Cenário da eliminação foi o padrão do Flamengo na Libertadores 2024

Não dá para dizer que foi surpresa. Depois de perder para o Peñarol dentro do Maracanã lotado na última semana, o Flamengo não conseguiu a sonhada virada como visitante e está eliminado da Libertadores com o 0x0 em Montevidéu. A pouca efetividade ofensiva, marca da equipe em grande parte dos jogos da competição, foi mais uma vez a realidade rubro-negra.

O time carioca chegou a ter bons momentos na 1ª etapa e no início do 2º tempo, mas jamais contou com um volume de finalizações de fato contundentes. Se desorganizou depois das mexidas feitas por Tite. De la Cruz decepcionou com uma péssima atuação. Arrascaeta esteve muito aquém do que se espera, e Gabigol tocou na bola seis vezes nos 37 minutos em que esteve em campo.

Escalações

Diego Aguirre repetiu a mesma escalação do jogo realizado no Maracanã semana passada. Tite promoveu a entrada de Léo Ortiz na vaga de Erick Pulgar. O restante da equipe foi o mesmo da última quinta-feira. Plata, porém, iniciou bem aberto pela direita, e Gérson partiu do lado esquerdo do ataque.

Como Peñarol e Flamengo iniciaram o segundo jogo pelas quartas de final da Libertadores 2024 — Foto: Rodrigo Coutinho

O jogo

Se o fato de jogar diante de sua torcida poderia fazer o Peñarol ter estratégia um pouco diferente do jogo do Maracanã, a vantagem mínima no placar acabou pesando mais para os uruguaios. A postura foi a mesma. Marcar o Flamengo em bloco baixo. Fechar bem a área e o centro do campo para impedir a criação brasileira. Sair em rápidos contragolpes ou assustar em bolas paradas.

O rubro-negro chegou muito perto de abalar essa estrutura logo no primeiro minuto. Plata cabeceou para a boa defesa de Aguerre em trama bem construída pelo lado esquerdo. A jogada deu o tom do setor mais produtivo do Flamengo no 1º tempo. Gérson flutuava para o centro a partir dali. Alex Sandro se projetava bem aberto. Bruno Henrique atacava a profundidade entre Milans e Javier Méndez.

Algumas boas trocas de passe foram trabalhadas no setor, mas faltava ocupar mais a área. Plata tentava. A medida que o jogo foi se desenvolvendo, no entanto, o arrojo do equatoriano se transformou em ansiedade e imprecisão. Acabou levando cartão amarelo por brecar um contra-ataque rival ainda aos 20 minutos e ficou pendurado antes de cometer outras faltas tolas.

Arrascaeta e De la Cruz transitavam por dentro, visando articular a equipe. O camisa 14 teve melhores ações, mas entrou pouco na área. Seu compatriota retomou algumas bolas que impediram transições rápidas dos uruguaios, mas com a posse não foi tão efetivo. Pela direita, Varela atacava por dentro e deixava Plata quase sempre bem aberto. Poucas combinações entre eles renderam frutos.

Gonzalo Plata disputa a bola em Peñarol x Flamengo — Foto: DANTE FERNANDEZ / AFP

Em síntese, o Flamengo rodava melhor em bola em relação ao primeiro jogo. Cometia menos erros, logo não estava tão exposto aos contragolpes, mas era muito pouco contundente. Plata teve uma grande chance ao receber a escorada de Bruno Henrique dentro da área, mas hesitou e não finalizou a poucos metros de Aguerre.

A excelente proteção de área do Peñarol precisa ser citada como um impeditivo. Méndez e Rodriguez estiveram impecáveis na 1ª etapa. Milans e Maxi Oliveira ficaram grudados a eles, e Darias e Damián Garcia protegeram a frente da área com competência. Ofensivamente o Carbonero incomodou em duas bolas paradas, ambas cobradas por Léo Fernández, mas nada de efetivo também.

O Flamengo conseguiu dar mais peso dentro da área na volta do intervalo. Isso foi o suficiente para aumentar a taxa de perigo. Bruno Henrique melhorou ainda mais. Seguiu trabalhando do centro para a esquerda, traçando diagonais em profundidade e chegou perto de marcar assim. Alex Sandro somou bons passes no setor. Participou de todas as boas jogadas de ataque do time no início da 2ª etapa.

Bruno Henrique disputa a bola em Peñarol x Flamengo — Foto: DANTE FERNANDEZ / AFP

Tite sacou Varela e Plata antes dos 15 minutos. Wesley e Gabigol entraram. Bruno Henrique passou jogar mais fixo pela esquerda e Gérson passou ao lado direito para trabalhar com o jovem lateral. Diego Aguirre trocou seus dois pontas por Sequeira e o lateral de ofício Lucas Hernández.

O efeito imediato foi negativo para o Flamengo, que demorou a se reorganizar e viu o Peñarol crescer. Damián Garcia quase abriu o placar em erro de saída de bola de Rossi. Ayrton Lucas no lugar de Alex Sandro foi a terceira mexida de Tite. A equipe seguiu sem reagir. Até conseguia cercar a área do Peñarol, mas sem a menor capacidade de penetrar, criar algo de perigo.

De la Cruz caiu ainda mais de produção na 2ª etapa, mas ficou em campo até o apito final. Arrascaeta também esteve bem abaixo do que pode. David Luiz e Matheus Gonçalves entraram depois dos 35'. Léo Ortiz e Fabricio Bruno foram sacados. Gérson passou a jogar de volante. Os cariocas foram para o ''abafa'' e quase marcaram em cruzamento de Matheus Gonçalves para Gabigol. Aguerre foi bem!

No final sobrou a decepção para a torcida rubro-negra, que mais uma vez vê a equipe cair na Libertadores diante de um rival muito tradicional, mas de grande inferioridade técnica em relação ao Flamengo. O Carbonero conseguiu executar melhor a proposta idealizada para o confronto, mesmo com menos material humano.

Fonte: Globo Esporte