A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro realizou nesta quarta-feira mais uma reunião por videoconferência com os médicos dos clubes cariocas para fazer ajustes no documento batizado como Jogo Seguro. São medidas de segurança para os clubes seguirem quando as atividades retornarem. O infectologista Celso Ramos, que tem auxiliado a Ferj desde a primeira reunião que definiu a paralisação da competição, conversou com a ESPN.
Sobre o documento:
É um documento extenso. Os autores serão todos os médicos que estão participando, em torno de 40 pessoas. É um documento bastante completo. Eu fiquei, não sendo da área de medicina esportiva e, eles não sendo da área de doenças infecciosas, eu fiquei bem impressionado. É um documento bem amplo que vai desde preocupação com transporte dos atletas, passando por disposição do equipamento, vestimenta, tem aspectos clínicos, sorológicos. É da gente bater palma.
É possível cumprir todas as medidas desse documento?
É possível cumprir todas essas medidas, não tem nada que seja estratosférico. O que se pode questionar, não quero entrar em detalhes íntimos, pois não sou o autor principal, sou um consultor. Segundo, o documento não está pronto, e quando for liberado por quem de direito e não por mim. Você pode discutir se essa medida é realmente eficaz, se aquela medida é realmente necessária, mas tudo que está ali e factível. Mas ainda está sofrendo ajustes. Foi a primeira prova no alfaiate.
Quem vai arcar com os custos dos testes? Isso chegou a ser falado?
Isso não está no documento, é um aspecto administrativo. Foi discutido, por exemplo afastar da equipe de treinamento pessoas que estejam supostamente submetidas ao risco maior, coisas desse tipo foram mencionadas que é uma coisa mais médica, mas quem vai pagar o teste, isso não.
Quando Jorge Jesus testou inconclusivo, depois repetiu o teste, se um atleta testar inconclusivo a ideia é ficar em quarentena?
Se tenho paciente com suspeita clínica e faço teste e ele dá negativo, temos que considerar ele tendo Covid, não estou falando de um paciente assintomático. Com clinica ou sem clínica se eu faço esse exame e esse exame é inconclusivo vou considerar como infectado, mantê-lo separado do restante.
Infectologista diz que é cedo para falar em retorno do Carioca e recomenda portões fechados
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Quais foram as maiores preocupações na reunião?
A grande preocupação é com saúde dos atletas e com a saúde da equipe de treinamento. Médico não abandona o paciente em qualquer circunstância.
O senhor esteve na primeira reunião para definir se campeonato seguiria ou seria paralisado... Foi diferente?
Aquilo foi outra reunião, com presidentes dos clubes, portanto aspectos técnicos não tinham o mesmo curso. O momento epidemiológico era outro e a decisão era simples para ou continua, vamos parar ou continuar. Foram levantaram as questões dos aspectos financeiros, mas eu como médico coloco a saúde e vida das pessoas na frente da questão financeira. São dois momentos diferentes. Essa é uma reunião profundamente técnica e a outra foi uma reunião política
Com tudo que foi discutido, é possível retornar em maio?
Acho pouco provável. Maio acho muito precoce. Ainda estamos na subida da curva. É cedo para falar em retorno.
E se o retorno for no final de maio com portões fechados?
A segurança será maior porque os atletas estarão sendo controlados e você não vai ter a aglomeração. Num campo de futebol a aglomeração é pequena. É um espaço grande para ter 22 atletas e mais três ou quatro árbitros, falando do campo em si. Agora, na arquibancada, você vai ter muito mais gente, então o risco de disseminação será menor num jogo com portões fechados.
Mesmo com contato do jogador no campo?
Mesmo com o contato do jogador no campo será menor. O risco no campo para jogadores não será muito diferente com ou sem plateia, desde que não corram para abraçar a plateia. O risco para os jogadores não muda muito com ou sem plateia, mas o risco da plateia é outro e não é controlável. Os jogadores entram em campo com bom estado de saúde, tiveram teste recente, o risco vai ser pequeno. É logico que isso vai ter que valer para arbitragem, não depende dos clubes, mas da FERJ. Agora a plateia, eu não controlo.
Acredita que volte no fim de maio com portões fechados?
Ainda não sei. Estamos na metade de abril. Você está querendo que eu preveja o comportamento da epidemia daqui há seis semanas. Acho pouco provável. Agora a minha opinião não tem a menor importância, quem vai decidir são clubes, FERJ e as autoridades. Se a prefeitura do Rio determina que o jogo não será feito, o jogo não será feito. Vamos supor que tenha duas semanas de subida, depois duas semanas de estabilização e depois duas semanas, nesse período que você me deu isso comece a baixar. Acho pouco provável que fale: final de maio vamos começar.
Documento será entregue a CBF e será alterado pouco a pouco?
Isso posso lhe dizer. O documento termina dizendo que é um documento vivo e pode ser modificado a qualquer minuto em função das novas evidências que estejam aparecendo.