Depois de dois duelos eletrizantes e cheio de nuances pela final da Copa do Brasil, em que o Flamengo levou a melhor, o rubro-negro e o Atlético-MG fizeram uma partida morna ontem, no Maracanã, pelo Brasileirão. Natural devido ao desgaste após uma semana tão decisiva para ambas as equipes, o desempenho abaixo do que os times podem apresentar resultou num empate em 0 a 0 que acaba sendo ruim para os dois lados.
No ponto de vista do Flamengo, que chegou aos 59 pontos, o resultado praticamente decretou o fim da briga do rubro-negro pelo título brasileiro. São nove pontos de distância para o líder Botafogo, com apenas 15 em disputa. Já o Atlético-MG, que ocupa a 10ª colocação com 42 pontos, continuou longe da zona de classificação para a Libertadores. Primeiro time dentro do G7, o Cruzeiro tem cinco a mais.
Domínio rubro-negro
Desfalcado de quatro jogadores por convocações (Gerson e Léo Ortiz com o Brasil, Varela com o Uruguai e Plata com o Equador), outros três por lesões (Pulgar, De La Cruz e Arrascaeta), Allan, suspenso, e Gabigol, afastado, o Flamengo foi a campo “com o que deu” para enfrentar o Atlético-MG. Além disso, por conta das comemorações pela conquista do título da Copa do Brasil contra o mesmo Atlético-MG, o rubro-negro só teve um dia de preparação para a partida. Ainda assim, a sensação dentro de campo era de que o time carioca estava melhor do que o Galo em todos os quesitos, fossem eles técnicos, táticos, físicos ou psicológicos.
Também sem quatro jogadores convocados para suas seleções (Arana com o Brasil, Junior Alonso com o Paraguai, Alan Franco com o Equador e Vargas com o Chile), o Atlético-MG apresentou as mesmas deficiências que havia demonstrado ao longo dos dois confrontos da Copa do Brasil. Mesmo com uma linha de cinco defensores, com três zagueiros e dois laterais, a equipe mineira não conseguiu defender bem sua área e nem as pontas. Destaque sob o comando de Filipe Luís, o lateral-direito Wesley deu uma enorme dor de cabeça para Rubens, que substituiu Arana na esquerda.
Restou ao goleiro Everson fazer nova grande partida e realizar inúmeras defesas — Matheus Gonçalves ainda acertou a trave.
Ofensivamente, o Atlético-MG foi uma equipe com dificuldades para criar com a bola no pé. Com um meio formado por Fausto Vera, Otávio e Gustavo Scarpa, o time não conseguiu triangular ou fazer a bola chegar com qualidade para os atacantes. A única forma que o Galo encontrou para tentar agredir o adversário foi com ligações diretas. O Flamengo também tinha uma linha com três zagueiros — Alex Sandro foi improvisado, com Ayrton Lucas na lateral-esquerda —, e a trinca levou a melhor no duelo contra Hulk e Deyverson.
Pênalti desperdiçado
Dono da partida e sem sofrer grandes riscos atrás, o Flamengo pôde ser ousado para tentar abrir o placar. No primeiro tempo, quando teve maior ímpeto ofensivo e para pressionar no campo adversário, teve uma ótima chance. Melhor em campo, Wesley foi bem na pressão e roubou a bola de Lyanco, um dos destaques negativos do Galo. O lateral-direito rubro-negro entrou na área e foi derrubado pelo zagueiro atleticano. Na cobrança, David Luiz parou em Everson e Alcaraz desperdiçou o rebote.
Autor do gol da última vitória do Flamengo no Brasileirão, contra o Cruzeiro, na semana passada, David Luiz não cobrava um pênalti em tempo normal há 12 anos. A última vez foi em 2012, quando ainda era jogador do Chelsea e marcou na goleada por 6 a 1 contra o Nordsjaelland-DIN. Na carreira, o defensor cobrou apenas cinco pênaltis, tendo convertido dois e perdido três.
Com essa estatística e o fato de nomes como Alcaraz, que cobrou dois pênaltis pelo Flamengo no ano e converteu os dois, e Bruno Henrique estarem em campo, a escolha por David Luiz causou estranhamento. Com contrato até o fim da temporada, o zagueiro de 37 anos vive indefinição no clube. A diretoria ainda não tomou uma decisão se renovará ou não o vínculo com ele, que é um dos líderes do elenco.
Com o 0 a 0 no placar, os momentos mais animados da partida foram os de provocação da torcida do Flamengo contra os atleticanos. Antes da bola rolar, os rubro-negros levantaram uma faixa no setor Norte com a frase: “primeiro campeão do galinheiro”, em alusão ao fato do clube ter sido o primeiro a conquistar um título na Arena MRV.