Bruno Henrique encarna o modo unicórnio e concentra esperanças do Flamengo contra o São Paulo

De 2019 para cá o Flamengo empilhou taças com a soma de talentos de seus jogadores. Amanhã, contra o São Paulo, a principal esperança recai sobre os ombros de um só: o “unicórnio” Bruno Henrique. No lugar de quarteto com Arrascaeta e Éverton Ribeiro ou da dupla apenas com Gabigol, com quem faz a comemoração da “fusão”, o camisa 27 assume um protagonismo diferente, solitário, e surpreendente diante de uma temporada de incertezas após uma grave lesão. de ligamento no joelho direito.

Não dá para negar que a história de superação que mais combina com o ano ruim do Flamengo é a de Bruno Henrique. O apelido do equino mitológico veio da raridade do jogador, que reúne qualidades de força, velocidade e impulsão que o tornam, mesmo após grave problema no joelho, um atleta de nível físico diferente dos demais. Não à toa, foi considerado “Rei dos Clássicos” e levou o título de Rei da América em 2021.

Ao notar que tinha seu unicórnio de volta, o Flamengo passou a dosar o atacante de 32 anos para tê-lo no auge em momentos importantes. Desde que voltou, são seis gols marcados. Com Sampaoli, Bruno Henrique se tornou a principal arma de um ataque que não se baseia nos centroavantes, e requer mobilidade e intensidade. No um contra um, o velocista consegue levar vantagem e abrir defesas fechadas. Dá ao time uma verticalidade que outros não conseguiram, como Everton Cebolinha, que custou quase R$ 100 milhões no ano passado.

O gol sobre o Botafogo nos acréscimos terminou de consolidar a imagem de Bruno Henrique também como o jogador capaz de salvar o Flamengo das ideias de seu treinador. Já que não funciona coletivamente, a bola nos pés do atacante é um fio de ilusão de que alguma solução incentiva vai acontecer. Diferentemente de outras temporadas, quando atuava pela faixa esquerda do campo apenas, BH tem atuado também por dentro quando tem Ayrton subindo pelo seu setor. Ou quando Gabigol sai muito da área para fazer o movimento em facão, abrindo espaço para infiltração do companheiro na diagonal, na segunda trave.

A pegada decisiva de Bruno Henrique logo fez com que os torcedores cobrassem a diretoria para não perder tempo e renovasse o contrato do atacante, que vence ao fim da temporada. O retorno aos gramados superando as previsões ruins depois da grave lesão no joelho motivou também ofertas de outras equipes. Clubes do Brasil e do exterior monitoram a situação, mas o Flamengo entende que a boa relação com o jogador não vai gerar problemas para a permanência. Ficou decidido que as conversas vão se intensificar após as finais da Copa do Brasil.

A dependência de Bruno Henrique se dá ainda mais na ausência de Arrascaeta. O uruguaio ainda não treinou com o grupo e só deve ficar à disposição no jogo da volta, contra o São Paulo, no outro domingo. Além disso, os centroavantes Gabigol e Pedro não vivem bom momento. E Everton Ribeiro virou reserva. Gerson, que também estava no quinteto em 2019, não desempenha seu melhor futebol este ano. Com o retorno de Pulgar ao meio-campo, outro destaque em 2023, o Flamengo promete estar mais equilibrado em sua defesa para acionar Bruno Henrique.

Reunião de jogadores

Antes do treino que antecede a partida no Maracanã, os jogadores se reuniram ontem para uma conversa a portas fechadas, sem a presença da comissão técnica de Sampaoli. O presidente Rodolfo Landim compareceu ao Centro de Treinamento para conversar com o treinador antes da atividade. Há uma mobilização de todos para o título apesar dos problemas sabidos de relacionamento entre os atletas e Sampaoli. Os dirigentes do futebol admitem o fim de ciclo, mas aturam a permanência do argentino para que não haja uma crise a dias de o clube tentar garantir a única conquista palpável da temporada. Depois das finais diante do São Paulo, a demissão de Sampaoli voltará à pauta. Com multa alta e contrato até o fim de 2024, a tendência é buscar um acordo para a interrupção do trabalho em dezembro, em caso de título, ou até antes, na ocasião de um novo fracasso.

Fonte: Extra