nas críticas ao uso da máquina administrativa no último ano do mandato. Em seu primeiro discurso após ser eleito, disse haver um desequilíbrio no balanço monetário do Flamengo. Ou, em outras palavras, “um descasamento de quase 20 milhões de euros entre o que a gente vendeu e o que a gente comprou”. Nas entrelinhas, uma crítica ao gasto desenfreado com reforços e compra do terreno para a construção do estádio próprio.
Landim fez ouvidos de mercador na simbólica entrega do bastão, mas já postou em seu perfil nas redes sociais mensagem que alega ter comunicado primeiro aos sócios do clube. Em resumo, enumerou o aumento estupendo nas receitas, a redução drástica no nível do endividamento, a valorização do elenco e o número de títulos conquistados durante os seis anos dos dois mandatos. “Acredito que a nova gestão possa entregar, pelo menos, os resultados que nós entregamos”.
De fato, nem precisa ser expert em finanças para atestar a real valorização do atual elenco do Flamengo em comparação ao time que encerrou a temporada de 2018, último ano do mandato de Bandeira de Mello. Mas os dados passados por Landim são mesmo impactantes: diz que o elenco era avaliado em 47,3 milhões de euros. E que, hoje, sem Gabriel Barbosa e David Luiz, está em 215,8 milhões — diferença de 168 milhões de euros. No câmbio atual, significa mais de um bilhão de reais investidos em contratações de jogadores.