Análise: Empate do Flamengo contra o Inter fica marcado por gosto amargo após sequência de erros do rubro-negro

A atuação do Flamengo ontem, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro, demonstrou que, prestes a completar um mês sob o comando de Filipe Luís, o time já tem a “cara do treinador”. Ao chegar para substituir Tite, o ex-lateral-esquerdo prometeu uma equipe ofensiva, em busca do gol a todo instante, mesmo que isso fosse fazer o rubro-negro correr riscos por tal característica. E o jogo contra o Internacional representou bem isso. Ainda assim, é inegável que o empate em 1 a 1, com o gol sofrido no fim do segundo tempo, deixa um gosto amargo no torcedor rubro-negro. Alcaraz abriu o placar, ainda na etapa inicial.

Finalmente com o mesmo número de jogos dos outros concorrentes do topo da tabela — o confronto foi pela 17ª rodada — o Flamengo chegou aos 55 pontos e permaneceu na quarta colocação. Por mais que tenha freado o ímpeto gaúcho — com uma sequência invicta que agora dura 12 partidas, o Internacional continua em quinto (53) —, o rubro-negro segue longe da disputa pelo título brasileiro. Agora são nove pontos para o líder Botafogo, que tem 64.

Lado positivo

Por outro lado, um motivo para o Flamengo comemorar é o fato de Filipe Luís ter conseguido descansar quase metade do time que será titular no domingo, contra o Atlético-MG, no Maracanã, na partida de ida da final da Copa do Brasil.

Suspensos, Léo Pereira e Arrascaeta deram lugar a Fabrício Bruno e Alcaraz, respectivamente. O camisa 37 cobrou bem o pênalti infantil cometido por Thiago Maia, ex-Flamengo, e colocou o rubro-negro na frente já nos acréscimos do primeiro tempo. Curioso é que, momentos antes da batida, quando Gerson segurava a bola, o capitão e Bruno Henrique conversaram e concordaram em deixar o argentino bater.

Além da dupla, Wesley e o centroavante Gabigol até foram relacionados, mas permaneceram no banco de reservas. Varela foi o escolhido na lateral direita, enquanto Bruno Henrique, que cumprirá suspensão no domingo — foi expulso na semifinal contra o Corinthians —, atuou no comando do ataque.

Ainda assim, a verdade é que os destaques do Flamengo foram os jogadores que devem ser titulares no domingo e que terminaram a partida no Beira-Rio cansados — a exceção é Pulgar, que foi bem, mas também cumprirá suspensão na Copa do Brasil. Gerson e Evertton Araújo, por exemplo, foram ao chão assim que ouviram o apito final. O jovem volante, inclusive, em nítido sinal do desgaste, prendeu demais a bola aos 43 minutos do segundo tempo e foi desarmado por Alan Patrick. O camisa 10 tocou para Wanderson, que acionou Enner Valencia. Nas costas de Fabrício Bruno, o equatoriano aproveitou a bobeada rubro-negra e marcou o gol de empate.

Sequência de erros

Por mais marcante que seja, a falha não comprometeu por total a boa atuação de Evertton. Por outro lado, expôs Filipe Luís, que demorou demais para mexer e viu o Flamengo ser dominado pelo Internacional, após ser superior no primeiro tempo (60 a 40% em posse de bola e 8 a 5 em chutes). Retrato disso é que, mesmo tendo menos a bola (53 a 47%) e menos finalizações (13 a 4) na segunda etapa, o treinador só realizou substituições no setor ofensivo. A estratégia se mostrou equivocada.

— Foi um grande jogo. A pressão do Inter funcionou bem, (mas) fizemos um grande primeiro tempo. Minha opção por fazer poucas trocas foi por ser um jogo muito físico. Acreditava que, com as trocas, baixaria um pouco o nível, porque era um jogo difícil de entrar — explicou o treinador.

Fonte: O Globo