Boto pode deixar o Flamengo sem pagar multa ao fim do primeiro ano; renovação já era analisada

O Flamengo chegou a ensaiar a renovação do contrato de José Boto e iniciou conversas para ampliar a permanência do diretor de futebol no comando da pasta. A negociação previa a retirada de uma cláusula vigente hoje que permite a Boto rescindir o vínculo ao fim do primeiro ano sem multa, desde que não assuma outro clube sul-americano. Em caso de demissão por parte do Flamengo ou pedido do dirigente, o contrato vigente ainda prevê o pagamento de um valor dos dois lados pela ruptura.

Apesar do movimento da diretoria para garantir sua continuidade antes do Mundial de Clubes, Boto avalia a possibilidade de deixar o Flamengo. O dirigente português está incomodado com o veto à contratação do atacante irlandês Mikey Johnston, nome aprovado por ele e pelo técnico Filipe Luís. O jogador já estava com viagem marcada para o Rio, mas por decisão do presidente Bap foi vetado.

O episódio intensificou um processo de desgaste iniciado após a eliminação no Mundial de Clubes, com críticas internas ao trabalho de Boto e do técnico Filipe Luis, vindas inclusive dos jogadores. O ambiente no departamento de futebol ficou mais tenso, e a insatisfação, que antes se restringia aos bastidores, ganhou eco.

Mesmo com respaldo da cúpula, Boto já vinha adotando uma postura de cautela sobre a permanência. Após oito anos seguidos vivendo fora de Portugal e longe da família, o dirigente queria fazer um balanço ao fim da temporada para decidir se seguiria no clube. E se deparou com uma realidade desgastante no futebol brasileiro.

A indefinição também atinge o futuro de Filipe Luís, com quem Boto já tinha acordo para renovação por mais uma temporada. A proposta, no entanto, ainda aguarda aprovação final da diretoria. Em meio ao impasse, o nome de Jorge Jesus voltou a ser citado nos bastidores da Gávea como opção, o que aumentou a tensão no núcleo do futebol.

A crise expõe novamente as dificuldades do Flamengo em sustentar um modelo de gestão profissional diante das pressões políticas internas. A permanência de José Boto agora está condicionada à retomada da confiança, da autonomia e da estabilidade no comando do futebol.

Fonte: O Globo
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