Análise: Flamengo 'passa' em primeiro teste sem Pedro em meio à discurso de adaptação e valorização de peças do elenco

Por mais que os títulos, o elenco estrelado e o poderio financeiro tenham feito subir o sarrafo de feitos comemorados no Flamengo nos últimos anos, é inegável que a marca alcançada pela equipe ontem, no Maracanã, com a quarta ida consecutiva à semifinal da Copa do Brasil, é relevante. Até porque agora, com uma vitória tranquila sobre o Bahia por 1 a 0, mesmo placar do jogo de ida, o rubro-negro se isolou como o clube que mais chegou a essa fase da competição: 17 vezes.

Na tentativa de alcançar a final do torneio nacional pelo terceiro ano seguido (campeão em 2022 e vice em 2023), o Flamengo enfrentará o Corinthians em datas a serem definidas, mas que certamente serão nas semanas dos dias 2 e 17 de outubro. A ordem dos mandos de campo será sorteada pela CBF. Já neste domingo, o time volta a campo em clássico contra o Vasco, pelo Brasileirão.

Novo modelo de jogo

Além do fato de estar entre os quatro melhores times da competição e de ter garantido mais R$ 9,4 milhões de premiação pela classificação, outro motivo que o Flamengo tem para celebrar é a forma como a equipe conseguiu se adaptar rapidamente à ausência de Pedro. O time pareceu minimizar o impacto da falta do camisa 9 em campo.

— Nós não fizemos projeção para o restante da competição sem o Pedro. A gente fortalece quem está, e o campo vai falar. É (necessária uma) adaptação, sim. Porque aciona características diferentes. O BH é de atacar o espaço. No primeiro tempo os dois marcadores estavam marcando bola de profundidade, no intervalo falamos: "Pega a bola no pé". O Gerson também conversou com ele "faz a finta, que a bola vai aparecer". O Bruno Henrique tem essas características... fora o cabeceio que ele tem — explicou Tite após a partida, sem querer afirmar quem será seu novo centroavante titular.

Na impossibilidade de fazer o usual jogo de ligação direta e com a utilização do pivô, Tite optou por um time que trabalhou mais a bola por baixo, com passes rasteiros e movimentações rápidas. Wesley, Arrascaeta, Gerson e Luiz Araújo foram os que mais participaram das triangulações. Evertton Araujo, na imposição física no meio, Léo Ortiz, com passes verticais, e Bruno Henrique, que aproveitou bem as costas da zaga do Bahia, também foram importantes.

Foi numa jogada dessas, inclusive, que saiu o gol do Flamengo, marcado por Arrascaeta aos 8 minutos da segunda etapa. Em mais uma boa atuação como volante, Ortiz achou Bruno Henrique nas costas de Gabriel Xavier. O camisa 27 ganhou na velocidade e, na frente do gol de Marcos Felipe, tocou para o companheiro uruguaio, que empurrou para o fundo das redes.

Benefício para Gabigol

O gol marcado por Arrascaeta coroou a boa partida que o meia fez no seu retorno ao time depois de quase um mês em recuperação de lesão no músculo adutor da coxa esquerda. O camisa 14 foi ovacionado ao ser substituído por Gabigol.

O camisa 99, aliás, é outro que pode ser beneficiado pelo novo estilo de jogo. Sem a mesma característica de Pedro, Gabigol sempre soube, nos seus tempos áureos no clube, aproveitar a qualidade da troca de passes e das bolas enfiadas nas costas adversárias.

Resta saber se o atacante conseguirá retomar parte da velha forma para que seja mais utilizado. Se depender dos entrosados discursos de Tite e da diretoria rubro-negra, na figura do vice-presidente Marcos Braz, que têm valorizado demais as três peças disponíveis no elenco para a posição, o ídolo deve ter, sim, mais minutos e novas chances em breve.

— Quando o jogo é pensado, por vezes essa adaptação é necessária. O jogo vai exigir, e o campo vai falar — analisou Tite, em relação à que centroavante será utilizado com mais frequência.

Fonte: O Globo