Sim, eu sei. É só o Campeonato Carioca, e o nível técnico não é parâmetro. Por isso o verbo do título é "pode" e não "vai". Mas se os estaduais servem de laboratório para os treinadores encontrarem os melhores encaixes de suas equipes, os últimos jogos indicam que o Flamengo de Tite está no caminho certo.
O que os jogos contra Volta Redonda, Bangu e Boavista têm em comum? Nos três, o Flamengo teve grande volume ofensivo com número de finalizações de 20 para cima . Na noite de terça-feira, um time rubro-negro "ligado no 220" passeou no Maracanã, e o placar de 4 a 0 saiu muito barato no final das contas.
Scout - Flamengo x Boavista
Quesito | Flamengo | Boavista |
Posse de bola | 60% | 40% |
FInalizações | 28 | 7 |
Chances de gol | 11 | 1 |
Passes (precisão) | 684 (89%) | 357 (81%) |
Desarmes | 18 | 13 |
Faltas | 9 | 12 |
Escanteios | 9 | 0 |
Impedimentos | 2 | 1 |
Foram 28 finalizações (segundo maior índice da Era Tite, só uma a menos que na estreia em 2024 contra o Audax), 11 grandes chances de gol e 60% de posse de bola . Com muita intensidade, o Flamengo mal deixava respirar o Boavista, que só chegou com perigo uma única vez, em chute de Matheus Lucas aos 39 do primeiro tempo.
Já o Rubro-Negro começou amassando. Com menos de um minuto, Ayrton Lucas tirou tinta da trave. Aos seis e aos 12, Luiz Araújo e Pedro marcaram, respectivamente. Com 36 minutos, o camisa nove perdeu um gol feito de cabeça na pequena área (veja na imagem abaixo) . E no minuto seguinte, Luiz Araújo carimbou a trave.
O ritmo foi mantido no segundo tempo. Com um minuto, Arrascaeta teve um chute interceptado em que poderia ter rolado para Luiz Araújo, em melhor condição (veja na imagem abaixo) . Aos 13, Cebolinha chutou em cima do goleiro, e seis minutos depois Pedro perdeu um pênalti. Arrasca marcou dois gols aos 25 e aos 38, e nos acréscimo Cebolinha teve a chance na área e pegou mal.
Neste temporada, contando só os jogos oficiais, a média de finalizações do Flamengo com Tite é de 20,4 por partida . Para ter noção, nas 12 rodadas que o técnico dirigiu a equipe no fim do Brasileirão do ano passado, só contra o América-MG o Rubro-Negro finalizou mais de 20 vezes.
Com esse volume todo virando uma tendência, se conseguir calibrar o pé o Flamengo de Tite também pode começar a encantar até os mais céticos torcedores. Por exemplo: alguém acha que se o Pedro não perde o pênalti ele seria vaiado na substituição mesmo não estando em noite inspirada? Só que, claro, é preciso mostrar isso também em jogo grande .
Foi a melhor atuação da Era Tite no Flamengo . E quem queria ver De la Cruz na função de segundo volante deve ter ficado satisfeito. O uruguaio foi um motorzinho fazendo a função que era de Gerson e foi bem tanto na marcação (só desarmou menos que Igor Jesus) quanto no ataque, participando dos dois gols do Arrascaeta. O camisa 14 também se mostrou à vontade ao lado do compatriota e foi bastante participativo: trocou incríveis 100 passes, com 77% de precisão .
De certa forma, as ausências ajudaram Tite a encaixar um meio de campo que deu liga junto aos pontas inspirados (principalmente Luiz Araújo, que fez um partidaço e não tem como sair do time nesse momento). Mas, assim como Tite deu a entender na coletiva que voltará a usar, é cedo para decretar que não deu certo a formação com quatro homens no meio.
Ah, o jogo também teve a estreia do Viña com a camisa rubro-negra. Mas ainda não dá para contar como uma estreia direito. O lateral uruguaio entrou aos 29 do segundo tempo e jogou só 20 minutos, demonstrando uma certa falta de ritmo natural depois de um tempo parado por conta de lesão.
Líder e classificado com duas rodadas de antecedência para a semifinal, o Flamengo volta a campo no próximo domingo, às 16h (de Brasília) no Maracanã, numa espécie de final da Taça Guanabara contra o Fluminense, que tem os mesmos 21 pontos e perde no saldo. O elenco rubro-negro ganhou folga nesta quarta e se reapresenta quinta no Ninho do Urubu para iniciar a preparação do clássico.
Assista: tudo sobre o Flamengo no ge, na Globo e no sportv