Jorge Jesus definiu em recente entrevista coletiva que um time do tamanho do Flamengo devia entender que faz parte correr riscos. E foi exatamente por corrê-los mesmo quando não era necessário que o português viu a equipe perder uma das três vidas que restavam na temporada diante de quase 70 mil torcedores no Maracanã.
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Jorge Jesus indica ataque em lance já no segundo tempo contra o Athlético — Foto: Jorge R Jorge/BP Filmes
A ineficiência na disputa por pênaltis - a começar pela displicência do capitão Diego - castigou um Flamengo que não abriu mão da agressividade apesar da atuação oscilante e foi eliminado por um bem organizado e cirúrgico Athlético-PR nas quartas de final da Copa do Brasil. O gol do Furacão no empate por 1 a 1, na noite de quarta-feira, surgiu de um impensável vazio nas costas da defesa do time que ganhava em casa um mata-mata após os 30 do segundo tempo. Lição de que um estilo de jogo também deve saber adaptar-se ao clichê do "regulamento debaixo de braço".
Por mais que tivesse o domínio das ações (63% x 37% em posse de bola), o Flamengo tinha dificuldades para verticalizar as jogadas contra o bem postado time de Tiago Nunes, principalmente ao trocar o lesionado Arrascaeta por um apagado Vitinho. Com exceção da pressão logo nos minutos iniciais - boa parte ainda com o uruguaio em campo -, os donos da casa tiveram extrema dificuldade de levar perigo ao gol de Santos.
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Início da jogada do gol de empate do Athlético: mesmo em vantagem, Flamengo marca com cinco jogadores além da intermediária ofensiva — Foto: Reprodução
Refeito da marcação intensa na saída de bola, quando o Flamengo assustou com o próprio Arrascaeta e duas vezes com Lincoln, o Athlético soube fazer do jogo de perde e ganha no meio de campo uma arma para diminuir o ritmo. Quando não era possível, picotava com faltas, a maioria delas ainda na intermediária ofensiva, o que enervou não só o time de Jorge Jesus, mas também a torcida. Estratégia que contou com a conivência de Wilton Pereira Sampaio e deu certo no primeiro tempo.
Encaixotado entre as linhas de marcação do Athlético, o Flamengo perdia fôlego, se distanciava e apelava para bolas aéreas sem sucesso na volta do intervalo. Até que a surpreendente entrada de Berrío no centro de ataque recuperou a intensidade tão cobrada por Jorge Jesus e levou o time ao primeiro gol. Vitinho abriu espaço ao despachar Jonathan com o que tem de melhor (o mano a mano), Everton Ribeiro escorou, e o inquieto Gabigol surgiu por trás da zaga para escorar: 1 a 0.
Flamengo não tinha a linha tão alta no momento do gol, Rafinha avançado não teve cobertura, e o Athletico aproveitou muito bem o espaço com seu jogador mais veloz #trmaraca pic.twitter.com/TPXKqegZGt
— July 18, 2019
Seria o cenário perfeito para o Furacão sair para o jogo e o Flamengo abrir o campo, explorando a velocidade de seus atacantes e a capacidade de criação de Everton Ribeiro. Seria, mas não foi. Mesmo em vantagem, o Rubro-Negro carioca não abriu mão da marcação alta, não abriu mão da linha defensiva alta, e quem encontrou espaços para a rapidez de seus homens de frente foi justamente o Athlético.
Por convicção, o Flamengo apertou a saída de bola, e em dez segundos viu o chute para frente de Léo Pereira resultar em arrancada de Rony até ficar na frente de Diego Alves para empatar. Neste percurso, Rafinha deu bote errado ao tentar antecipar o próprio Rony e não teve cobertura após Marco Ruben fazer o pivô para Bruno Nazário acionar o camisa 7 em suas costas.
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Diego cabisbaixo depois de perder o pênalti; Diego Alves incentiva ao fundo — Foto: André Durão
Golpe forte demais não só para um Maracanã que se calou, mas também para o time que não se encontrou mais e chegou pressionado para disputa por pênaltis. Pressão agravada pela péssima cobrança de Diego, o capitão, displicente e no meio do gol. Fácil para Santos.
O goleiro ainda viu Vitinho isolar e defendeu o chute de Everton Ribeiro antes de Bruno Guimarães dar a classificação a um Athlético. Vaga justa para um time que soube ser organizado e dançar conforme a música, como pedem os mata-matas.