Análise: Eliminação do Flamengo na Libertadores escancara falta de repertório do time de Tite

Por mais que o Flamengo ainda tenha chances de conquistar um título em 2024, já que está na semifinal da Copa do Brasil, a eliminação do time na Libertadores com o empate em 0 a 0 com o Peñarol, ontem, em Montevidéu, deixa no clube a sensação de que a temporada foi por água abaixo pelo segundo ano consecutivo. Com um dos elencos mais caros e robustos do país, o rubro-negro não convenceu em nenhum momento ao longo da competição, o que é comprovado pelo aproveitamento de apenas 46,6%.

Sem vencer um jogo fora de casa neste que é o principal torneio da América do Sul desde 2022, o Flamengo chegou até as quartas de final por conta das vitórias que conquistou no Maracanã. Mas como a equipe foi derrotada pelo Peñarol em casa no jogo de ida por 1 a 0, surgiu a necessidade do time apresentar um algo a mais do que vinha fazendo nas questões técnicas, táticas e anímicas. Não passou perto de acontecer.

Cobranças chegarão

Cada vez mais pressionado, Tite até chegou a prometer que a equipe marcaria um gol no Uruguai. “Me cobrem”, disse ele. Mas a tentativa do experiente treinador de 63 anos de conseguir o apoio dos torcedores saiu como um tiro pela culatra. A pressão, que já não era pouca, certamente aumentará — assim como os pedidos pela saída do treinador, algo que, até o momento, não é cogitada pela direção.

— Não sou futurista. Não foi uma promessa, mas projetei e trouxe a responsabilidade para mim, sim. Mas não aconteceu — explicou Tite.

Até porque, mesmo com todos os titulares descansados, já que foram poupados da partida contra o Grêmio, no fim de semana, o Flamengo não conseguiu apresentar absolutamente nada de diferente do que apresentou quando foi derrotado no Maracanã. A única alteração na equipe que começou a partida foi a clamada entrada de Léo Ortiz na vaga de Pulgar, mas isso não foi o suficiente para fazer o rubro-negro levar perigo de fato ao gol do Peñarol.

Um retrato disso é que os 74% de posse de bola do Flamengo foram convertidos em apenas duas defesas do goleiro Aguerre, todas tranquilas. Dentro disso, embora a equipe tenha passado uma impressão inicial de que conseguiria se adaptar sem o artilheiro Pedro, a verdade é que Tite não encontrou uma forma de jogar sem o centroavante.

— A equipe estava estruturada para jogar em volta do Pedro, e essa estrutura ofensiva se perdeu. Tentamos com o BH, o retorno do Gabi, o Carlinhos, mas o produto final não foi como deveria ter sido — ponderou Tite.

Na impossibilidade de fazer um jogo mais direto, o rubro-negro focou nas pontas e abusou dos cruzamentos. Foram 34, mas apenas dez corretos. Num deles saiu uma das duas finalizações ao gol, em cabeceio de Gonzalo Plata logo no primeiro minuto. De resto, a tônica da partida foi de um Fla que teve a bola, mas de forma improdutiva. Ao Peñarol, restou se defender e esperar o tempo passar para ir à semifinal, onde pegará o Botafogo.

Fonte: O Globo