Cebolinha celebra volta por cima, ressalta saúde mental e aponta sonho pelo Flamengo

“Melhor forma física, mental e técnica”. Foi assim que Everton Cebolinha definiu seu atual momento no Flamengo . Contratado em junho de 2022, o atacante viveu momentos de altos e baixos no clube e engrenou somente com a chegada de Tite no fim da temporada passada. De lá para cá ganhou destaque, virou titular absoluto e um dos homens de confiança do treinador.

Everton Cebolinha em entrevista durante pré-temporada do Flamengo — Foto: Letícia Marques / ge

São 11 jogos seguidos como titular - contando os amistosos na pré-temporada - e esta é a maior sequência desde que chegou ao clube. Antes, Cebolinha iniciou apenas quatro partidas consecutivas. Todas quando Dorival Júnior utilizou os reservas no fim do Brasileirão 2022. Em entrevista exclusiva ao ge, o atacante fez um balanço da passagem pelo Rubro-Negro. (A matéria completa você confere nesta terça-feira no Globo Esporte)

- Tem sido um momento de aprendizado, principalmente nos momentos mais difíceis, de oscilação. Foi um momento que eu procurei me fortalecer ainda mais, me preparar ainda mais, principalmente no extracampo. A gente sabe da cobrança e da dificuldade que é você vestir a camisa do Flamengo . Tem um peso muito grande, um peso enorme. E você tem que chegar e dar conta do recado, estar preparado já de urgência. E infelizmente nem todos os jogadores são assim, então procurei me preparar nisso também. Hoje eu me encontro muito mais preparado. Estou na minha melhor forma física, melhor forma mental e técnica, e eu tenho conseguido dar conta do recado. Hoje eu me sinto realizado e procuro usufruir de cada momento - e continuou:

- Teve momentos de muita dificuldade, que você acaba deixando a peteca cair um pouco, você fica um pouco mais triste, cabisbaixo, que é normal, principalmente numa temporada como a nossa, que são jogos decisivos a todos os momentos, mas em nenhum momento eu duvidei da minha capacidade. Em nenhum momento eu duvidei daquilo que eu vim fazer aqui no Flamengo . Não é a toa que eu escolhi o Flamengo e o Flamengo me escolheu. Quando eles foram me buscar lá em Portugal, eu não pensei duas vezes. Houve o primeiro contato no meio da temporada. Eu sabia que era questão de tempo. Alguns jogadores demoram mais que outros, mas hoje, com a sequência e a oportunidade que eu tive, eu pude ganhar essa confiança e corresponder - finalizou.

O investimento extracampo com psicologia e preparação mental, além do acompanhamento individual com fisioterapia e nutrição, foi potencializado com a chegada de Tite. O reencontro com o treinador que fez o atacante viver o ápice da carreira com a camisa da Seleção Brasileira deu confiança para Cebolinha, que foi corado com a sequência.

- Fiquei muito feliz (com a chegada do Tite) porque era um treinador que eu já conhecia, que também já me conhecia, tinha confiança no meu trabalho. Peguei acho que quatro anos sendo convocado por ele na Seleção. Então no dia a dia já conhecia o seu trabalho, a metodologia. Facilitou muito mais. Quando ocorrem muitas trocas de treinador no ano é sempre muito difícil, porque são metodologias diferentes, são culturas diferentes, estilos de jogo diferentes. Então isso me favoreceu bastante, porque era um treinador que eu já conhecia junto com a sua comissão.

A boa fase do atacante trouxe para o elenco mais uma possibilidade e aumentou a disputa por vaga do meio para frente. Cebolinha, por sua vez, enaltece a concorrência.

Tite Everton Cebolinha seleção brasileira — Foto: Lucas Figueiredo/CBF

- A gente procura estar no nosso máximo, tanto na parte física quanto na parte técnica. Porque a gente sabe da dificuldade. São grandes jogadores. Todos ali da frente têm condição de ser titular. Nesse momento, eu estou titular, assim como os meus companheiros, porque é uma concorrência muito forte. Isso só quem tem a ganhar é o Flamengo e nós mesmos, porque acaba elevando o seu nível, seu nível técnico, seu nível físico, então sempre a gente vai estar nos 100% e só o clube tem a ganhar com isso.

Everton Cebolinha — Foto: FC Series

Campeão da Copa do Brasil e da Libertadores, Cebolinha não escondeu o maior sonho com a camisa do Flamengo . O camisa 11 quer conquistar o Campeonato Brasileiro.

- Eu tenho um sonho pessoal, que acaba ocorrendo pro profissional também, que é ser campeão brasileiro. É um título que eu ainda não tenho. Tenho duas Libertadores, duas Copas do Brasil, mas não tenho um Brasileiro ainda. Então esse é um objetivo claro na minha mente. Espero que esse ano a gente possa conquistar todos os títulos possíveis. É muito difícil, óbvio, mas a gente tem se preparado.

Foco na saúde mental

- Foi principalmente logo após a pandemia, quando eu fui para Portugal, onde eu tive muita dificuldade, a mudança de cultura, e por estar no meio de uma pandemia também. Eu passei muita dificuldade lá. Na época, era só eu e minha esposa, e meu filho que era recém-nascido, o Pedro e a Sofia. Então era muito difícil pra nós. Acabei tendo momentos de oscilação e optei por procurar ajuda por fora. Minha esposa sempre me incentivou muito. Eu tinha esse tabu de achar que não era necessário, não precisava. Mas nós jogadores somos cobrados desde cedo, desde muito cedo. E eu saí de casa com 16 anos a primeira vez para morar sozinho num alojamento. Isso traz alguns traumas que você acaba não percebendo, mas em algum momento da sua vida isso vai vir à tona. A cobrança diária, a gente sabe que é muito difícil para um atleta de futebol, e o atleta não está preparado para isso. Hoje em dia esse tabu foi quebrado. Eu costumo dizer assim: eu tenho me preparado dessa forma, isso tem me ajudado muito, então aconselho muitos que isso é muito importante.

Momento no Flamengo

- Desde a minha chegada, fui cavando meu espaço ali, pouco a pouco, sempre respeitando meus companheiros, mas busquei esse momento, almejei esse momento, e hoje eu tô alcançando. Como eu falei, foi aquilo que eu plantei lá atrás, hoje eu estou colhendo e espero dar muitas alegrias ao torcedor rubro-negro nesses anos que eu pretendo ficar aqui.

Comemoração para o filho

- Foi ainda em Portugal. Ele gostava muito do Homem Aranha. O aniversário dele foi do Homem Aranha dois anos seguidos, porque ele gostava muito. E eu vi uma forma de homenagear ele fazendo gol e fazendo a comemoração do Homem Aranha. Desde então eu fiz, e até hoje é uma marca registrada, que ele já sabe de cor, então ele sempre me cobra. Minha filha também. Até brinco com a minha esposa, porque agora aumentou a comemoração, aumentou o filho, então são três: é o coração, é o dedo na boca e o Homem-Aranha. Mas estou podendo retribuir dentro de campo e fazer essa comemoração pra eles.

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Fonte: Globo Esporte