No ano em que o troféu do Campeonato Carioca recebeu o nome do maior ídolo do Flamengo, o rubro-negro não quis dar oportunidade aos adversários. Em mais um clássico em que foi superior, o time treinado por Filipe Luís empatou em 0 a 0 com o Fluminense no Maracanã e, como havia vencido a primeira partida, ficou com a taça batizada de Zico. Pelo segundo ano consecutivo, deu Flamengo no Rio. Foi o 39º título estadual da história do clube.
Se um desavisado assistisse ao Fla-Flu de ontem, ele poderia pensar que o tricolor tinha a vantagem do empate e o rubro-negro precisava da vitória para sair com o título carioca. A dominância imposta pelo Flamengo em pelo menos 135 minutos dos 180 da decisão — sendo 90 deles na partida de ontem — foi uma boa amostra do que o time apresentou durante toda a competição desde que passou a utilizar os principais jogadores. Foram 11 partidas, com nove vitórias e dois empates, estes justamente contra o Fluminense. Time que mais tem dado trabalho ao rubro-negro nos últimos anos, dessa vez o tricolor não conseguiu encontrar meios para superar o poderio que o rival possui em termos de elenco, e praticamente não levou perigo ao gol de Rossi.
O rubro-negro chegou a marcar e comemorar gols de Plata e Michael, anulados pelo VAR já perto do fim.
O Flamengo comemora o fato de ter conseguido conquistar o título com tamanha regularidade e superioridade ao mesmo tempo em que colocou em prática o planejamento de dosar a minutagem do elenco para não repetir o mesmo erro da temporada passada, quando também conquistou o Carioca com sobras, mas viu o fôlego dos atletas acabar em meio aos principais desafios da Libertadores e do Brasileirão.
Versatilidade
Neste ano, a intenção foi manter a intensidade e o estilo de jogo ofensivo, mas sem prejudicar a longevidade dos principais jogadores. Uma tarefa complicada, mas que foi concluída com êxito por Filipe Luís e seus comandados.
— O Carioca é um campeonato tradicional, histórico. Tem um charme. E o Flamengo entra para vencer qualquer torneio que dispute. Nós conseguimos dar minutos para todos, usar o estadual como uma pré-temporada. Não é fácil ser campeão. Mas esses jogadores têm uma ambição muito grande. Esse grupo tem muita fome. E você vê isso dentro de campo — valorizou Filipe Luís.
Dentro de campo, um dos melhores legados que o Carioca deixa para o Flamengo é a prova da versatilidade desta equipe. Mesmo com diversos desfalques ao longo do torneio, o rubro-negro soube encontrar novas formas de jogar e criar. No Brasileirão, quando terá o retorno de nomes importantes, principalmente do artilheiro Pedro, a expectativa é de que a equipe alcance o auge técnico e tático.
Apesar do vice, o Fluminense finaliza o Carioca com a moral mais elevada do que quando iniciou a temporada. Junto de Arias, já consolidado como o principal destaque desta equipe, nomes como Cano — com dez gols em 14 jogos, o argentino já superou os sete que marcou na temporada passada — e Canobbio fizeram o rendimento do time melhorar com o andamento da competição.
Para o Brasileirão, o tricolor precisará corrigir algumas deficiências, tanto no time titular quanto em algumas estratégias de jogo. No clássico de ontem, a sensação foi de que a equipe não sabia o que fazer com a bola quando a tinha. Melhor para o Flamengo, que acrescentou mais um troféu para sua galeria. E uma com um nome especial.