Após ignorar cenário falido com Sampaoli, Flamengo avalia momento para demissão e início de reformulação

A perda do título da Copa do Brasil é a constatação de que o ano do Flamengo foi jogado no lixo e praticamente acabou. A disputa com o São Paulo reservou emoções até o fim, com a esperança renovada a partir da volta de Arrascaeta e do gol de Bruno Henrique no empate em 1 a 1, mas o talento não resistiu ao trabalho falido do técnico Jorge Sampaoli e aos erros de diretoria que se acumularam ao longo de todo o 2023.

A cena de Dorival Júnior consolando os jogadores do Flamengo após a perda do título para o São Paulo, enquanto Sampaoli descia para o vestiário do Morumbi, é mais uma que confirma o que todos já estavam carecas de saber da Gávea ao Ninho do Urubu: não há mais clima para a permanência do técnico argentino, que tem a saída dada como certa. A delegação rubro-negra vai iniciar as conversas sobre a demissão, já que o contrato se encerra apenas no fim de 2024 e há multa milionária em jogo.

A única força que sustenta Sampaoli no cargo nas últimas semanas é a da caneta do presidente Rodolfo Landim. Tanto o vice de futebol Marcos Braz como os demais responsáveis pelo departamento de futebol são favoráveis à mudança, que só não aconteceu antes para não desestabilizar mais o ambiente. Nenhum dos dois dirigentes falou com o técnico após o jogo.

Os próprios jogadores tentaram ignorar os problemas internos e focar nos jogos decisivos mesmo cientes da dificuldade para um diálogo. As principais queixas passam pelo trato pessoal, mas sobretudo pela falta de padrão tático da equipe e os ruídos para comunicar as ideias. Depois do novo fracasso, alguns deram sinais claros de que desembarcaram de vez do trabalho.

— Não penso nisso (pedir demissão). Essa avaliação tem que ser do presidente do clube. Sei que cheguei em um clube em crise, que tinha perdido quatro finais. Tentamos nesses cinco meses para trocar essa realidade. Sem dúvida não aconteceu o que queria —afirmou Sampaoli, que disse ter se dedicado para mudar essa realidade.

Não houve interferência da direção mesmo ciente do ambiente conturbado. Marcado por agressão entre atletas, entre funcionários e jogadores, e nos últimos dias com briga do vice de futebol com um torcedor. A solução foi jogar tudo para debaixo do tapete e ver no que dava.

O departamento de futebol blindou a si mesmo, com o aval do presidente Rodolfo Landim, e nenhuma mudança ou decisão foi tomada para tentar reverter o quadro de crise que se instaurava aos poucos. Agora, o Flamengo deve encerrar o ciclo de Sampaoli para não deixar a vaga da Libertadores sob risco. Depois de cinco decepções em finais, a ausência no torneio sul-americano do ano que vem seria a maior delas. Hoje, o time é o sétimo colocado no Brasileiro e precisará juntar os cacos por uma reação.

— Acho que a gente fez um jogo bom hoje, um dos melhores, mas nos 180 minutos eles foram melhores. A gente planta as coisas para poder colher. Não plantamos muitas coisas, colhemos nada. Temos alguns jogos, vamos buscar quem sabe o título e classificar para a Libertadores — afirmou Gabigol na saída do campo, para ir além na zona mista.

— Faço parte de uma engrenagem no Flamengo. E quando a engrenagem não dá certo, eu também não vou dar. Quando o time não vai bem, eu também não vou bem. É isso — completou.

Para Everton Ribeiro, o ano do Flamengo é ruim até aqui, mas é preciso que o foco seja seguir vencendo.

— É um ano de muita frustração, a gente tem muita coisa a acertar, começamos com pensamento de ser campeões e hoje nos resta o Brasileiro, longe mas temos o objetivo ainda de não largar. Não podemos achar que o ano acabou — disse o meia.

Renovações em pauta

Ribeiro e Bruno Henrique serão os primeiros jogadores que terão as suas renovações discutidas pelo Flamengo nas próximas semanas. O clube se comprometeu a retomar o tema após as finais da Copa do Brasil. A maior urgência é resolver a situação do atacante, sondado por Palmeiras e Grêmio.

Em paralelo a isso, o Flamengo quer entrar fundo em uma reformulação que percorra o elenco como um todo. A ideia é entender o que fazer com outros nomes em fim de contrato mas fora dos planos. Estão praticamente encerrados os ciclos de Rodrigo Caio e Filipe Luis.

David Luiz deve conversar para não fazer valer a cláusula de renovação automática por mais um ano. Nomes como o zagueiro Pablo e até o atacante Cebolinha terão a situação debatida para ver se há solução para saída amigável.

Fonte: Extra