Em nota enviada ao site “Globoesporte.com”, o Corpo de Bombeiros alegou jamais ter vistoriado o local do CT do Flamengo onde, na última sexta-feira, aconteceu o incêndio que matou dez garotos da base do clube.

Segundo os Bombeiros, a estrutura provisória na qual os garotos estavam alojados não constava no projeto.

De acordo com o site, o Corpo de Bombeiros fez três vistorias no Ninho do Urubu e várias pendências haviam sido detectadas pelos responsáveis. Todas elas relacionadas à execução do sistema de segurança contra incêndio e pânico.

Os Bombeiros ainda explicaram que não cabia ao Corpo determinar o número de portas e janelas para os dormitórios onde estavam os atletas, sendo essa responsabilidade do município.

Veja abaixo o depoimento do Corpo de Bombeiros:

"A vistoria do Corpo de Bombeiros é realizada com base no projeto de segurança apresentado pelo clube e aprovado pela corporação conforme legislação vigente. A estrutura provisória não constava no projeto e não foi identificada nas áreas vistoriadas.

Em casos de processos de regularização, as vistorias são realizadas sob demanda. O responsável pela edificação solicita para comprovação da execução das pendências. Sendo aprovado, é emitido o Certificado de Aprovação do Corpo de Bombeiros. Caso contrário, o despacho é indeferido. Em 2018, por exemplo, foram realizadas três vistorias no local.

O Certificado de Aprovação não foi emitido pelo Corpo de Bombeiros por falta de cumprimento pleno da legislação vigente. Existem pendências de execução do sistema de segurança contra incêndio e pânico.

No que diz respeito às pendências listadas para o CT, na última vistoria, são alterações no projeto aprovado como: layout do bloco 17, posicionamento e instalação de gerador, ausência de instalação de caixa d’água próxima ao eixo das bombas da casa de máquinas, ausência de hidrante urbano, modificação do projeto da cozinha dos blocos 5, 6 e 7.

Para entendimento: No caso de dormitórios, não cabe ao Corpo de Bombeiros determinar número de portas e tamanho de janelas, por exemplo. O Código de Obras do município e as normas técnicas vigentes regem essa especificação."

'Gambiarra' no ar

Também neste domingo, o “Fantástico”, da TV Globo , conversou com um especialista em segurança que apontou uma possível ‘gambiarra’ que pode ter contribuído para o incêndio.

"Esse tipo de ar condicionado tem a parte do condensador fora do ambiente, ele passa exatamente sobre o sanduíche do material isolante. Temos um acabamento padrão de alumínio, que tem característica de resistência de passagem de calor. Se não houvesse isso ou se tiver a possibilidade da chama gerada entrar em contato com o material que está dentro do sanduíche, o que vai acontecer é que vai estabelecer uma queima semelhante a um forno de carvão. Ou seja, uma queima com muito pouco ar", explicou Moacyr Duarte.

"À medida que vai tendo a evolução da linha de queima para cima, você vai puxando o ar pelas frestas. Isso vai alimentando aquela combustão lenta até que chegue na extremidade da junção de placa, o próprio calor gerado começa a dilatar as frestas e o ar entra", completou.