O Flamengo divulgou nesta terça-feira (17), véspera da partida contra o São Paulo , pelas quartas de final da Copa do Brasil , uma entrevista exclusiva com Rogério Ceni. Nela, o atual técnico rubro-negro falou da chegada ao clube carioca, do relacionamento com os principais jogadores do elenco e do que o fez aceitar o desafio de assumir o lugar de Domènec Torrent mesmo em meio à temporada.
"Porque é o Flamengo e é diferente. Claro que pandemia afasta o torcedor do estádio, e isso é dificil, tem que entrar mais na cabeça do atleta para se manter concentrado. Mas para quem já viu Zico, Júnior, Adílio, Andrade e tantos craques jogarem no Flamengo, é sempre emocionante você ter a oportunidade de trabalhar num clube dessa grandeza", afirmou o comandante de 47 anos.
"Eu trabalhei a minha vida toda de atleta em outro grande clube, que é o São Paulo, mas ter a oportunidade de dirigir o Flamengo, com 4 anos de experiência como treinador, é algo que não vou abrir mão e não vou jogar fora. Quando passo aqui [no centro de treinamento], vejo a foto e gostaria de só ir embora depois de colocar minha foto na parede. E só se coloca quando é campeão".
Ceni disse também que não aceitaria outra oferta de trabalho para deixar o Fortaleza antes do fim da temporada, mas abriu uma exceção por ser um convite do atual campeão brasileiro e da Conmebol Libertadores .
"Para mim foi uma surpresa porque esse ano que passou em 2019, com sucesso, com treinadores de fora, não esperava um convite nesse momento, mas na segunda-feira, após a demissão do Domènec, Marcos Braz entrou em contato comigo. Não queria começar o trabalho no meio de uma temporada, mas a única exceção que eu abriria, e já tinha falado para a minha comissão técnica, era uma proposta do Flamengo. Foi uma proposta de trabalho fantástica. O estar aqui não tem nada a ver com o financeiro, mas com a oportunidade de ser campeão".
Outro assunto abordado pelo ex-goleiro foi o relacionamento com os principais jogadores do clube, mais especificamente Gabriel. Seu rival nos tempos de Santos e São Paulo, o atual artilheiro rubro-negro foi bastante elogiado por Ceni, que até lembrou uma pequena polêmica entre eles, após um clássico em 2014.
"Gabriel já me deu dor de cabeça, ele como garoto e eu como mais velho, mas agora quero que dê dor de cabeça aos outros e não para mim. É um menino extremamente talentoso. Quem faz muitos gols abre mão da parte tática, então encho bastante o saco dele, cobro bastante. Lembro de uma vez, ele com 17 anos, no Morumbi, que ele reclamou que eu falava demais. Falou que eu apitava o jogo. E eu brinquei que, se deixasse, eu apitaria. E gostaria que hoje eles fizessem isso, cobrassem mais. Fico feliz em te-lo ao meu lado e não discutir por jogar em outro time", disse o treinador.
São dois jogos no comando do Flamengo, ainda sem vencer: derrota por 2 a 1 para o São Paulo e empate por 1 a 1 com o Atlético-GO , ambos no Maracanã. Nesta quarta, Ceni busca não só o primeiro triunfo, mas também a consequente classificação às semifinais da Copa do Brasil, o único título, dentre os principais do país, que falta a sua carreira.
"Vencer é sempre importante, o espírito vencedor você tem que carregar, o histórico como atleta vencedor ajuda as pessoas a acreditarem. Único título que não tenho é a Copa do Brasil. Cheguei em uma final [em 2000]. Na época quem jogava Libertadores não jogava Copa do Brasil, portanto não foram tantas que disputei, mas cheguei numa final e perdi. É o título que falta na minha carreira", afirmou Ceni.
"Quem trabalha no Flamengo, ou nos últimos anos quem viu o Flamengo, entende que tem que ganhar o próximo jogo. Se você tem 50 jogos com esse time completo, é compreensível que você não perca mais que 5 jogos de 50. É um fato que, quando vê a qualidade, se tiver as trocas necessárias, todos à disposição, motivados e organizados em um plano tático, é difícil você bater um time como o Flamengo", completou.