Análise: escolhas não surtem efeito, e Flamengo sofre com apagão na zaga e pontas pouco efetivos

Domènec Torrent fez seis mudanças no Flamengo para a partida contra o Ceará - três delas técnicas, as outras por força maior. A causa da derrota não foi o rodízio, em si. Mas as escolhas do treinador acabaram por não surtir o efeito imaginado no que se tornou um tropeço rubro-negro.

Dome manteve o esquema das últimas partidas e levou o Flamengo a campo no 4-2-3-1. Desta vez, optou por privilegiar dois velocistas pelos lados: Michael abriu pela direita, e Vitinho, pela esquerda. A estratégia ficou clara no primeiro tempo. A ideia era rodar a bola para que os pontas recebessem em boas condições de definir a jogada, seja com finalização ou passe decisivo.

Michael em ação: novamente titular, atacante atuou aberto pela direita, mas não foi efetivo — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo
1 de 2 Michael em ação: novamente titular, atacante atuou aberto pela direita, mas não foi efetivo — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

Michael em ação: novamente titular, atacante atuou aberto pela direita, mas não foi efetivo — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

O time executou o planejado, mas a parte derradeira não funcionou. Vitinho foi o mais acionado, mas errou muito nas tomadas de decisão e pareceu sem confiança para ser mais assertivo. Michael, sem espaço para correr e atacar a última linha, também ficou encaixotado na marcação e pouco contribuiu.

As mudanças de Dome

Entrou Saiu Motivo
César Gabriel Batista Opção
Léo Pereira Rodrigo Caio Opção
Willian Arão Gerson Suspensão
Michael Diego Opção
Vitinho Arrascaeta Desgaste muscular
Renê Filipe Luís Desgaste muscular

Não bastasse isso, esta rearrumação colocou Everton Ribeiro centralizado. E o meia, um dos pilares técnicos do Flamengo, sentiu a diferença. Se pela direita ele vinha se destacando nas últimas partidas, ao atuar por dentro não foi decisivo. Anteriormente, quando Dome ainda tentava implantar um 4-3-3, Everton já tinha rendido abaixo do esperado jogando pelo meio.

Muitas vezes no primeiro tempo, o camisa 7 esteve afundado demais, quase como um segundo atacante, sem participar tanto da organização das jogadas - com exceção de um contra-ataque em que serviu Gabigol.

Apagão na defesa

Se o ataque não funcionou - Gabigol perdeu duas chances no início que poderiam ter mudado a história da partida -, a defesa também teve sua parcela, especialmente no segundo tempo.

Após um primeiro tempo sem tantas chances criadas, mas com o adversário controlado, o Flamengo viu tudo mudar em seis minutos. Com dois cruzamentos na área, o Ceará marcou duas vezes no início do segundo tempo.

Luiz Otávio sobe entre Gustavo Henrique e Léo Pereira para fazer o primeiro gol do Ceará — Foto: JARBAS OLIVEIRA/ESTADÃO CONTEÚDO
2 de 2 Luiz Otávio sobe entre Gustavo Henrique e Léo Pereira para fazer o primeiro gol do Ceará — Foto: JARBAS OLIVEIRA/ESTADÃO CONTEÚDO

Luiz Otávio sobe entre Gustavo Henrique e Léo Pereira para fazer o primeiro gol do Ceará — Foto: JARBAS OLIVEIRA/ESTADÃO CONTEÚDO

É difícil apontar apenas um culpado. No primeiro gol, Luiz Otávio subiu entre os dois zagueiros para cabecear. No segundo, Charles se antecipou no primeiro pau para ampliar. Em suma: num curto período de tempo, um apagão de toda a defesa definiu a partida.

O Flamengo não teve forças para reagir depois disso. A volta para o Rio de Janeiro será amarga, mas com a lição de que é preciso evoluir defensivamente.

E, principalmente: ainda é necessário um equilíbrio maior no nível de entendimento do sistema de Dome por parte dos atletas: sem algumas referências, como Rodrigo Caio, Filipe Luis e Arrascaeta, a evolução vista nas últimas partidas se perdeu. Basta ver como o time não se movimentou tanto contra o Ceará, tendo Vitinho e Michael.

Dome aposta que o rodízio vai solucionar isso e equiparar o elenco, mas a derrota para o Ceará mostrou que este ponto ainda não chegou.

Fonte: Globo Esporte
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