Preocupado com a crise na CBF, o presidente da entidade, Rogério Caboclo, visitou o ex-presidente da casa Ricardo Teixeira em uma tentativa quase desesperada de estancar a sangria política que ameaça seu mandato atual à frente do futebol brasileiro.

O encontro presencial ocorreu nesta semana, em meio à revelação do enorme desgaste sofrido por Caboclo em função de uma desgastada relação com uma funcionária da CBF – ligada ao também ex-presidente Marco Polo Del Nero e afastada por alegações médicas.

Rogério já tinha entrado em contato com Teixeira por telefone brevemente no início de maio. Desta vez, no entanto, resolveu visitar o ex-presidente pessoalmente à medida que explodiu a pressão com a divulgação da crise que já tomava conta dos bastidores.

“Primeira onda” controlada

Segundo interlocutores das duas partes ouvidos pela reportagem, o encontro serviu para acalmar os ânimos e, como dito por cartolas, controlar a “primeira onda” da crise. Os dirigentes foram unânimes, no entanto, em lembrar que a situação ainda está longe de ser totalmente controlada.

Com Marco Polo como inimigo em comum no momento, Caboclo e Ricardo passaram a dialogar com mais frequência no que agentes políticos importantes do cenário do futebol nacional definiram como “aproximação circunstancial” apenas.

O presidente atual tenta evitar a todo custo que Del Nero articule sua queda. Teixeira, por sua vez, tenta impedir que Marco Polo volte a ter mais peso nos bastidores.

Vices e presidentes ao lado de Teixeira

Além de Caboclo, alguns vice-presidentes da CBF e presidentes de federações também conversaram com Ricardo ao longo dos últimos dias. Foi justamente a aproximação desses cartolas que sinalizaram que aqueles que poderiam agir em conjunto com Marco Polo para derrubar Rogério não se posicionaram totalmente ao lado do inimigo da dupla.

Enquanto Marco Polo sonhava com um alinhamento imediato de presidentes e vices para articular a derrubada de Caboclo, eles optaram por ouvir Ricardo e contornar um primeiro momento da crise.

Preferência de Del Nero por Castellar incomoda

Cartolas mais velhos, inclusive, não gostaram de saber da preferência de Marco Polo por Castellar Neto, que tem 38 anos, para ficar com a vaga de presidente em caso de uma possível saída de Caboclo. O episódio se juntou ao papo com Ricardo para diminuir a temperatura de um caldeirão prestes a entrar em ebulição.

Preocupação com outros casos

Os diálogos com Teixeira e o movimento recente de presidentes e vices ainda não tranquilizam Caboclo. O presidente e pessoas próximas ainda temem o desfecho da desgastada relação com a funcionária afastada. Integrantes influentes da CBF também não descartam que outros problemas do mandatário com funcionários que já até deixaram a confederação venham à tona após a explosão da crise desta semana.

Constrangimento e pressão

Somado a isso, a governabilidade, que já era mínima, se tornou praticamente nula ao longo desta semana. Cartolas de clubes e federações, funcionários da portaria à presidência e outros agentes do futebol já não demonstram reconhecer o poder do atual presidente.

A pressão que parecia habitar apenas o tabuleiro político também se faz presente nos corredores da CBF. O ambiente é de absoluto constrangimento no imponente prédio da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Rogério Caboclo segue calado sobre o tema e não comenta as informações. Procurado, Ricardo Teixeira não respondeu os contatos da reportagem.