Há exatos 60 anos, em um 20 de abril como nesta segunda-feira, o esquadrão do Bahia , que havia superado o Santos de Pelé 22 dias antes pela decisão da Taça Brasil, tornou-se o primeiro clube brasileiro a disputar a Copa Libertadores da América , recém-criada.
A estreia do time tricolor ocorreu contra o San Lorenzo pela primeira fase. Diferentemente de hoje, o torneio foi disputado do começo ao fim no sistema mata-mata. Eram sete equipes --tudo porque o Universitário, do Peru, desistiu antes da abertura-- com jogos de ida e volta.
O início para o Brasil, no entanto, foi bem amargo.
O Bahia perdeu para o San Lorenzo por 3 a 0, no estádio El Palacio, em Buenos Aires, estádio que era casa do rival Huracán e foi escolhido por ser mais moderno e adequada para o jogo do que o velho Gasómetro, casa dos Cuervos.
Outra curiosidade em relação ao jogo de estreia é que o autor do último gol, José Sanfilippo, defendeu anos depois o time tricolor. Foi contratado após uma passagem pelo Bangu e ficou de 1968 até 1971. Fez parte do esquadrão bicampeão estadual.
Já o revés deixou a situação complicada. Só um milagre (uma vitória por 4 a 0) daria a vaga ao time em Salvado. Não aconteceu.
A equipe brasileira teve muita dificuldade e venceu de virada por 3 a 2, na Fonte Nova. Foi eliminada. Os argentinos pararam na semifinal diante do Peñarol. E foram os uruguaios que ergueram a primeira taça ao baterem o Olimpia, do Paraguai, nas finais.
O grande jogador daquela equipe do Bahia era o atacante Léo Briglia. Ele foi o artilheiro da Taça Brasil, com oito gols. O time que entrou em campo contra o San Lorenzo foi escalado assim: Nadinho; Leone, Henrique, Vicente e Beto; Flávio e Mário; Marito, Alencar, Léo Briglia e Biriba.
Foram feitas três mudanças na partida seguinte. Saíram Vicente, Alenxar e Ari para as entradas de Nelzinho, Carlito e Mário, respectivamente.
Coube a Carlito, então veterano com 32 anos, marcar o primeiro gol de um jogador brasileiro na Copa Libertadores. Foi aos oito minutos do primeiro tempo, em Salvador. Vale dizer que o jogador está na história do clube tricolor como o maior artilheiro. Fez 253 tentos.
O curioso da participação do Bahia na Copa Libertadores de 1960 é que a equipe era treinada pelo argentino Carlos Volante, que, segundo a lenda, deu nome a posição no meio de campo. Ele assumiu o time justamente na última partida decisiva da Taça Brasil de 1959.
Até a conquista do Campeonato Brasileiro pelo Flamengo de Jorge Jesus, no ano passado, Carlos Volante ostentava a façanha de ser o único técnico estrangeiro campeão de um torneio nacional oficial no país.
O primeiro capítulo pode não ter sido brilhante, mas os clubes brasileiros escreveram ao longo dos anos páginas gloriosas na Libertadores.
Começou com o bicampeonato do Santos de Pelé (1962 e 1963). Depois de um breve hiato vieram os títulos de Cruzeiro , Flamengo e Grêmio , entre o final dos anos 70 e início da década de 1980.
Houve um novo hiato e aí chegou a década de domínio. Primeiro com o bicampeonato do São Paulo do técnico Telê Santana. Depois vieram os títulos de Grêmio, Cruzeiro, Vasco e Palmeiras , esta em 1999.
Após um novo período sem conquistas, vieram os triunfos marcantes de São Paulo, Internacional (duas vezes alternadas), Santos de Neymar, Corinthians de Tite, Atlético-MG de Ronaldinho Gaúcho, Grêmio de Renato Gaúcho e Flamengo de Jorge Jesus.
O ranking da Conmebol para a Copa Libertadores tem quatro brasileiros no top 10, o que faz do Brasil o país predominante nas primeiras posições. A lista leva em conta a performance nos últimos dez anos na competições, desempenho em competições nacionais e o coeficiente histórico.