Arena mais cara do Brasil vira "Coliseu" e casa de briga de torcidas; veja

O Estádio Nacional Mané Garrincha, erguido 100% com dinheiro público pelo Governo do Distrito Federal por R$ 1,6 bilhão, o mais caro da Copa do Mundo de 2014 , carrega outro título em seu currículo: o de arena com mais episódios de violência nas arquibancadas e arredores desde a sua inauguração.

Foram, pelo menos, oito incidentes de agosto de 2013 para cá. O último deles ocorreu no domingo passado (5), na partida entre Palmeiras e Flamengo. Durante o intervalo do jogo, centenas de torcedores se enfrentaram nos corredores internos da arena, utilizando punhos, cestos de lixo, grades metálicas e até extintores de incêndio.

O conflito teve início, segundo apontam as autoridades do Distrito Federal, por iniciativa de torcedores palmeirenses, que teriam invadido a área reservada aos flamenguistas para dar início à batalha. A PMDF (Polícia Militar do Distrito Federal) prendeu 20 torcedores do time paulista (já soltos). Um torcedor do Flamengo seguia hospitalizado até a publicação desta reportagem.

De acordo com o coronel Antônio Carlos, chefe da Comunicação Social da PMDF, não há nada de errado no protocolo operacional da polícia distrital nem na estrutura do Mané Garrincha que possa explicar os reiterados confrontos que ocorrem no estádio.

"Não fazemos comparações com outros estádios para saber se aqui houve mais ou menos confrontos, mas sei que nosso estádio e nossa polícia foram considerados os mais eficientes das Copas do Mundo e das Confederações", afirmou o coronel. Foi no Mané Garrincha e no Maracanã, porém, que aconteceram os confrontos de maior vulto durante os jogos dos campeonatos internacionais (veja vídeo acima).

Para o coronel, as brigas ocorrem no Mané Garrincha porque torcedores que chegam ao DF de outras praças esportivas vão ao local já dispostos a brigar. "Repare que as brigas não ocorrem com torcedores locais, mas sim com torcidas, na maioria das vezes organizadas, que vêm a Brasília já dispostas a brigar."

Apesar da afirmação do coronel, pelo menos duas brigas envolveram torcedores do Gama (DF) e do Vila Nova (GO), em partidas com menos de 5.000 pessoas no estádio, conforme também se pode ver no vídeo acima.

Especificamente em relação ao incidente do último domingo, o coronel não tem dúvidas sobre o responsável pelo episódio: "A culpa é do Flamengo", cravou. "O time mandante (Flamengo) não seguiu o que foi detalhado em reunião de preparação para o jogo. Estava determinado que dois setores das arquibancadas, adjacentes à área reservada aos palmeirenses, não seriem ocupados por torcedores, criando uma área de segurança. Apesar disso, acredito que por razões financeiras, o clube acabou por comercializar as cadeiras dessas áreas, o que deixou as torcidas muito próximas e acirrou os ânimos".

Já o Clube de Regatas Flamengo nega que tenha vendido ingressos para esses locais. "Como o estádio estava muito cheio, essas áreas acabaram por ser liberadas para dar mais conforto ao torcedor", informou a assessoria do clube. O Mané Garrincha tem capacidade para mais de 70 mil pessoas. O público presente no último domingo foi de 55 mil torcedores.

De uma forma ou de outra, fato é que a comparação que fez em 2014 o então ministro do Esporte Aldo Rebelo (PC do B), do estádio do DF com o Coliseu de Roma, onde combates entre gladiadores eram acompanhados por milhares de pessoas , parece fazer sentido. Relembre, abaixo, como foram os principais episódios de violência ocorridos no Estádio Nacional Mané Garrincha.

18/08/2013 - Fratura na mandíbula de torcedor no chão

Fonte: Uol