Análise: Flamengo tem apagão, sofre primeira derrota com Tite e leva choque de realidade por título

O Flamengo de Tite empolgou rápido, a ponto de torcedores voltarem a sonhar com o título brasileiro. Matematicamente ainda é possível, mas a dura derrota por 3 a 2 para o Grêmio na noite de quarta-feira, com direito a um apagão fatal de três gols em 10 minutos, foi como um choque de realidade de que a briga rubro-negra é só por vaga direta na Libertadores nessa reta final de campeonato.

Para um time em começo de trabalho, que tem só três jogos sob o comando de Tite, o início é promissor. Mas é óbvio que há pontos a melhorar, o que ficou nítido na Arena do Grêmio. A começar pelo aspecto psicológico, como o próprio técnico bateu na tecla em entrevista coletiva. O Flamengo controlou o jogo quase que por inteiro, mas quando tomou o primeiro gol desmoronou. Faltou sabedoria para ficar com a bola e esfriar o ímpeto adversário.

Scout - Grêmio x Flamengo

Quesito Grêmio Flamengo
Posse de bola 38% 62%
Finalizações 11 6
Chances de gol 3 6
Passes (precisão) 380 (80%) 640 (89%)
Desarmes 20 17
Faltas 14 16
Escanteios 6 1
Impedimentos 0 0

Por falar em ímpeto, faltou essa "fome" aos rubro-negros, principalmente no segundo tempo. Com o 1 a 0 no placar, o time deu uma relaxada e finalizou só duas vezes na etapa final. Ao todo, o Flamengo teve 63% de posse de bola, seis finalizações e seis chances de gol. As que não entraram foram: dois chutes tortos de Gerson, um no primeiro minuto e outro aos 15; uma cobrança de falta de Arrascaeta que o goleiro salvou aos 14; e uma cabeçada de Pablo defendida aos 11 do segundo tempo.

Gerson lamenta chance desperdiçada contra o Grêmio — Foto: Pedro H. Tesch/Getty Images

O ataque continua uma dor de cabeça, seja com Pedro ou Gabigol. Eles não deram nenhum chute a gol nos 90 minutos e nem forçaram o jogo em cima do Kanneman, que já tinha cartão amarelo desde o primeiro tempo. Por fim, é fato que o time encontrou uma boa proteção com a dupla de volantes Thiago Maia e Pulgar, mas quando perde um deles vira um problemão. A saída de Pulgar, por causa de uma gripe, fez Tite recuar Gerson, e a equipe perdeu poder de marcação.

Quadrado mágico por 16 minutos

Quando Tite mudou no intervalo o posicionamento de Gerson, que vinha jogando como ponta-direita, foi para encaixar Everton Ribeiro no time. E com as entradas de Bruno Henrique e Gabigol aos 22 minutos do segundo tempo, o técnico usou pela primeira vez o quadrado mágico que fez história no clube. Foram 16 minutos até a substituição de Arrascaeta no fim.

Erro de marcação do Flamengo no terceiro gol do Grêmio — Foto: Reprodução

Porém, eles estiveram longe de seus melhores momentos: o uruguaio ainda não está no ritmo ideal e cansou rápido; Everton Ribeiro teve só lampejos quando acionado; Bruno Henrique entrou muito mal e falhou em dois gols do Grêmio; e Gabigol praticamente não participou do jogo.

Como Tite brincou na coletiva, "é fácil o técnico assumir vitória". Desta vez, ele precisa reconhecer que errou na leitura de jogo e nas substituições. No gol da vitória do Grêmio, por exemplo, Thiago Maia estava de zagueiro, Gerson como único volante, e Villasanti surgiu num enorme buraco na marcação em frente à área (veja na imagem acima) .

O Flamengo dormiu em Porto Alegre e retorna ao Rio de Janeiro na tarde desta quinta-feira. Como o time não joga final de semana (a partida contra o Bragantino foi adiada), Tite terá uma semana pra trabalhar a equipe até o jogo contra Santos na próxima quarta. Com 50 pontos, o Rubro-Negro foi ultrapassado pelo Palmeiras e agora é o quarto colocado do Brasileirão.

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Fonte: Globo Esporte