"O contexto todo deve ser avaliado". Essa frase foi dita por Tite na coletiva e, para atender o pedido, a análise será mais ampla - ou seja, vai além da derrota por 2 a 1 para o Fortaleza. O Flamengo encerrou a "Copa América" com o aproveitamento de 62,9%. E o número só não foi melhor pela oscilação na reta final no Maracanã. O saldo é positivo e talvez poucas pessoas apostariam em um desempenho como esse, mesmo com tantos desfalques. Mas ainda há problemas a resolver, ou melhor, soluções para reencontrar.
O período em questão começou há nove jogos: cinco vitórias, dois empates e duas derrotas. Foram cinco convocados e alguns lesionados pelo caminho. No começo, Tite encontrou algumas soluções para lidar com as ausências e viu o time alcançar a ponta da tabela do Brasileirão. Nesta reta final, as "soluções" foram desfeitas, o time oscilou e perdeu a liderança.
É bem verdade que o desgaste físico entrou em questão. Jogadores nitidamente exaustos por causa da maratona de jogos com o elenco enxuto. O apito final é o momento em que isso vem à tona. Quase sincronizados, a maioria se joga no gramado para respirar. A cena na derrota para o Fortaleza foi um déjà-vu do empate suado contra o Cuiabá. E resultado desta quinta-feira é determinado praticamente pelo segundo tempo, quando o peso da perna fez o time perder fôlego.
O gol contra de Wesley logo nos minutos iniciais condicionou a partida. E o Flamengo , que virou apenas um jogo com Tite no comando, precisou correr atrás do resultado. E correr em um momento que o desgaste físico é alto não é o melhor dos cenários. Mas o time segurou um bom primeiro tempo.
Valorizou a posse de bola no campo de ataque e viu Matheus Gonçalves ganhar destaque puxando a equipe. O Flamengo passou a dominar a partida e, quando o Fortaleza saia para o contra-ataque, se posicionava bem defensivamente e retomava o controle. O gol de empate saiu dos pés de Pedro, o artilheiro do time, em uma cobrança de pênalti aos 37 minutos.
O Flamengo encerrou o primeiro tempo com 62% de posse de bola, 11 finalizações, três delas defendidas. Foram quatro desarmes e sete escanteios. Mas a história mudou no segundo tempo. O cansaço começou a aparecer e o time já não conseguia manter a mesma intensidade e ter o mesmo controle do que nos 45 minutos iniciais. Foi então que o Fortaleza conseguiu se soltar no jogo e ter perigo. Aos 17 minutos, Lucero marcou o segundo gol.
A alternativa de Tite era mexer e dar fôlego à equipe - mesmo com as "poucas" opções no banco de reservas. As primeiras substituições foram logo após o gol: Gabriel no Allan e Léo Ortiz no Fabrício Bruno. Dez minutos depois outras duas: Carlinhos no Luiz Araújo e Léo Pereira no David Luiz.
Tite mexeu em todos os setores. E o Flamengo , aos poucos, tentava se encontrar. A entrada de Gabigol movimentou e foi dos pés do camisa 99 que saíram as melhores jogadas no segundo tempo. Talvez, inclusive, tenha sido os melhores minutos do atacante em campo na temporada. Criou, deu passe, cruzamento e até marcou gol. Anulado, é verdade, mas que carregou uma comemoração que parecia lavar a alma.
Longe do ideal e mais cansado do que nunca, o Flamengo até terminou a segunda etapa melhor que o Fortaleza, mas não conseguiu empatar. O Fortaleza de Voyjoda segurou a vitória no Maracanã. Para o Rubro-Negro, faltou fôlego. Faltou perna. Faltou opção. Mas, opção, é o que Tite mais vai ter para a próxima rodada, dia 20, contra o Criciúma.
Como dito no início do texto, Tite encontrou algumas soluções no início da Copa América rubro-negra, mas acabou deixando-as pelo caminho. Lorran como meia substituindo o Arrascaeta e Léo Ortiz como volante são as que merecem destaque.
Viña, Varela, De la Cruz, Arrascaeta e Pulgar foram os principais desfalques. O chileno voltou após eliminação e inclusive emplacou duas partidas como titular: Cuiabá e Fortaleza. Mas vamos analisar, primeiro, o período inicial em que o quinteto era ausência.
Foi neste cenário que Tite encontrou um meio-campo quase ideal: Léo Ortiz, Lorran e Gerson. Na ocasião, Allan estava no departamento médico. A formação se mostrou veloz e criativa e, tudo isso, mantendo forte a marcação.
Lorran, natural pela idade e pelo tamanho da responsabilidade, oscilou. Deixou o Maracanã sob vaias em jogos recentes e, consequentemente ou não, perdeu minutos com Tite. No jogo desta quinta-feira, o jovem não foi acionado mesmo o time precisando de criação.
A recuperação de Allan e o retorno de Pulgar fizeram Tite repensar também na volância. Nos dois últimos jogos, a dupla foi titular e atuou bem abaixo. Gerson, Luiz Araújo e Pedro foram peças em comum nestas partidas. Contra o Cuiabá, Bruno Henrique começa, mas se lesiona. Contra o Fortaleza, Matheus Gonçalves é o escolhido.
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