Goleiro formado no Flamengo , Daniel Tenenbaum é atualmente um dos destaques do Maccabi Tel Aviv , atual bicampeão da Liga de Israel e que busca uma vaga na fase de grupos da Champions League . A equipe receberá o Red Bull Salzburg , da Áustria, pela primeira partida dos playoffs da competição, nesta terça-feira (22/09), às 16h (de Brasília).

Além da rotina de jogador de futebol, o arqueiro também trabalha no exército israelense.

Por ter se mudado para o país antes dos 23 anos e ter recebido a nacionalidade, ele foi obrigado a servir por dois anos nas forças armadas.

No começo, sua família ficou preocupada porque achou que ele poderia ser enviado para a linha de frente de algum conflito armado.

“Eu trabalho mais em serviços internos burocráticos em escritórios, eu não vou para a batalha ou para a guerra. Podem ficar tranquilos”, disse, ao ESPN.com.br , em junho de 2020.

Daniel terminará em breve o serviço militar e poderá se dedicar somente ao futebol.

Do remo ao futebol

O goleiro, que começou no futsal do Vasco, chegou a sair do futebol por causa do colégio e treinou remo por dois no Flamengo.

“Nesta época eu até competia em regatas, mas que um dia fui chamado para fazer um teste como goleiro no futebol de campo do Fla. Fui aprovado e não saí mais”, contou.

O goleiro participou de todas as competições de base - incluindo a Copa São Paulo – antes de subir aos profissionais em 2014 com o técnico Vanderlei Luxemburgo.

“Eu recebia muita ajuda do [goleiro] Paulo Victor, estávamos sempre juntos. O Wagner Miranda [preparador de goleiros do Flamengo] é um cara especial, um excelente profissional”, elogiou.

Enquanto isso, ele se formou em administração da PUC (Pontífice Universidade Católica) do Rio de Janeiro.

“Eu era relacionado para as partidas e perdia muitas aulas, que eram de noite durante a semana. Eu recebi muita ajuda dos professores dos amigos com as matérias, mas não foi fácil”, recordou.

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Estreia na fogueira

Nos dois anos que ficou no profissional do Flamengo, Daniel jogou uma partida, que terminou 1 a 1 contra o Grêmio pelo Brasileiro de 2014, fora de casa. Ele entrou no segundo tempo depois da expulsão de César por uma falta na entrada da área.

“Foi um momento engraçado porque no lance que eu entrei já levei um gol. Todo o nervosismo já foi embora depois disso”, afirmou.

Por ser de uma família de origem judaica, Daniel recebeu o convite para defender o Maccabi Tel Aviv, em 2016.

“O clube procura jogadores judeus pelo mundo porque tem uma lei que você chega ao país e já ganha o passaporte. Daí, não entra na cota de estrangeiros”.

“Quando recebi a oferta eu dei uma olhada pra ver como era o clube e a estrutura. Fiquei muito feliz porque joga campeonatos da Europa como Champions e a Liga Europa. Eu topei essa aventura”.

Fanatismo da torcida

Apesar de já ter ido visitar Israel antes de se mudar, Daniel sofreu um pouco para se adaptar no começo porque foi morar sozinho em um país onde os costumes e o idioma são bem diferentes.

“Eu já falava inglês e isso me ajudou porque Tel Aviv é uma cidade muito jovem, moderna e boa de se viver. Tem coisas do mundo inteiro aqui. Israel é um país lindo e muito bom de se viver”, contou o goleiro, que hoje também fala o hebraico.

Atuando em um dos maiores clubes do país, Daniel conta que recebe muito carinho dos torcedores nas ruas e nas redes sociais. “A torcida aqui é bastante fanática, quase todos os jogos são lotados. Nos jogos a gente não pode usar nada vermelho, que é a cor do Apoel Tel Aviv, o nosso maior rival”.

“A liga tem jogadores - e até alguns times - de origem muçulmana. Alguns árabes jogam em times judeus, não tem esse tipo de problema. Até mesmo na seleção de jogadores de várias religiões”, garantiu.

O goleiro, que chegou a ter um ex-astro da Premier League como colega de time, diz que a estrutura do clube é boa.

“O futebol aqui é tecnicamente pior que o Brasil tecnicamente, mas a parte física é muito intensa. É um jogo mais parecido com a Europa. Anos atrás eu joguei com o [Yossi] Benayoun, ex-Chelsea e Liverpool. Ele é o jogador mais famoso da história do país”, contou.

Destaque em Israel

Nos três primeiros anos em Israel, Daniel ficou na reserva e fez apenas algumas partidas pelo Maccabi. Na última temporada, porém, ele virou titular e foi um dos destaques na conquista do campeonato Israelense.

“Daniel nos deu o retorno com a evolução técnica e física. Ele é tecnicamente muito apurado, um profissional excelente e comprometido. Ele foi uma grata surpresa para a gente no Flamengo. Fico muito feliz de ver o resultado do trabalho naquela temporada e de ele estar dando a resposta. Ele está aparecendo para o cenário do futebol e tem capacidade para chegar neste nível”, disse Wagner Miranda, preparador de goleiros do Flamengo, à ESPN .

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Com todo o sucesso, Daniel poderá defender Israel no futuro.

“Por enquanto eu não posso servir a seleção israelense, ainda não pensei nisso. Quando tiver a oportunidade irei pensar”.