Bandeira vermelha: grupo de trabalho põe alerta máximo para Flamengo x Palmeiras no Maracanã

O confronto entre o líder do Brasileiro Flamengo e o terceiro colocado Palmeiras, neste domingo, às 16h, vai servir de primeiro teste para atuação em conjunto de diversos atores para garantir a segurança na partida. Serão, ao todo, 450 policiais dentro e, principalmente, fora do estádio.

Mais de 56 mil ingressos já foram vendidos para a partida deste fim de semana. Restam apenas entradas para o setor Maracanã Mais. A carga total de ingressos para Flamengo x Palmeiras, de domingo: 65.839, com 57.764 à venda.

A definição das medidas de segurança segue novo padrão de atuação em jogos no Rio de Janeiro - por enquanto previsto para partidas apenas no Maracanã. O planejamento é resultado de um ano de estudos de cooperação entre Ministério Público do Rio, Polícia Civil e Militar, Batalhão Especial de Policiamento em Estádios, Guarda Municipal, Ferj, CBF e clubes, entre outros agentes.

À esquerda, Izabella Lentino, do MP, e à direita, Marcelo Viana, diretor de competições da Ferj e delegado da partida, em reunião nesta quinta-feira — Foto: Raphael Zarko

À esquerda, Izabella Lentino, do MP, e à direita, Marcelo Viana, diretor de competições da Ferj e delegado da partida, em reunião nesta quinta-feira — Foto: Raphael Zarko

A classificação de risco para o confronto entre cariocas e paulistas têm grau de risco muito alto, com bandeira vermelha . Isso quer dizer: maior efetivo policial, maior número de interdições de ruas e avenidas, entre outras medidas. A classificação vai de nível muito baixo e baixo (bandeira verde), médio (amarela), alto (laranja) e muito alto (vermelha).

A reunião operacional do jogo, realizada nesta quinta-feira na sede da Ferj, resolveu últimos ajustes para o jogão deste domingo. Como a escolta aos ônibus de organizadas do Palmeiras - serão recebidos pelo Bepe às 10h em Piraí , num restaurante à beira da estrada. Lá, serão revistados e direcionados até o estacionamento no antigo estádio de atletismo Célio de Barros.

Cores determinam classificação de risco para partidas no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução relatório do MP/GATE

Cores determinam classificação de risco para partidas no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução relatório do MP/GATE

Ponto de partida foi final da Sul-Americana 2017

O marco inicial do projeto foram as confusões, tentativas de invasão do Maracanã e diversos problemas dentro e fora do estádio na final entre Flamengo e Independiente, de 2017.

- Quando aconteceu tudo aquilo reunimos todos atores envolvidos no espetáculo. Desde o Bepe, até os técnicos e peritos do MP, administradores do Maracanã, clubes, Guarda Municipal... Colocamos técnicos para conversarem e chegarem nesse trabalho de classificação de risco, cada um dando opinião e conversando - conta o promotor do MP Claudio Varela, que é coordenador do Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor (GAEDEST/MPRJ).

Flamengo x Independiente em 2017 foi de muita confusão — Foto: Reprodução

Flamengo x Independiente em 2017 foi de muita confusão — Foto: Reprodução

Foram quatro jogos de simulação e observação das novas medidas, com relatórios produzidos para realizar ajustes antes do jogo-piloto, que é como está sendo chamado este Flamengo x Palmeiras. Um dos quatro jogos de simulação foi contra o Emelec, que tinha alta tensão devido à possibilidade de eliminação do Rubro-Negro. O grupo de trabalho conta que impediu ameaça de invasão da torcida rubro-negra do estádio lotado.

- Lógico que não afasta completamente o risco, mas é uma forma de profissionalizar este processo. De conversar com outros agentes, de colocar todas instituições, que acho que não conversavam tanto antes - opinou o promotor do MP.

Com Maracanã lotado, a partida contra o Emelec teve risco de invasões evitado, segundo o promotor do MP, Claudio Varella — Foto: André Durão / GloboEsporte.com

Com Maracanã lotado, a partida contra o Emelec teve risco de invasões evitado, segundo o promotor do MP, Claudio Varella — Foto: André Durão / GloboEsporte.com

Fatores de risco: além de rivalidades, situação do time e política do clube

A metodologia foi desenvolvida pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e aplicada anteriormente em série de eventos em solo brasileiro - desde a Rio+20 (encontro de chefes de estado na cidade, em 2012) até Copa do Mundo 2014 e jogos olímpicos 2016.

Ao fundo, técnicos do MP explicam nova metodologia. De costas, de vermelho e de branco, os representantes de Flamengo e Palmeiras, respectivamente — Foto: Raphael Zarko

Ao fundo, técnicos do MP explicam nova metodologia. De costas, de vermelho e de branco, os representantes de Flamengo e Palmeiras, respectivamente — Foto: Raphael Zarko

O Ministério dos Esportes quer o uso deste conjunto de critérios e ações no futebol brasileiro. A ideia é começar pelo Maracanã, mas exportar para outros grandes palcos cariocas - Nilton Santos e São Januário - e depois para outros estados do país.

Perita do Grupo de Apoio Técnico Especializado (GATE, do MP), Izabella Lorentino lembra que a partida entre Flamengo e Palmeiras serve para novos ajustes na padronização de ações para segurança e conforto de torcedores no estádio.

- Quando temos o risco muito alto, da bandeira vermelha, temos algumas recomendações, como fechamento parcial ou total da pista sentido centro da Radial Oeste, a decisão de colocar o Batalhão de Choque na rua. São medidas, digamos, mais radicais, que podem gerar maior impacto na cidade e por isso são avaliadas em conjunto. Conforme a classificação, a cor da bandeira, tem efetivo recomendado de policiais, de guardas municipais, para varredores da Comlurb - comentou.

Além dos 450 policiais destinados para a partida de domingo, a Secretaria de Segurança Pública vai enviar 30 agentes ao jogo. A Cet-Rio, mais 75 homens e mulheres, com 25 guardas de trânsito. Vão espalhar também cinco paineis com orientações de trânsito pela cidade.

- É um jogo que vale liderança, com rivalidade de torcidas. A gente sabe que a torcida do Palmeiras tem afinidade com a torcida do Vasco. Realmente é uma partida que precisa de atenção máxima - disse na reunião Marcelo Viana, diretor de competições da Ferj.

Alerta contra cantos homofóbicos

A metodologia desenvolvida leva em conta a distribuição de torcida dentro dos estádios - se estará dividido meio a meio ou 90% mandante e visitante com 10%. Também o fator motivacional da partida, com algum resultado que possa ser determinante para título ou rebaixamento , além de situação política que o clube vive.

Em ano eleitoral, combinado a desempenho ruim do time em campo, há um determinado cálculo de risco. Caso o processo eleitoral esteja aberto, mas dentro das quatro linhas a situação da equipe na tabela esteja confortável a classificação de risco pode ser outra.

A reunião da Ferj serviu também para reforçar ao Flamengo que envie mensagens ao público contra cantos homofóbicos em estádios de futebol. Em São Januário, no último domingo, o árbitro Anderson Daronco paralisou Vasco x São Paulo até cessar o coro dos torcedores vascaínos. O diretor de competições da Ferj pediu ao clube carioca que reproduza no telão e no sistema de som mensagens com esta lembrança, assim como já faz para arremesso de objetos em campo.

Fonte: Globo Esporte