Cada vez mais consolidado como ídolo do Flamengo, Arrascaeta vive um momento especial em sua carreira. Desde que passou a vestir a icônica camisa 10, em dezembro de 2024, o uruguaio não apenas assumiu o protagonismo na equipe, mas também igualou sua temporada mais artilheira desde que chegou ao Rio de Janeiro. Com 18 gols e 13 assistências, ele caminha para alcançar — ao menos em números — o melhor ano de sua trajetória profissional.
A Mística da Camisa 10
A camisa 10 do Flamengo, imortalizada pelas conquistas de Zico, havia perdido seu brilho nos últimos anos. Desde a saída de Ronaldinho Gaúcho, em 2012, o número não era mais utilizado por um artilheiro da equipe. A boa fase de Arrascaeta é resultado de uma combinação de fatores: a alegria fora de campo, uma mudança de postura em campo e uma nítida evolução física. Prestes a se tornar pai, o jogador está “correndo na hora certa”, conforme destacou o técnico Filipe Luís.
— Ele está mais letal, mais experiente, escolhendo melhor os momentos de correr, correndo na hora certa, economizando energia e sendo muito mais letal e determinante do que são esses números — afirmou Filipe Luís em coletiva após a goleada por 8 a 0 sobre o Vitória.
O Hino de Arrascaeta
Artilheiro e principal garçom do Flamengo nesta temporada, Arrascaeta já ganhou uma música em sua homenagem antes mesmo do término do campeonato. O MC Poze do Rodo, o DJ Zullu e Caetano Prod lançaram a faixa “Camisa 10”, dedicada ao uruguaio. O meia compartilha frequentemente o hit em suas redes sociais e até se arrisca a cantar. Na letra, a pressão de carregar o número histórico é exaltada, destacando o desempenho do jogador: “O Arrasca com a bola nos pés tira o peso da camisa 10”.
A Saga da Camisa 10
Após a saída de Ronaldinho, a camisa 10 ficou “guardada”, na esperança de que um novo jogador assumisse o protagonismo. Diversos atletas tentaram, como Nixon, Rodolfo, Cléber Santana, Carlos Eduardo, Lucas Mugni e Éderson, mas nenhum conseguiu honrar a mística do número. Em 2018, Diego Ribas assumiu a camisa 10 e se destacou, construindo uma idolatria até sua aposentadoria em 2022, após conquistas da Libertadores e da Copa do Brasil. No entanto, ele não figurou entre os artilheiros da equipe, marcando apenas 21 gols.
Com a aposentadoria de Diego, Gabigol herdou a camisa 10 em 2023, mas sua passagem foi marcada por polêmicas, incluindo uma punição que o fez perder o número. A camisa 10 ficou vaga até o final da temporada passada, quando o então presidente Rodolfo Landim decidiu passar o número para Arrascaeta, uma decisão que gerou controvérsia na nova gestão.
O Protagonismo de Arrascaeta
Desde que assumiu a camisa 10, Arrascaeta tem honrado a tradição e se tornado o protagonista do time de Filipe Luís. Com 18 gols e 13 assistências, ele igualou sua melhor temporada pelo clube, em 2019, e está a apenas seis passes de gol de igualar seu recorde de assistências. O desempenho do meia também chamou a atenção do técnico da seleção uruguaia, Marcelo Bielsa, que elogiou a evolução do jogador.
— Sobre o Arrascaeta, gostaria de fazer um reconhecimento especial às comissões técnica e médica do Flamengo, que fizeram do Arrascaeta um jogador diferente nesta temporada daquele que eu conheci inicialmente — disse Bielsa após um jogo.
Quebrando Tabus
Em sintonia com a torcida do Flamengo, Arrascaeta está prestes a quebrar mais um tabu. Ele tem a chance de se tornar o artilheiro da equipe em 2025, algo que não acontece com a camisa 10 desde Ronaldinho Gaúcho, em 2011. A história da camisa 10 do Flamengo é rica e cheia de desafios, mas Arrascaeta parece estar pronto para escrever um novo capítulo glorioso.
Artilheiros do Flamengo na Temporada
2011 | Ronaldinho, Deivid e Thiago Neves | 21 |
2012 | Vágner Love | 24 |
2013 | Hernane | 36 |
2014 | Alecsandro | 21 |
2015 | Alecsandro e Marcelo Cirino | 11 |
2016 | Guerrero | 18 |
2017 | Guerrero | 20 |
2018 | Henrique Dourado e Lucas Paquetá | 12 |
2019 | Gabigol | 43 |
2020 | Gabigol | 27 |
2021 | Gabigol | 34 |
2022 | Pedro e Gabigol | 29 |
2023 | Pedro | 35 |
2024 | Pedro | 30 |
Arrascaeta, com sua habilidade e determinação, está não apenas resgatando a mística da camisa 10, mas também se consolidando como um dos grandes nomes da história do Flamengo.