Análise: Sem Guerrero, time e torcida do Fla precisarão abraçar Dourado

A titularidade de Henrique Dourado parecia provisória. Afinal, logo a pena de Guerrero chegaria ao fim, e o peruano estaria à disposição para os principais compromissos do Flamengo na temporada. O revés no CAS, porém, não só tirou o camisa 9 da Copa do Mundo e do elenco de Maurício Barbieri, como, por tabela, alçou o Ceifador ao posto de comandante do ataque rubro-negro. Ele será titular nesta quarta-feira, contra o Emelec, pela Libertadores, e no resto do ano, forçando uma adaptação do time e da torcida.

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É evidente que o faro de gol de Dourado não pode ser desprezado. Artilheiro do país no ano passado, ele já marcou oito vezes nesta temporada. Perde apenas para Vinícius Júnior, com nove. Mas sua estadia definitiva no time implica em um esforço de mudança comportamental. Guerrero é um especialista em reter a bola. Por isso, tornou-se comum vê-lo matá-la no peito e segurar o jogo até que seus companheiros se ajeitem em campo.

Dourado tem dificuldade nessa função: seu domínio não é tão preciso, sua proteção à bola é mais frágil, e sua capacidade de encaixar um passe mais sofisticado, limitada. Logo, é vital que o Flamengo invista menos no uso do pivô e invista em uma construção mais elaborada. Pedir que duble Guerrero seria pouco inteligente: sua expertise é o ato final, já dentro da área.

Mas não é só o time que precisa se adaptar à nova realidade. O afastamento dos gramados por seis meses — período da primeira suspensão por doping — parece ter aumentado o moral de Guerrero com a torcida. Pedido desde cedo pela torcida no Maracanã, foi ovacionado ao entrar em campo contra o Internacional. Dourado chegou a ser vaiado e, nas redes sociais, desprezado. Mas o "caô" voltou e, agora, só uma ceifada pode acabar com ele. Os rubro-negros precisarão abraçá-lo.

Fonte: O Globo