Análise: Tite encontra possibilidades para o Flamengo em meio ao aumento de desfalques

A partida contra o Grêmio era o primeiro desafio do Flamengo em um período que jogará cheio de desfalques por causa da Copa América. Foi com improviso na escalação e alterações por circunstâncias de jogo que Tite encontrou algumas possibilidades, e o Rubro-Negro conseguiu vencer no Maracanã. O 2 a 1 no placar teve assinatura de Luiz Araújo, que saiu do banco para se reafirmar na equipe.

Para começar, Tite escolheu Léo Pereira como lateral-esquerdo e Léo Ortiz como primeiro volante. A mínima intimidade com as posições foi o que determinou a decisão da comissão técnica nas improvisações. A formação inicial durou pouco tempo, é verdade. E não convenceu nos minutos que ficou em campo.

O Flamengo sofreu com a saída de bola, estava confuso e com dificuldades até a metade do primeiro tempo. Duas lesões, praticamente seguidas, ligaram o sinal de alerta para o que poderia vir pela frente. Cebolinha sentiu a coxa direita e saiu aos 23 minutos, e Igor Jesus sofreu uma entorse no tornozelo esquerdo e deixou o gramado cinco minutos depois.

Foi então que Tite se viu obrigado a mexer: Bruno Henrique no Cebolinha e Luiz Araújo no Igor Jesus. As alterações fizeram o esquema de jogo mudar. Gerson, que estava atuando como ponta direita, passou a jogar recuado como volante ao lado de Léo Ortiz, e Luiz Araújo foi para a ponta. Não demorou muito para o Flamengo se encontrar no jogo.

Luis Araujo comemora gol do Flamengo contra o Grêmio — Foto: André Durão

O time começou a desenhar cenários favoráveis, com a escalação preferida de Tite: dois pontas de velocidade com o campo aberto para atacar. Lorran, com a missão de substituir Arrascaeta, era quem acelerava o jogo por dentro. Já recuado, Gerson se viu à vontade para ajudar no controle da bola. Pedro foi importante atuando mais distante da área.

Com dez minutos em campo, Luiz Araújo arriscou uma das melhores chances do Flamengo no primeiro tempo. O chute de fora da área bateu na trave esquerda do goleiro Rafael Cabral. Mas não demorou muito para que o jogador marcasse. Aos 41, um lance que passou por todo o trio de ataque: Bruno Henrique achou Pedro, que passou para Luiz Araújo. O camisa 7 avançou e acertou um belo chute.

O Flamengo terminou o primeiro tempo ainda sem controle total do jogo, mas causando mais perigo ao Grêmio. Situação que mudou a partir do segundo tempo. O time voltou mais compacto defensivamente e, com o passar dos minutos, Léo Ortiz e Gerson se entendiam cada vez mais jogando logo à frente da zaga.

Ajustado, o Flamengo pouco sofreu e melhorou a atuação no segundo tempo. Com transições mais rápidas e os pontas comprometidos na marcação e atento aos contra-ataques, o time passou a ter controle das ações do jogo. Lorran foi importante e participou bem com o trio de ataque. Não à toa, o segundo gol de Luiz Araújo sai de uma jogada rápida que Lorran tocou para Pedro. O camisa 9 deu o passe para o camisa 7, que dominou e chutou no canto direito.

O Flamengo passou a administrar o jogo sem deixar de lado as chances. Depois do gol, houve três boas oportunidades de ampliar o placar: chute defendido de Pedro aos 28, cabeçada do Ortiz aos 34 e mais uma chance para o camisa 9, desta vez de cabeça. O Grêmio descontou no apagar das luzes, aos 50, com Edenílson, em uma jogada que o improvisado Léo Pereira falha na marcação.

10 chances do Flamengo :

"O campo fala" foi uma frase utilizada por Tite durante a coletiva. Questionado sobre o que o torcedor pode esperar das próximas escalações, o treinador foi enfático usando a frase num primeiro momento, mas foi cauteloso quando a usou novamente depois.

Tite reclama com o banco de reservas em Flamengo e Grêmio — Foto: André Durão

A frase foi dita em função da atuação de Luiz Araújo. O camisa 7 saiu do banco para decidir o jogo e conquistar os três pontos que colocaram o Flamengo novamente como líder do Brasileirão. A manutenção na equipe, porém, não é garantia para o próximo jogo. Tite optou por ser cauteloso.

A cautela veio principalmente em função também da utilização de Gerson. O treinador reconhece que os fatores durante o jogo praticamente impuseram que o jogador saísse da ponta direita, a sua melhor posição recentemente no time, e fosse atuar recuado como volante.

Tite reconheceu que funcionou, mas pontuou que não há garantia de que essa formação funcionasse - tão bem - desde o início. Assim, o treinador deixa em aberto a próxima escalação e formação que irá usar contra o Athletico no domingo. Serão apenas duas sessões de treino (sexta e sábado) até lá.

O quinteto da Copa América (Varela, Viña, De la Cruz, Arrascaeta e Pulgar) já está na lista de ausências pelo menos durante a fase de grupos da competição. Caso Uruguai ou Chile avance até a semifinal (a final é dia 14 de julho, com a disputa de terceiro lugar na véspera), o Flamengo poderá ter desfalques em mais oito jogos do Brasileirão: Athletico-PR (Ligga Arena), Bahia (Maracanã), Fluminense (Maracanã), Juventude (Alfredo Jaconi), Cruzeiro (Maracanã), Atlético-MG (Arena MRV), Cuiabá (Maracanã) e Fortaleza (Maracanã).

A missão de imediato é focar na recuperação dos atletas que estão no departamento médico. Cebolinha e Igor Jesus se juntam aos lesionados: Carlinhos, Allan e Ayrton Lucas. O último é quem mais tem chance de voltar contra o Athletico, mas ainda não é presença garantida. Ao todo, Tite poderá ter até dez ausências domingo.

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Fonte: Globo Esporte