Análise: em ritmo de treino, Flamengo afia artilharia e apresenta cardápio saboroso para temporada

Jorge Jesus já deixou claro: o Carioca faz parte da pré-temporada do Flamengo. Discurso colocado em prática com autoridade diante do Madureira. A vitória por 2 a 0 teve cara de treino. Um treino intensivo como é exigência do português, mas treino onde só o Rubro-Negro jogou e teve liberdade para testar suas opções ofensivas e defensivas.

O duelo da noite de sábado com comoção pelo um ano da tragédia no Ninho do Urubu foi ainda mais dominante por parte do Flamengo do que no 3 a 1 sobre o Resende. O Tricolor Suburbano estacionou o ônibus a frente da área e praticamente não encaixou contragolpes. Foi um chute em cada etapa para defesas de Diego Alves (só um com perigo).

Pedro comemora gol do Flamengo com a tradicional reverência — Foto: André Durão

Pedro comemora gol do Flamengo com a tradicional reverência — Foto: André Durão

Sendo assim, Jorge Jesus teve 90 minutos (ou 93 como ele fez questão de frisar) para trabalhar variações ofensivas, ações que ditam o desgaste do adversário e ajuste na saída de bola com uma dupla de zaga nova. Podemos dizer que tudo deu certo.

A vitória não foi mais elástica porque Gabigol perdeu gols que não está acostumado a perder no primeiro tempo. O Flamengo encurralou o Madureira e voltou a mostrar inteligência para encontrar espaços mesmo com um rival quase todo dentro da área.

Gabigol comemora o primeiro diante do Madureira — Foto: André Durão - GloboEsporte.com

Gabigol comemora o primeiro diante do Madureira — Foto: André Durão - GloboEsporte.com

Da mesma maneira que fez contra o Resende, os lados do campo foram as melhores alternativas. Se Everton Ribeiro e Rafinha abriram caminhos pela direita no meio da semana, Arrascaeta e Renê foram responsáveis pela melhores jogadas pelo lado esquerdo no sábado.

Quando não conseguia criar chances claras, o Flamengo balançava o jogo de um lado para o outro, fazendo o Madureira cansar no clima abafado do Rio de Janeiro. Deu certo.

Lá atrás, Léo Pereira deixava evidente a maior aptidão para o estilo de jogo do Mister, acelerava as saídas de bola com passes precisos, verticais, e avançava no posicionamento em campo. Largou na frente na disputa com Gustavo Henrique por um lugar ao lado do intocável Rodrigo Caio.

Homenagem a garotos do Ninho em Flamengo x Madureira — Foto: André Durão

Homenagem a garotos do Ninho em Flamengo x Madureira — Foto: André Durão

Com o Madureira desgastado, Jesus fez o sinal de baixinho com as mãos e chamou a correria de Michael. O reforço já ouvia instruções de João de Deus quando Gabigol não perdoou. Dessa vez, o avanço foi pela direita, com Rafinha, e teve participação de Bruno Henrique até a torcida levantar a plaquinha do gol do artilheiro.

Jorge Jesus repetiu as alterações e deu mostras de que a variação com as entradas de Michael e Pedro será uma constante em 2020. Pedro e Gabriel centralizam, Michael e Bruno Henrique abrem. E o Flamengo ganha poder de fogo.

As jogada pelas laterais para furar retrancas vão além de bolas levantas. São triangulações, passes rasteiros, e gols. Em dois jogos, são cinco. Cartão de visitas de um Flamengo que segue treinando, segue se ajustando. Mesmo valendo três pontos.

Fonte: Globo Esporte