As novidades anunciadas pela Fifa no domingo (17), com a criação de uma nova Copa Intercontinental anual e as datas para o Super Mundial de Clubes de 2025 , significarão também um desafio para as confederações e ligas definirem seus calendários de jogos.

Para os brasileiros, por exemplo, Palmeiras , Flamengo e Fluminense , campeões da CONMEBOL Libertadores já garantidos no Mundial de 2025, podem passar até um mês longe do Brasil, nos Estados Unidos, onde acontecerá a disputa de 32 clubes pelo título.

Já com a Copa Intercontinental, a ser disputada a partir de 2024 sempre no fim do ano , um eventual campeão sul-americano pode viver uma maratona incrível de jogos, também com longas viagens como desafio.

Com o Super Mundial, a CBF precisará encontrar o que fazer com compromissos de Palmeiras, Flamengo e Fluminense no Brasileirão , já que dificilmente haverá condições para a competição ser totalmente paralisada no período.

A edição de 2025 acontecerá nos Estados Unidos de 15 de junho a 13 de julho. Ainda que seja improvável imaginar um brasileiro avançando até a decisão, já que 12 europeus estarão na disputa , todos os clubes chegarão mais cedo ao país-sede para aclimatação.

Se fosse em 2024, por exemplo, o período reservado para o Mundial prevê oito rodadas do Brasileirão, da 11ª a 18ª. Já a Copa do Brasil estará a espera das oitavas de final (previstas para o fim de julho apenas), assim como a Libertadores (os grupos se encerram em maio, e as oitavas começam em agosto).

A Copa Intercontinental, por sua vez, poderá impor uma maratona pesada para um clube brasileiro que vença a Libertadores. Em 2024, por exemplo, a final do torneio está marcada para 30 de novembro. Caso essa mesma equipe esteja na luta pelo título do Campeonato Brasileiro, ela terá as três rodadas decisivas entre o dia 1º e 8 de dezembro, quando está previsto o final da Série A.

E aí entra a Copa Intercontinetal: um eventual campeão brasileiro da Libertadores terá que jogar um playoff contra o campeão da Concacaf para avançar ao jogo que definirá o finalista do torneio contra um europeu. Esse segundo confronto já tem data, 14 de dezembro em um local neutro. Ou seja, o duelo entre sul-americano e representante da América do Norte e Central tem que ser disputado antes.

Considerando o fim do Brasileiro no dia 8 e o playoff em 14 de dezembro, há cinco dias para essa partida acontecer. Em tese, intervalo viável. O problema é uma eventual viagem: isso porque o confronto entre o campeão da Libertadores com o da Concacaf acontecerá com mando de um dos dois, alternando de ano para ano.

Imaginando um cenário com o mando do campeão da Concacaf, por exemplo. O atual vencedor é o León, clube de cidade com o mesmo nome no México. Caso o Fluminense, que venceu a Libertadores 2023, tivesse que viajar para um confronto na casa dos mexicanos, seria um trajeto de quase 8 mil quilômetros, com cerca de 16 horas de viagem.

Isso antes da viagem para onde acontecerá a Copa Intercontinental em si. Se a Arábia Saudita, que recebe o Mundial de 2023, fosse a sede, por exemplo, seriam aproximadamente 14 mil quilômetros de distância e mais de 20 horas de viagem.

Problema também na Europa e jogadores de olho

Não é só no Brasil que o novo Mundial de Clubes, principalmente, criará um desafio. Para os europeus, imaginando um cenário, por exemplo, que o Manchester City chega à final disputada em 13 de julho de 2025. Na atual temporada, a Premier League começou em 11 de agosto; ou seja, haveria potencialmente menos de um mês de intervalo para descanso, sem nem considerar a Supercopa da Inglaterra , disputada uma semana antes do início do Campeonato Inglês.

Não por acaso a FIFPro, sindicato mundial de jogadores, já se manifestou de forma contrária à realização do torneio sem a consulta da Fifa aos atletas . "Essa nova implementação sobre a carga de trabalho dos jogadores demonstra uma falta de consideração pela saúde mental e física dos jogadores, bem como um desrespeito", disseram, através de comunicado.

"A competição ampliada prejudicará o tempo de descanso e recuperação desses jogadores e atrapalhará ainda mais as competições nacionais e internacionais. Os jogadores (que atuam na Europa) terão que jogar no final de uma temporada de 11 meses, com poucas perspectivas de descansar o suficiente antes do início da temporada seguinte."