Análise: Flamengo vence Intercontinental sub-20 e time mostra que pode render, além de troféus, ótimo legado ao clube

Os pouco mais de 31 mil torcedores que foram ontem ao Maracanã empurrar os garotos do Ninho na emocionante vitória de virada por 2 a 1 sobre o Olympiacos, deram um clima de jogo profissional para a final do Intercontinental sub-20. Comandados pelo ídolo Filipe Luís, as crias da base do Flamengo levantaram o troféu depois de uma partida com requintes de crueldade, mas que coroou uma geração que fez história com os inéditos títulos da Libertadores e do Mundial.

Além dos troféus, o Flamengo terá um legado e tanto para aproveitar. Ainda com competições do calendário sub-20 a serem disputadas, o rubro-negro poderá utilizar na equipe principal diversas boas peças formadas nas categorias de base do clube, como Zé Welinton, Rayan Lucas e Wallace Yan, além de Matheus Gonçalves, o principal deles.

Meia merece chances

Ao longo da semana, o técnico Filipe Luís havia falado sobre a importância dos treinamentos para alguns garotos que costumam ficar mais com a equipe principal do que com o time sub-20, casos do goleiro Dyego Alves e do meia-atacante Matheus Gonçalves. Segundo o ex-lateral, seu estilo de jogo é diferente do preferido por Tite, o que demanda um período de adaptação.

No entanto, a realidade é que foi justamente Matheus Gonçalves o jogador mais ativo e perigoso do Flamengo ao longo dos 90 minutos. Alçado aos profissionais em 2022 e com boa passagem por empréstimo pelo Bragantino, na última temporada, o jovem de apenas 19 anos sobrou em meio aos companheiros e adversários de sub-20, principalmente na primeira etapa.

Além de ter esbanjado técnica, com muitos dribles e lances plásticos, Matheus também mostrou senso apurado na tomada de decisão. Entre os atletas que atuaram pelo Flamengo ontem, o meia-atacante é, certamente, o mais preparado para brigar por posição entre os profissionais. Mas, com poucas oportunidades com Tite em 2024 — foram apenas 11 partidas com a equipe principal —, o futuro do jogador pode ser fora do rubro-negro. O Bragantino tem interesse em contrata-lo em definitivo.

Mesmo esquema de Tite

Em relação à forma de jogo do Flamengo sub-20 de Filipe Luís para a equipe de Tite, há semelhanças e diferenças. O esquema é o mesmo, um 4-3-3. Mas o time de base é mais ofensivo. Tanto Zé Welinton, lateral-esquerdo que constrói por dentro, quanto Daniel Sales, lateral-direito que é mais agudo, ajudam demais a equipe no setor ofensivo. Além disso, Guilherme Gomes e João Alves são meias com características que potencializam o ataque. Shola, ponta pela esquerda, é outro nome de destaque, mas que teve atuação apagada e foi substituído no segundo tempo.

E foi através das substituições na segunda etapa, inclusive, que o Flamengo conquistou o inédito título do Intercontinental sub-20. Pouco depois da volta para o intervalo, aos oito minutos da segunda etapa, o Olympiacos subiu pela esquerda com Alakafis. O centroavante Kostoulas finalizou em cima da zaga, e o lateral-direito Liatsikouras, de apenas 17 anos, abriu o placar. O defensor, Kostoulas e o camisa 10, Papakanellos, foram os principais jogadores da equipe grega.

Depois, brilhou a estrela do técnico Filipe Luis. Aos 15, o treinador sacou João Alves para colocar Caio Garcia. Depois, aos 19, trocou Guilherme Gomes por Felipe Teresa. Foram esses os nomes que deram o troféu mundial ao Flamengo.

Primeiro, aos 28, Matheus Gonçalves deu grande enfiada para Wallace Yan. O atacante finalizou em cima do goleiro Botis, e Caio Garcia complementou para o gol. Depois, já nos acréscimos, e embalado pelo tradicional canto de “Mengo”, Wallace Yan construiu jogada pela esquerda e tocou para Felipe Teresa empurrar e dar a vitória ao rubro-negro.

Fonte: O Globo