Desde a acusação de racismo feita por Gerson, durante entrevista após o duelo contra o Bahia , no último domingo (20), o Flamengo tem participado da apuração dos fatos e da defesa de seu atleta.

Na última terça-feira (22), o clube carioca divulgou um laudo técnico e o entregou à polícia com leitura labial da fala de Índio Ramírez a Bruno Henrique, em que três especialistas confirmariam o ato racista do atleta do Bahia.

Em seu perfil no Twitter, o vice-presidente jurídico rubro-negro, Rodrigo Dunshee, disse que havia encomendado ao Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) a leitura para apresentá-la ao STJD e à polícia.

Na última quinta (24), porém, o INES desmentiu sua participação no laudo do Flamengo, dizendo que, apesar de dois de seus profissionais terem elaborado o parecer, o Instituto não foi representado.

A nota de esclarecimento ainda coloca que, mesmo com a possibilidade de ter esse conhecimento, a instituição não se manifesta acerca de questões que envolvam leitura labial.

“De toda forma, considerando que o tema trazido à baila circunstancia fatos que supostamente teriam caracterizado a prática de crime de injúria racial, aproveitamos, mais uma vez, a oportunidade para manifestarmos nosso incondicional apoio à disseminação de políticas antirracistas”, finalizou a publicação.

Gerson já apresentou seu depoimento a uma delegacia especializada em crimes de injúria racial no Rio de Janeiro, com a presença de membros do Flamengo, e espera o desfecho das investigações.

Leia, na íntegra, a nota do INES:

A Direção Geral do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) vem a público prestar os devidos esclarecimentos acerca de informações veiculadas em alguns meios de comunicação, de diferentes mídias, e que envolvem este Instituto. Na oportunidade, foram divulgadas várias reportagens noticiando uma suposta participação do INES na elaboração de laudo técnico em que se comprovaria o teor da fala de um jogador de futebol pertencente a uma determinada agremiação esportiva.

Sobre a situação o INES tem o seguinte a elucidar:

a) dos três profissionais responsáveis pela elaboração do parecer técnico, dois deles, embora pertencentes ao quadro de servidores da Instituição, em que ocupam o cargo de Tradutor e Intérprete de Língua Brasileira de Sinais, não o fizeram representando o INES, mas sim de forma particular;

b) o INES, a despeito de possível expertise que possa vir a ter qualquer um de seus servidores, não possui a competência para se manifestar sobre questões que requeiram habilidades de “leitura labial”;

c) o INES, na qualidade de instituição federal de ensino vinculada ao Ministério da Educação, não possui autorização regimental para prestar serviço em prol de interesses privados a pessoas físicas ou jurídicas, sendo seus recursos humanos e materiais integralmente voltados para a realização das políticas públicas que lhe são legal e regimentalmente atribuídas.

De toda forma, considerando que o tema trazido à baila circunstancia fatos que supostamente teriam caracterizado a prática de crime de injúria racial, aproveitamos, mais uma vez, a oportunidade para manifestarmos nosso incondicional apoio à disseminação de políticas antirracistas.