Autor da assistência para o gol de Pedro, que fechou a vitória do Flamengo por 2 a 0 sobre o Fluminense, no último sábado, Giorgian De Arrascaeta vive um momento ao mesmo tempo de continuidade e renovação dentro do rubro-negro. O primeiro porque, desde meados de 2019, mantém-se como o único jogador que nunca perdeu o status de titular indiscutível, salvo quando apresentou problemas físicos. Já o segundo, por estar dando um novo passo na direção de se tornar uma liderança dentro do elenco, e retomar os melhores momentos, sob o comando de Tite.
Desde a era Jorge Jesus, o uruguaio assumiu um posto central no meio de campo rubro-negro, se caracterizando por encontrar passes diferenciados para os companheiros e aparecer nos momentos mais decisivos. Da equipe que deu o pontapé inicial nas vitórias desta geração, grande parte já saiu ou mesmo se aposentou. Os remanescentes são o titular Arrascaeta, Gabigol e Bruno Henrique, hoje reservas, e Gerson, que foi negociado com o futebol francês, voltou e agora deve ficar até três meses fora dos gramados após passar por uma cirurgia no rim.
Referência técnica constante, Arrascaeta só deixou o time titular quando apresentava questões físicas, como problemas musculares nas pernas, uma lesão no joelho esquerdo que o fez passar por uma artroscopia em 2019, ou a pubalgia crônica.
Quando disponível — ou mesmo no sacrifício —, sempre jogou. O início da sua sexta temporada na Gávea também vem acompanhado da braçadeira de capitão. Mesmo sem ter o perfil de se expressar tanto, o tempo de clube credencia Arrascaeta ao posto, o que foi validado por Tite após o título da Taça Guanabara:
—Arrascaeta fala pouco, mas com muito conteúdo. É a mesma ideia que eu tenho.
Aos 29 anos — completa 30 em junho —, Arrascaeta tem um estilo de jogo que não é marcado pela velocidade e o alto nível físico, o que nunca atraiu desejo verdadeiro da Europa. No final de 2021, jornais europeus noticiaram que o Dortmund-ALE chegou a fazer sondagens pelo meia — assim como fez quando ele atuava no Cruzeiro —, mas as conversas nunca engrenaram. Propostas de clubes do futebol saudita foram recusadas pelo rubro-negro.
Ao mesmo tempo, é um craque de características praticamente únicas na realidade do futebol brasileiro e sul-americano. Dessa forma, o Flamengo nunca buscou — ou mesmo não conseguiu — trazer algum jogador que tivesse verdadeiras condições de oferecer alternativa técnica a ele.
Seu companheiro de anos, Everton Ribeiro, também entrava na mesma conversa. Inclusive, foi sua iminente saída para o Bahia que levou a diretoria do Fla a abrir os cofres para contratar Nicolás De La Cruz.
Na seleção uruguaia, o ex-jogador do River Plate costuma ser titular sozinho, mas agora eles já vêm fazendo, junto do volante Erick Pulgar, um trio notório no rubro-negro. Essa parceria ainda renova os horizontes para o futuro de Arrasca.