Artilheiros têm pior média desde 2006, e análise aponta futebol mais coletivo


O jornal “ Folha de S. Paulo ”, em sua reportagem principal do caderno de esportes nesta sexta-feira, fez um levantamento dos números dos artilheiros do Campeonato Brasileiro desde a edição de 2006, quando a competição passou a ser disputada com 20 clubes em pontos corridos. A pesquisa mostra que a atual edição é a pior em relação aos goleadores. Fred , líder da estatística em 2016, com 13 gols após 33 rodadas, tem média de 0,4 gol por partida, a pior da história para um artilheiro do Brasileirão.

No "Redação SporTV ", os comentaristas concluíram, assim como o jornal, que o futebol brasileiro está mais coletivo (assista ao vídeo) .

- Isso é resultado do 7 a 1. A partir dali, cada vez mais os técnicos brasileiros foram entendendo que a montagem de uma equipe passa pela valorização do jogo coletivo. Tanto é que, se parar e pensar, quem é o melhor jogador do campeonato? Não tem ninguém que esteja destacadamente (à frente), unanimemente - afirmou o jornalista Paulo César Vasconcellos.

Fred Atlético-MG (Foto: Bruno Cantini/ Atlético-MG) Fred é o artilheiro do Campeonato Brasileiro com menor média de gols desde 2006 (Foto: Bruno Cantini/ Atlético-MG)

O ator Thiago Lacerda, torcedor do Flamengo, também acredita que falte atualmente ao futebol brasileiro jogadores com características de goleadores.

- Somado a isso tem a constatação de um momento específico do futebol brasileiro: nós não temos um grande centroavante. Cadê o Ronaldo? Cadê o Romário? Cadê o Bebeto? O Fred é um grande centroavante, mas está aquém da expectativa da história daquela posição no futebol brasileiro - afirmou, apontando também sua aposta no desenvolvimento de Gabriel Jesus, jovem atacante do Palmeiras e da seleção brasileira.

- Sobre Robinho e Gabriel Jesus, particularmente ficaria com Gabriel, mas muito mais porque a gente deposita uma esperança futura, do que propriamente pelo que ele está jogando. A gente vive um hiato de talento nessa posição com a camisa 9.

Arthur Dapieve, colunista do jornal "O Globo" e torcedor do Botafogo, lembra também que o estilo de Gabriel Jesus já é diferente do que se via anteriormente na função do camisa 9.

Gabriel Jesus Palmeiras (Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação) Gabriel Jesus é uma das apostas com a camisa 9 do Brasil (Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação)

- E já é um camisa 9 diferente, um camisa 9 mais moderno. O Fred é da escola antiga de centroavante, e o Gabriel Jesus se movimenta muito mais, de tal forma que é quase surpreendente você pensar que ele é um centroavante.

Apresentador do programa " Redação SporTV ", André Rizek não crê na volta da protagonismo dos centroavantes e lembra que o cenário era outro na década de 80, por exemplo.

- Acho que a figura do centroavante talvez nunca volte a ter a força que já teve. Estava fazendo um exercício de memória e pegando os anos 80, por exemplo: você tinha Baltazar no Grêmio, Nunes no Flamengo, Roberto (Dinamite) no Vasco, Casagrande no Corinthians, Serginho Chulapa no Santos, Careca no São Paulo, Reinaldo no Atlético-MG (...). Os centroavantes até estão nos clubes, Ricardo Oliveira no Santos e Guerrero no Flamengo, mas os clubes jogam menos em função deles.

Por outro lado, Thiago Lacerda ainda aposta no surgimento de um grande jogador para a posição.

- Se a gente tivesse o Lewandowski (atacante polonês do Bayern de Munique) no Brasil, não estaríamos falando de uma seleção jogando também considerando a posição? Fico achando que é uma circunstância, um hiato. Acho que essa indicação para o coletivo seja até uma necessidade. Estamos tendo que montar os times de forma mais coletiva porque essas grandes figuras que chamavam para si a responsabilidade (não tenha mais). Acho que o futebol brasileiro é tão talentoso que daqui a pouco vai aparecer esse cara de novo, não tenho dúvida. Brota do chão.

Fonte: Globo Esporte